Atividade

105376 - Fósseis da Bacia do Araripe

Data da turma: 29/01/2022

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Descrição: Este curso de difusão, destinado aos professores de ensinos Fundamental e Médio, visa à divulgação de uma grande área específica das Geociências, a Paleontologia. No território brasileiro há cerca de três dezenas de bacias sedimentares (p. ex. bacias de Marajó, Parnaíba, Araripe, São Francisco, Paraná, Taubaté etc.), entretanto, uma delas, a Bacia do Araripe, se destaca pela quantidade de fósseis e pela qualidade de preservação. Esta bacia sedimentar possui restos de diferentes tipos de organismos, entre vegetais e animais, que datam do Cretáceo (período compreendido entre 145 e 66 milhões de anos atrás). Estes fósseis compõem um rico patrimônio geológico nacional e mundial.
O curso será oferecido de forma a contextualizar o público com a escala de tempo geológico, aspectos paleogeográficos dos períodos geológicos, com ênfase também para o aspecto paleoambiental do Cretáceo, período no qual viveram os hoje fósseis da Formação Santana. Adicionalmente, serão apresentados conceitos como bacia sedimentar e fósseis, direcionando o tópico para o assunto específico da Bacia do Araripe. O curso possui um período dedicado para que os alunos façam atividades de leitura e assistam dois vídeos. O intuito é que se familiarizem com o conteúdo que será abordado e já levantes dúvidas a serem discutidas ao longo do curso. Foi criada uma sala do Google Classroom (https://classroom.google.com/c/NDQwMTA3NjU1NTA2?cjc=tzqurag) na qual já há material disponível. Até a data de execução do curso, o conteúdo poderá ser alterado.
Os tópicos que serão abordados compreendem:
(1) Era Mesozoica: Esta era geológica compreende o período Cretáceo, cujo contexto paleogeográfico/paleoclimático é um importante componente para o tipo de preservação presente na Formação Santana. Assim, serão apresentados brevemente aspectos paleogeográficos do Cretáceo e as extinções que delimitam esta era geológica.
(2) conceitos gerais: escala de tempo geológico, o que é sedimento, bacia sedimentar e fósseis;
(3) Localização geográfica da Bacia do Araripe e seu contexto geológico:
A Bacia do Araripe está localizada no nordeste do Brasil, entre os estados do Ceará, Pernambuco e Piauí, e é delimitada pelas coordenadas geográficas 07° 00` e 08° 00` de Latitude Sul, e 38° 30` e 41º 00` de Longitude Oeste (CHAGAS, 2006), cuja origem possui relação com a fragmentação do paleocontinente Gondwana e a abertura do Oceano Atlântico Sul (MATOS, 1992).
Esta bacia possui cerca de 8.000 km2 de área e 1.900 m de espessura. é composta por oito formações geológicas (sensu ASSINE, 2007), a saber: Cariri, Brejo Santo, Missão Velha, Abaiara, Barbalha, Santana, Araripina e Exu. Destas, a Formação Santana, de idade eocretácica (Aptiano-Albiano), é a mais fossilífera. A Formação Santana compreende os membros Crato e Romualdo.
O Membro Crato é uma seção pelítico-carbonática na qual há bancos de arenitos finos siltosos de espessura decimétrica e estratificações horizontais, intercalados com folhelhos cinza-esverdeados (CHAGAS, 2006). No topo deste membro estão as “Camadas Ipubi”, evaporitos de pouca variabilidade química. Nesse membro, ocorrem crustáceos, aracnídeos, macrófitas, fungos, peixes, anuros e pterossauros (MARTILL et al., 2007).
O Membro Romualdo, acima das Camadas Ipubi, é uma sucessão de folhelhos, arenitos e carbonatos, cujas estruturas sedimentares indicam retrabalhamento por ondas. São abundantes as concreções carbonáticas, usualmente fossilíferas, com ocorrência em meio à fácies de folhelhos calcíferos esverdeados. Dentre os fósseis, compostos por crustáceos, vegetais e diversificados vertebrados, estão os peixes, com 30 espécies formalmente descritas, dentre peixes cartilaginosos e ósseos (POLCK et al., 2015).
(4) tipo de fossilização;
A fossilização compreende um conjunto de processos. Estes processos transformam um resto ou vestígio de organismos em fóssil. Mais comumente são preservadas as partes duras (esqueléticas) do organismo, como concha, osso ou espícula. No caso dos fósseis da Formação Santana, ocorre a preservação das partes duras e, mais raramente, também das partes moles (tecidos menos resistentes, como músculos e tendões).
A quantidade dos fósseis de peixes preservados na Formação Santana é atribuída a uma conjunção de fatores, como por exemplo eventos de mortalidade originados por flutuação de salinidade na água, em função das mudanças de nível do mar e alteração de quantidade de oxigênio dissolvido na água, em função do aumento da atividade microbiana.
A qualidade da preservação dos peixes fósseis pode ser explicada, dentre outros fatores, pela rápida formação de concreções calcárias. A condição necessária seria o ambiente hipersalino saturado por carbonatos e cálcio, de modo que a geração da matriz calcária ocorreria com mais rapidez que a deposição da rocha hospedeira, impedindo a decomposição dos restos dos organismos, mantendo a forma tridimensional dos mesmos quando fossilizados. Assim, os fatores que podem ter contribuído para a quantidade e qualidade dos fósseis preservados são: abundância de fauna, mortandades episódicas, ambiente calmo, soterramento rápido, ausência de seres detritívoros, ausência de pressão suficiente para comprimir os cadáveres caídos no fundo subaquoso (MARTILL 1989, 1990, 1994).
(5) Diversidade de fósseis da Formação Santana;
Uma forma de organizar a diversidade dos organismos, incluindo os peixes, é através do Código Internacional de Nomenclatura Zoológica. Este é um sistema de nomes aplicados aos táxons animais. O objetivo é que cada táxon possua um nome único, distinto, estável e universal. Este sistema compreende categorias nas quais cada indivíduo é classificado. As categorias principais são reino, filo, classe, ordem, família, gênero e espécie (PAPAVERO, 1994)
A Formação Santana compreende invertebrados e vertebrados que serão brevemente apresentados através de fotos de diferentes coleções científicas, de modo que o participante compreenda a diversidade de peixes da Formação Santana.
(6) Preparação de peixes
Serão apresentadas as técnicas de preparação mais comumente utilizadas para a preparação dos peixes fósseis. Para aqueles de calcário laminado, a preparação mecânica oferece bons resultados. Para os peixes de concreção calcária, a preparação mecânica aliada à preparação química, com ácido acético, traz resultados mais satisfatórios.

