107821 - Cursos de inverno da FFLCH 2022 - Movimento negro brasileiro contemporâneo: pautas, desafios e perspectivas |
Período da turma: | 09/08/2022 a 19/08/2022
|
||||
|
|||||
Descrição: | 09/08 - Terça Feira
Movimento Negro Brasileiro: da década de 1970 aos dias atuais A primeira aula do curso tem como objetivo oferecer um panorama sobre o que se constitiu o movimento negro contemporaneo, partindo dos anos 70 e percorrendo suas pautas, histórias, atores, conquistas e reinvidicações até os dias atuais. Neste momento, procura-se conceitualizar o que é o movimento negro brasileiro e suas relações com os partidos políticos, movimentos sociais, instituições e sociedade. 12/08 - Sexta Feira Processos de Racialização e o Enigma do Pardo A segunda aula irá abordar a questão dos beneficiários das ações afirmativas com recorte étnico-racial. Discutiremos a criação de comissões de heteroidentidicação para validar a autodeclaração racial de candidatos(as) aprovados(as) nas seleções das universidades, o que tem sido alvo de debates a respeito do sentido de raça e discriminação racial. Assim, analisaremos os dissensos e consensos ao redor dos beneficiários "pardos" e a longa trajetória que o movimento negro percorreu para construir um projeto racial de aglutinação de “pretos” e “pardos” na categoria “negros”. 16/08 - Terça Feira Ações afirmativas na Graduação e Pós-Graduação A terceira aula tem como objetivo apresentar um panorama geral das ações afirmativas no ensino superior (graduação e pós-graduação) e abordar a participação do movimento negro em todo esse processo. A despeito de ser usualmente associada à reserva de vagas ou cotas, a ação afirmativa é conceituada de forma ampla pela literatura, podendo referir-se a uma série de políticas e iniciativas que promovem benefícios do bem-estar social e de direitos aos mais variados grupos sociais que são ou foram objeto de discriminação. Assim, abordaremos os principais conceitos, as modalidades de ação afirmativa, os argumentos favoráveis e contrários, bem como aspectos legais e constitucionais. 19/08 - Encarceramento e Violência Policial A quarta e última aula do curso visa apresentar um panorama sobre o encarceramento e a violência policial no Brasil, assim como a relação do movimento negro com ambas questões. Para isso, iremos apresentar as duas problemáticas em aula, passando pelos principais pontos de discussão no âmbito da Sociologia da Punição, como: seletividade penal, superlotação de prisões, assassinatos de civis por policiais, filtragem racial etc. Em seguida seguiremos para as discussões realizadas pelo movimento negro brasileiro a respeito do encarceramento e das polícias brasileiras. Objetivos Gerais: A primeira parte do curso será uma conceitualização sobre o que é movimento negro, apresentando um panorama histórico e sociológico sobre esse ator. Nessa parte, o foco está em abordar as principais pautas e desafios que o movimento enfrentou desde final dos anos 70, passando pela redemocratização e chegando até os dias atuais. A segunda parte abordará a temática de cotas e ações afirmativas no Brasil, discutindo a avaliação da lei que ocorrerá em 2022 e os benefícios e problemáticas de tal questão. Nesta parte, procura-se colocar como a pauta da educação e das cotas é um dos temas centrais para o movimento negro. A terceira parte do curso se debruçará sobre a temática da violência e do racismo no Brasil, tendo como foco as movimentações do movimento negro em torno da questão e os principais pontos e problemas da violência policial e encarceramento. Ao final, será feito um debate, procurando unir os debates