107862 - Cursos de inverno da FFLCH 2022 - Arte urgente e insurreições estéticas: Arthur Danto e Jacques Rancière |
Período da turma: | 04/08/2022 a 01/09/2022
|
||||
|
|||||
Descrição: | Programa:
Parte I Aula I: “Quando a beleza se torna ofensiva”: Arte política segundo Arthur Danto. 1. Ativismo estético: Rodney King e a ferida aberta da América em curadorias de vanguarda; Paul MacCarthy, Barbara Krueger, Adrian Piper; Sue Willians, Cindy Shermann. Contrapontos possíveis na arte brasileira. 2. Dada, neovanguarda, arte abjeta e implicação moral; O estigma da ‘estética’ e a inversão radical do gosto (do belo ao repulsivo). 3. Reação crítica ao formalismo modernista de Greenberg e arte antiestética em Danto e Hal Foster. 4. Abrangência do Conceito e “transfiguração do lugar-comum”. Aula II: “De um interlúdio estético a uma aventura moral” 5. Philip Guston como metonímia da reconfiguração política da estética. (livros:“O Abuso da Beleza”, “Unnatural Wonders: Essays from the Gap Between Art and Life”). 6. Pluralismo ontológico: as incontáveis figurações do embodiment. 7. A maior das insurreições: a aura do ‘Comum’: Fluxus, Warhol, Rauchemberg e Sarah Sze 8. Nas franjas da representação: Arte disturbacional e alteridade radical. Sinopse parte I: Danto reporta a ‘arte abjeta’ ao Dada fazendo do desprezo à beleza o sintoma de uma recusa moral. Na brecha de uma bienal que expõe o racismo estrutural com um vídeo amador (“Rodney King”, Whitney Biennial,1991), artistas denunciam a desfiguração étnica, a tirania do gênero, a ideologia midiática, designando à arte uma função incompatível com o ‘deleite estético’. Nesse recorte, analisa políticas da arte, ativismo estético, neovanguarda e arte ‘intratável’ como efeitos da rejeição do gosto. Uma radicalidade que conferiu visibilidade ao drama ‘ordinário’, à sujeição dos ‘corpos’ sem rosto. Mas em que medida o ‘estigma’ do gosto evidente nessa arte, torna qualquer estética irrelevante? Ou, pelo contrário, a heterogeneidade do sensível é condição sob a qual “identidades” e semioses da arte se diversificam? Se toda arte é ‘artefato semântico’, produto de uma ‘transfiguração’ interpretativa, também modos de apresentação do sentido são constitutivos. Pela mesma razão, essas ‘insurreições’ ativam dimensões afectivas e fenológicas do sentido. Danto vai produzir uma torção interna e ampliar repertório da estética como pragmática, de modo a abranger produções recentes como as instalações in situ de Sarah Sze, performances de Marina Abramovic (além de R. Motherwell e Maya Linn). Parte II Aula III: A estética ‘igualitária’ das “cenas” e o teatro da ‘vida comum’ em Rancière 9. A ‘cena estética’ como “máquina ótica” e constelação dissensual. A estética como categoria do dissenso; Ruptura com senso comum em outra relação entre o sentido e os sentidos, entre o modo de apresentação sensível e o modo de interpretação em funções diversas da imagem. 10. Nota sobre a noção de “constelação” em Walter Benjamin. 11. Cena 1: O torso Belvedere: a ‘revolução silenciosa’ de Wilkelmann; a ‘obra mutilada’ desprovida de designação, referente, figura ou narrativa permite que se torne “propriedade de um povo, expressão de sua ‘forma de vida’”. 12. Cena 2: Os Mendigos de Sevilha de Bartolomé Esteban Murillo na crítica de Hegel, o sentido político do gozo sensível como qualidade estética igualitária; Experiencia do ócio e a invenção ‘moderna’; ética e fetiche do trabalho no capitalismo; ócio como espaço de criação. A arte como o “novo ambiente igualitário”; Os mendigos de Murillo transfigurados em “pequenos deuses da rua”. 13. Para além da “montagem cinemática”: a ‘cena’ como trama interpretativa do “tecido sensível” e a ‘potência nua’ do grão da imagem pictórica. 14. Cena 3: A poesia do novo mundo e a mística do prosaico em Ralph Aldo Emerson; Nova poesia como programa do novo mundo; A ‘materialidade’ ordinária do mundo do trabalho e do cotidiano numa nova subjetividade; Idealismo e materialismo numa poesia antinômica. 15. Cena 4: “O poeta do novo mundo”: Walt Whitman, as Folhas da Relva; “A lógica vulgar das misturas”, “A prosa do mundo” e o fascínio da jovem américa; Cumplicidade de simbolismo e unanimismo. 