Bibliografia

ASSINE, M. L. Bacia do Araripe, Boletim Geociências Petrobrás, v. 15, p. 371-389, 2007.
CHAGAS, M. L. Litoestratigrafia da Bacia do Araripe: reavaliação e propostas para revisão. 2006. 127 f. Dissertação (Mestrado em Geociências). Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2006.
MARTILL, D. M. The Medusa effect: instantaneous fossilization, Geology Today, v. 5, n. 6, p. 201-205, 1989.
MARTILL, D. M. Macromolecular resolution of fossilized muscle tissue from an elopomorph fish, Nature, v. 346, p. 171-172, 1990.
MARTILL, D. M. La fossilization instantanée, La Recherche, v. 269, n. 25, p. 996-1002, 1994.
MARTILL, D.M., BECHLY, G., LOVERIDGE, R.F. The Crato Fossil Beds of Brazil: Window into an Ancient World. New York: Cambridge University Press, 2007. 675p.
MATOS, R. M. D. The Northeast Brazilian Rift System. Tectonics, v. 11, n. 4, p. 766-791, 1992.
PAPAVERO, N. (Org.). Fundamentos práticos de taxonomia zoológica. 2ª edição. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 1994. 286p.
POLCK, M. A. R. et al. Guia de identificação de peixes fósseis das formações Crato e Santana da Bacia do Araripe. Rio de Janeiro: CPRM, 2015. 72p.

Carga Horária:

4 horas
Tipo: Obrigatória
Vagas oferecidas: 25
 
Ministrantes: Cibele Gasparelo Voltani


 
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