trazidos, focando em olhar para as perspectivas futuras desse ativismo e de suas pautas. Conteúdo: Apresentação do Movimento Negro Brasileiro desde a década de 70 até a atualidade Principais pautas do Movimento Negro historicamente Discussão sobre ações afirmativas e acesso ao ensino superior Cotas nas universidades e quem é contemplado por elas Problemática do encarceramento no Brasil Violência policial e racial no Brasil Bibliografia: ● Movimento Negro ALONSO, Angela. As teorias dos movimentos sociais: um balanço do debate. Lua Nova: Revista de Cultura e Política [online]. 2009. CARDOSO, Hamilton. Limites do confronto racial e aspectos da experiência negra no Brasil. In: SADER, Emir (Org.). Movimentos sociais na transição democrática. São Paulo: Cortez, 1987. DOMINGUES, Petrônio. Movimento negro brasileiro: alguns apontamentos históricos. Tempo, v. 12, n. 23, p. 100-122, 2007. GONZALEZ, Lélia. O movimento negro na última década. In: ______; HASENBALG, Carlos (Orgs.). Lugar de negro. Rio de Janeiro: Marco Zero, 1982. negro contemporâneo no Brasil . Niterói: UFF, 2010. PEREIRA, Amilcar Araújo. O mundo negro : relações raciais e a constituição do movimento RIOS, Flávia M. Elite Negra no Brasil. 2014. Tese de Doutorado. Tese (Doutorado). Departamento de Sociologia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo. RIOS, Flávia Matheus. Movimento negro brasileiro nas Ciências Sociais (1950-2000). Sociedade e Cultura, 12(2), 2009. RIOS, Flavia. Elite política negra no Brasil: relação entre movimento social, partidos políticos e Estado. São Paulo: FFLCH-USP, 2014. Tese de doutorado. ● Ações Afirmativas DAFLON, Verônica Toste; CARVALHAES, Flávio; FERES JÚNIOR, João. Sentindo na Pele: Percepções de Discriminação Cotidiana de Pretos e Pardos no Brasil. DADOS – Revista de Ciências Sociais, v. 60, n. 2, p. 293–330, 2017. FERES JUNIOR, João et al. Ação afirmativa: conceito, história e debates. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2018. Disponível em: GUIMARÃES, Antônio Sérgio Alfredo. Políticas públicas para a ascensão dos negros no Brasil: argumentando pela ação afirmativa. Afro-Ásia, v. 0, n. 18, p. 235–261, 24 jan. 1996. Disponível em: LIMA, Márcia, Desigualdades raciais e políticas públicas: ações afirmativas no governo Lula. Novos estudos CEBRAP, n. 87, pp. 77-95, 2010. MOEHLECKE, Sabrina. Ação afirmativa: História e debates no Brasil. Cadernos de Pesquisa, n. 117, p. 197–217, nov. 2002. Disponível em: SILVA, Graziella Moraes D.; LEÃO, Luciana T. de Souza. O paradoxo da mistura: identidades, desigualdades e percepção de discriminação entre brasileiros pardos. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 27, n. 80, p. 117–133, out. 2012. VENTURINI, Anna Carolina. Políticas de inclusão na pós-graduação: os bastidores e o histórico da edição da Portaria Normativa 13/2016. Novos Estudos - CEBRAP, v. 40, n. 02, p. 261–279, 2021 VENTURINI, Anna Carolina; FERES JÚNIOR, João. Política de ação afirmativa na pós-graduação: o caso das universidades públicas. Cadernos de Pesquisa, 50(177), 882–909, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1590/198053147491 ● Processos de racialização e o enigma do pardo CAMPOS, Luiz Augusto. "O pardo como dilema político." Insight Inteligência 62 (2013): 80-91. DAFLON, Verônica Toste. Tão longe, tão perto: pretos e pardos e o enigma racial brasileiro. Tese de Doutorado. Instituto de Estudos Sociais e Políticos, Rio de Janeiro, 2014. FRY, Peter. A persistência da raça: ensaios antropológicos sobre o Brasil e a África Austral. