101542 - Perspectivas outras de se pensar as “deficiências” - contribuições teórico-metodológicas. |
Período da turma: | 24/06/2021 a 05/08/2021
|
||||
|
|||||
Descrição: | Objetivos: A presente disciplina ao problematizar a compreensão das “deficiências” como fenômeno científico intenciona propiciar contribuições teórico-metodológicas para estudos e pesquisas a partir de uma perspectiva historiográfica genealógica, dos estudos foucaultianos, das ciências sociais e da antropologia.
Justificativa: Enquadramentos, definições, categorizações, entre tantas outras formas de se estabelecer parâmetros e delimitações ao se nomear as múltiplas formas da experiência humana, nortearam e norteiam a produção científica e teórica do conceito de “deficiências”. Esse conceito, historicamente formulado no interior dos saberes médicos, vinculando-se como uma das expressões empregadas às situações que remetem às “anormalidades”, desassociou-se, substantivamente, das mais diversas e diferentes situações sociais, econômicas, políticas e culturais, das pessoas nele identificadas. Críticas a essa formulação - e às consequências derivadas na vida concreta e nos cotidianos das pessoas aí enquadradas, em decorrência das produções discursivas que são interiorizadas na formulação de ações e práticas de atenção às demandas dessas “anormalidades” - buscaram ressignificar tal conceito e problematizá-lo como produto dos vínculos estabelecidos na e com as relações sociais. De certa forma, o processo exposto acima, de maneira extremamente resumida, tem adquirido expressividade nas produções acadêmicas, nas políticas públicas e em movimentos sociais. A disputa de narrativas têm se centrado na aderência à formulação binária entre o que se compreende como modelo biomédico e modelo social, no entanto, diferentes campos de conhecimento e perspectivas epistemológicas têm, de forma ainda muito diferenciada de apropriação e produção de novos debates, tomado as “situações de deficiências” como objeto de seus estudos ou subsidiado formas de compreendê-las em pesquisas nas quais as mesmas estejam presentes, estes podem provocar outras contingências epistêmicas e metodológicas que venham, justamente, corroborar no interior destas produções. A presente disciplina pretende, portanto, problematizar a compreensão das “deficiências” como fenômeno científico, a partir de uma perspectiva teórica historiográfica genealógica, dos estudos foucaultianos, das ciências sociais e da antropologia. Particularmente, intenciona subsidiar e fomentar estudos que tenham a educação, a escolarização e propostas de atenção diferenciadas como objeto de seus estudos, assim como contribuir para o fortalecimento dos objetivos da área da pós-graduação, a qual se filia, ao proporcionar um diálogo interdisciplinar e de transversalidade que colabore para se compreender e qualificar pesquisas que tomem as diferenças, as deficiências e as desigualdades como seus objetos de estudos em intersecção com a educação. Referências: ABBERLEY, Paul. The concept of oppression and the development of social theory of disability. Disability & Society, v. 2, n.1, 1987. BENEDICT, Ruth. Anthropology and the abnormal. Journal of General Psychology, 10, pp. 59-82, 1934. CANGUILHEM, Georges. Do Social ao Vital. In: CANGUILHEM, Georges. O Normal e o Patológico. Rio de Janeiro: Editora Forense Universitária, 1978. p. 209 – 261. CROW, Liz. Including all of our lives: reviewing the Social Model of Disability. In: BARNES, Colin; MENCER, Geof (orgs). Exploring the divide: illness and disability. Leeds: Disability Press, 1996. DIAS, Adriana. Pensar a deficiência, algumas notas, e se me permitem um convite. In: ALLEBRANDT, Débora; MEINERZ, Nádia Elisa; e NASCIMENTO, Pedro Guedes (orgs.). Desigualdades e políticas da ciência. Florianópolis, Casa Verde, 2O2O. pp. 163-200. DINIZ, Débora. O que é deficiência. São Paulo: Brasiliense, 2007. FONSECA, Márcio Alves da. Entre monstros, onanistas e incorrigíveis: as noções de “normal” nos Cursos de Michel Foucault no Collège de France. In: RAGO, Margareth; ORLANDI, Luiz B. Lacerda; VEIGA-NETO, Alfredo (Org.). Imagens