16. Contra história das “cenas estéticas” e rasuramento do “espetáculo” (Guy Debord): o poder de negatividade e alteridade da imagem Aula IV: A suspensão de hierarquias representativas e sociais: 17. Cena 5: Stendhal, O vermelho e o negro, o devaneio como colapso da lógica representativa e suspensão das hierarquias poéticas e sociais 18. O senso comum e as relações entre as faculdades em Kant e Schiller. Uma outra divisão do sensível: O ‘espaço da estética’ na Critica do Juizo de Kant Outra relação entre sensibilidade-entendimento que não a do conhecimento; Prazer estético contemplativo e jogo livre das faculdades; Relação conjuntiva e disjuntiva. Sensus Comunnis e ‘reconciliação entre princípios e classes’. 19. “Sem medida comum”: A frase-imagem, a grande parataxe (o desmoronamento de todos os sistemas de razão) e a nova potência sensorial da imagem Conclusão: Reconfiguração estética em Rancière e Danto: a imagem espessa da arte 20. Duas estratégias que promovem o prosaico, o ‘lugar-comum’ da experiencia e coisas ordinárias para redefinir a arte face a “prosa do mundo”. 21. Desafio à forma: a ambiguidade da “frase-imagem” e as inflexões do “embodied meaning”continuamente borrando limites. 22. Ampliação e polifonia da crítica: Os incontáveis modos de relação entre dizer e mostrar como diversas funções da imagem. Sinopse Parte II: Em contraponto, Rancière relê sua ‘partilha do sensível’ no dispositivo da “cena estética” (Aisthesis, 2012) como “máquina ótica” que verte redes de significados em outras texturas imagéticas. Articula na trama interpretativa das ‘cenas’ uma contra-História encadeada em episódios catalisadores. O Torso Belvedere na leitura de Winckelmann; Os Mendigos de Sevilha de Murillo, em Hegel; O vermelho e o negro, de Stendhal; O poeta, de Emerson; As Folhas da Relva de Walt Whitman; Loïe Fuller e a Serpentine dance, preconizando a forma abstrata. O exame desses ensaios críticos vai demonstrar que o resgate da estética supõe reconfigurar seus termos no cenário polifônico da modernidade. Esses deslocamentos substantivos da imagética, em ambos os autores, torna-se possível pela revisão profunda dos termos da estética, reconfigurando o inteiro regime da arte. Bibliografia: AGAMBEM, Giorgio. Gosto. Editora Autêntica, 2017. BENJAMIN, W. o Conceito de História: Edição crítica. Alameda Editorial, 2020. DANTO, A. C. Andy Warhol. New Haven: Yale UP, 2009. DANTO, A. C. DANTO, A. C. After the End of Art: Contemporary Art and the Pale of History, 1997 (trad. Edusp-Odysseus,2006). DANTO, A. C. The Abuse of Beauty: Aesthetics and the Concept of Art Chicago: Open Court, 2004. (trad. O Abuso da Beleza. São Paulo: Martins Fontes, 2015) DANTO, A. C. The Transfiguration of the Commonplace. Harvard UP,1981. (Trad. A Transfiguração do Lugar Comum. São Paulo: CosacNaif, 2005) DANTO, A. C. Unnatural Wonders. New york: Farrar, Strauss and Giroux, 2005 DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Ed. Contraponto, 1997. FOSTER, Hal. O que vem depois da Farsa? GREENBERG, Clement. Homemade Esthetics, Oxford: Oxford University Press, 1999. (Trad. Vera Pereira, Estética Doméstica, São Paulo: Cosac Naify, 2002). HEGEL, G.W.F. Aesthetics. Lectures on Fine Arts, trans. T.M. Knox, 2 v. Oxford/Claredon Presss, 1975; Cursos de Estética, vol. 1,2. Trad Marco Aurélio Werle. São Paulo: Edusp, 2001. RANCIÈRE, J. A partilha do sensível. 2ª ed. São Paulo: Editora 34, 2009. RANCIÈRE, J. “A comunidade estética”. In: Revista Poiesis, Niterói, n. 17, 2011, pp. 169-187. RANCIERE, J. Aisthesis: Scenes from the Aesthetic Regime of Art. New York: Verso, 2013 (trad. Dilson Ferreira da Cruz) Aisthesis: cenas do regime estético da arte. São Paulo: Editora 34, 2021. RANCIÉRE, J. The Future of the Images, London: Verso, 2007. (trad.) O Destino das Imagens. Rio de Janeiro: Contraponto, 2012. SCHILLER, F. A educação estética do homem. São Paulo: Iluminuras, 1995. |
||||
Carga Horária: |
8 horas |
||||
Tipo: | Obrigatória | ||||
Vagas oferecidas: | 80 | ||||
Ministrantes: |
Virginia Helena Aragonês Aita |
voltar |
Créditos © 1999 - 2024 - Superintendência de Tecnologia da Informação/USP |