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005 GONZALEZ, Lélia; HASENBALG, Carlos Alfredo. Lugar de negro. Editora Marco Zero, 1982. LIMA, Márcia e CAMPOS, Luiz Augusto. APRESENTAÇÃO: INCLUSÃO RACIAL NO ENSINO SUPERIOR Impactos, consequências e desafios. Novos estudos CEBRAP [online]. 2020, v. 39, n. 2, pp. 245-254. LIMA, Márcia; PRATES, Ian. Desigualdades raciais no Brasil: um desafio persistente. Trajetórias das desigualdades: como o Brasil mudou nos últimos cinquenta anos. São Paulo, SP: Editora Unesp, p. 163-189, 2015. MUNANGA, Kabengele. Rediscutindo a mestiçagem no Brasil: identidade nacional versus identidade negra. Autêntica Editora, 2019. NEVES, Paulo Sérgio da C. Luta anti-racista: entre reconhecimento e redistribuição; Ver. Bras. Ci. Soc. [conectados]. 2005, v.20, n.59 pp.8-96. Disponível em: 21/10/2021. Oliveira e Oliveira, Eduardo (1974) “Mulato, um obstáculo epistemológico”. Argumento, vol.1, n.3, pp. 65-73. SCHWARCZ, Lilia Moritz. O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, p. 99-133, 1993. SILVA, ANA CLAUDIA CRUZ DA et al. AÇÕES AFIRMATIVAS E FORMAS DE ACESSO NO ENSINO SUPERIOR PÚBLICO: O caso das comissões de heteroidentificação. Novos estudos CEBRAP, v. 39, p. 329-347, 2020. SILVA, Graziella; LEÃO, Luciana. O Paradoxo da Mistura: Identidades, Desigualdades e Percepção de Discriminação Entre Brasileiros Pardos. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 27, n. 80, p. p.117-133, 2012. Silva, Marcelle Barreto Felix da (2021). “Classificação racial: entre o cotidiano e o oficial). 45º Encontro Anual da Anpocs 2021. ● Encarceramento e violência policial ALEXANDER, Michelle. A nova segregação. Boitempo Editorial, 2018. BORGES, Juliana. Encarceramento em massa. Pólen Produção Editorial LTDA, 2019. BRASIL, Presidência da República. Mapa do encarceramento: os jovens do Brasil. Brasília, Presidência da República, Secretaria-Geral da Presidência da República, Secretaria Nacional de Juventude, Ministério da Justiça, 2015. DAVIS, Angela. Estarão as prisões obsoletas?. Editora Bertrand Brasil, 2018. EILBAUM, Lucia; SANTOS, Flavia Medeiros. Quando existe 'violência policial'? Direitos, moralidades e ordem pública no Rio de Janeiro. Revista Dilemas IFCS-UFRJ, v. 8, p. 407-428, 2015. FELTRAN, G. de S. Trabalhadores e bandidos: categorias de nomeação, significados políticos. Tematicas, Campinas, SP, v. 15, n. 30, p. 11–50, 2007. GONZALEZ, Lélia. Por um feminismo afro-latino-americano. Editora Schwarcz-Companhia das Letras, 2020. MATTOS, Geísa. Flagrantes de racismo: imagens da violência policial e as conexões entre o ativismo no Brasil e nos Estados. Revista de Ciências Sociais: RCS, v. 48, n. 2, p. 185-217, 2017. MOURA, Clóvis. O racismo como arma ideológica de dominação. Revista Princípios, São Paulo, n. 34, pp. 28-43, 1994. SINHORETTO, Jacqueline; SILVESTRE, Giane; MELO, Felipe Athayde Lins de. O encarceramento em massa em São Paulo. Tempo social, v. 25, p. 83-106, 2013. SINHORETTO, Jacqueline; et al. A filtragem racial na seleção policial de suspeitos: segurança pública e relações raciais. In: LIMA, Cristiane S. L.; BAPTISTA, Gustavo C.; FIGUEIREDO, Isabel S. de (org.). Segurança pública e direitos humanos: temas transversais. Brasília: Ministério da Justiça, 2014. TELLES, Vera da Silva et al. Combatendo o encarceramento em massa, lutando pela vida. Caderno CRH, v. 33, 2020. |
||||
Carga Horária: |
12 horas |
||||
Tipo: | Obrigatória | ||||
Vagas oferecidas: | 90 | ||||
Ministrantes: |
Anna Carolina Venturini Fernanda Reis Nunes Pereira Huri Henrique Paz da Costa Matheus Henrique Hilário dos Santos Fagundes |
voltar |
Créditos © 1999 - 2024 - Superintendência de Tecnologia da Informação/USP |