de Foucault e Deleuze: ressonâncias nietzschianas. DP&A: Rio de Janeiro, 2005. p. 239-253. FOUCAULT, Michel. Os Corpos Dóceis. Em FOUCAULT, Michel. In: Vigiar e Punir. Petrópolis: Editora Vozes, 1977. p. 125- 152. FOUCAULT, Michel. Aula de 16 de janeiro de 1974. In: FOUCAULT, Michel. O Poder Psiquiátrico. São Paulo: Martins Fontes, 2006. p. 255- 283. FOUCAULT, Michel. Aula de 22 de janeiro de 1975. In: FOUCAULT, Michel. Os Anormais. São Paulo: Martins Fontes, 2001. FOUCAULT, Michel. Aula de 25 de janeiro de 1978. In: FOUCAULT, Michel. Segurança, Território e População. São Paulo: Martins Fontes, 2008, p. 73-116. FOUCAULT, Michel. Nietzsche, a Genealogia e a História. In: FOUCAULT, Michel: Microfísica do Poder. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979, 15ª ed., p.15 -37. FOUCAULT, Michel. Os anormais. In: FOUCAULT, Michel. Resumo dos Cursos do Collège de France (1970-1982). Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1987. p. 59.67 FROHLICH, Raquel; LOPES, Maura Corcini. Serviços de apoio à inclusão escolar e a constituição de normalidades diferenciais. Revista Educação Especial, v. 31, p. 995-1008, 2018. GINSBURG, Faye & RAPP, Rayna. Disability Worlds. Annual Review of Anthropology, 42, p. 53–68, 2013. HARAWAY, Donna. Saberes localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Cadernos Pagu, n. 5, pp. 7-41, [1988] 1995. HERTZ, Robert. A proeminência da mão direita: um estudo sobre a polaridade religiosa. Religião e Sociedade, v.06, [1909] 1980. LOBO, Lilia Ferreira. Os Infames da História: Pobres Escravos e Deficientes no Brasil, Rio de Janeiro, Editora Lamparina, 2015, 2ª Edição, p.13-21. LOPES, Maura Corcini; MORGENSTERN, Juliane Marschall. Inclusão como matriz de experiência. Pro-Posições, v. 25, n. 2, p. 177-193, maio/ago. 2014. LOPES, Pedro. Capítulo 1. Deficiência na teoria – Marcadores sociais da diferença e interseccionalidade. In: Deficiência na Cabeça: percursos entre diferença, síndrome de Down e a perspectiva antropológica. São Paulo, tese de doutorado, USP, 2020. MAUSS, Marcel. As técnicas do corpo. In: Sociologia e Antropologia. São Paulo, Cosac Naify, [1935] 2003. pp. 399-422. MAUSS, Marcel. Uma categoria do espírito humano: a noção de pessoa, a de “eu”. In: Sociologia e Antropologia. São Paulo, Cosac Naify, [1938] 2003. p. 367-398. MELLO, Anahí Guedes de. Olhar, (não) ouvir, escrever: uma autoetnografia ciborgue. Florianópolis, tese de doutorado, UFSC, 2019. PEIRANO, Mariza. Etnografia não é método. Horizontes Antropológicos, v. 20, n. 42, p. 377-391, 2014 RAGO, Margareth. Libertar a História. In: RAGO, Margareth; ORLANDI, Luiz B. Lacerda; VEIGA-NETO, Alfredo (Org.). Imagens de Foucault e Deleuze: ressonâncias nietzschianas. DP&A: Rio de Janeiro, 2005. p. 255-272. RALPH, Lawrence. What Wounds Enable: The Politics of Disability and Violence in Chicago. Disability Studies Quarterly, v.32, n.3, 2012. RIOS, Clarice; MEINERZ, Nádia; e PEREIRA, Éverton Luís. Apresentação: Perspectivas antropológicas sobre deficiência no Brasil. Anuário Antropológico, I, pp. 29-42, 2019. SHAKESPEARE, Tom. Cultural representation of disabled people: dustbin for disavowal. In: BARTON, Len; OLIVER, Mike. Disability Studies: past, present and future. Leeds: Disability Press, 1997. SIMÕES, Julian. “A gente que está aqui é diferente”: notas etnográficas sobre deficiência intelectual numa APAE do interior de São Paulo-BR. Teoria e Cultura, vol.11, n.3, 2017. UPIAS: The Union of the Physically Impaired Against Segregation. Fundamental principles of disability. London: UPIAS, 1976. VEIGA-NETO, Alfredo; LOPES, Maura Corcini. Há teoria e método em Michel Foucault? Implicações educacionais. In: Sônia Maria Clareto; Anderson Ferrari. (Org.). Foucault, Deleuze & Educação. 2ed. Juiz de Fora: UFJF, 2013, v. 1, p. 105-122. VEYNE, Paul. Foucault Revoluciona a História. In: VEYNE, Paul. Como Se Escreve a História. Brasília: Editora UNB, 1982. |
||||
Carga Horária: |
60 horas |
||||
Tipo: | Obrigatória | ||||
Vagas oferecidas: | 15 | ||||
Ministrantes: |
Shirley Silva |
voltar |
Créditos © 1999 - 2024 - Superintendência de Tecnologia da Informação/USP |