Atividade

85521 - Literatura de Macau I

Período da turma: 24/08/2018 a 23/11/2018

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Descrição: 1 IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO

A) Responsável pelo projeto:

Monica Simas fez a Graduação, Mestrado e Doutorado em Literatura Portuguesa
na PUC-RJ e Bacharelado em Administração de Empresas na UFRJ. É
Professora Associada, na Área de Literatura Portuguesa, na USP, onde
coordena o LIA (Laboratório de Interlocuções com a Ásia) e o Grupo Porta
Macau: literaturas, línguas e culturas, certificado pelo CNPq. É autora de
Margens do destino: Macau e a literatura em língua portuguesa, (2007),
publicado pela Editora Yendis, Dor e desejo (2010, org.), Contributos para o
Estudo da Literatura de Macau: trinta autores de língua portuguesa, (2016);
ensaios sobre a cultura portuguesa, Macau, 3 poetas, 21 poemas (2013,
org.), da Coleção Poesia Viva, do Centro Cultural São Paulo, além de
inúmeros capítulos de livro e ensaios nos campos das relações luso-chinesas
e da poesia portuguesa contemporânea.
B) Natureza: Projeto de Curso de extensão.
C) Instituição: Universidade de São Paulo
D) Duração: 6 encontros de aulas duplas quinzenais (12 aulas).
E) Área: Literatura de Língua Portuguesa.
F) Palavras-chave: Relações luso-asiáticas, Literatura de Macau, Literatura e
Cultura

G) Colaboradores do projeto (Palestrantes):
● Sérgio Pereira Antunes é pesquisador e palestrante. Graduando em Economia
pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e em Direito e Letras pela
Universidade de São Paulo. Mestre em Integração da América Latina, Doutor em
História Econômica e Pós-doutorado em Direito Constitucional Comparado, pela
Universidade de São Paulo. Cumpre programa de pós-doutoramento no
Departamento de Letras Orientais da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências
Humanas da Universidade de São Paulo. Membro do Grupo de Pesquisa Porta
Macau: literaturas, línguas e culturas.
● Monica Simas é Professora Associada e Livre Docente em Literatura
Portuguesa pela USP, colaboradora da Universidade de Lisboa, coordenadora
do LIA (Laboratório de Interlocuções com a Ásia) e do Grupo Porta Macau:
literaturas, línguas e culturas, certificado no CNPq. Atualmente é ViceCoordenadora
do Programa de Pós-Graduação em Literatura Portuguesa.
H) Público alvo: interessados em geral
I) Cronograma: 24/08, 14/09, 28/09, 19/10, 09/11,23/11.

2. Ementa
Apresentar ao público a Literatura de Macau, suas condições espaciais e temporais,
através das obras dos seguintes autores: Henrique de Senna Fernandes, Deolinda da
Conceição e outras obras de autoria feminina, Rodrigo Leal de Carvalho, Luís Gonzaga
Gomes, Manuel da Silva Mendes, Camilo Pessanha e outros poetas.

3. Programa/Objetivo
Objetivo: consolidar conhecimentos específicos sobre a literatura de Macau.
Programa de doze aulas para o Curso Literatura de Macau I:

Aulas 1 e 2 (24/08). “Macau: espaços e tempos”
Assunto: Nestas 2 aulas, ir-se-á apresentar, através de um rápido excursus, como
Macau se desenvolveu desde a chegada dos portugueses, em 1557, passando pelo
período de administração colonial ao período de transição de transferência da
soberania (1987-1999) até a época atual. Será fundamental a comparação entre
historiografias portuguesas e chinesas, incluindo a coletânea de estudos de Fok Kai
Cheong (1996), publicados com o título Estudos sobre a instalação dos portugueses
em Macau, com o uso sistemático e criterioso de fontes chinesas antigas.
Definições e alterações geográficas; questões de cidadania e de
(des)pertencimento; o macaense, serão também introduzidas nestas aulas. Para
essa discussão, serão destacados alguns trechos de Em terra de tufões: dinâmicas
da etnicidade macaense, de J. de Pina Cabral e N. Lourenço (1993). Além disso, o
conceito de literatura será definido em função da compreensão do conjunto de
elementos abordados.

Aulas 3 e 4 (14/09): Henrique de Senna Fernandes – o macaense e suas
memórias
Assunto: Um dos maiores romancistas locais, considerado por muitos críticos o
grande guardião da memória de Macau, o que implica perceber a sua obra na rede
de demarcações e preservação das identificações possíveis do macaense, num
“entre-lugar” cultural, em relação à matriz portuguesa, de modo mais geral, europeia,
prestigiada, e a chinesa. De um modo geral, pode-se afirmar que o conjunto da sua
obra mobiliza personagens, histórias e imagens que situam a cultura macaense no
espaço de uma interlocação em meio multicultural onde as fronteiras entre fato e
ficção se cruzam permanentemente. Serão abordados nas 2 aulas tanto os seus
romances quanto alguns de seus contos.

Aulas 5 e 6 (28/09): Adé e o papiaçam di Macau; Deolinda da Conceição e
outras vozes femininas.
Assuntos:
Aula 5: José Inocêncio dos Santos Ferreira, conhecido popularmente como Adé, foi
um dos escritores mais comprometidos com a construção identitária macaense,
aquela que se demarcou, na primeira metade do século XX, pelo capital cristão e da
portugalidade com sentido patriótico evidente, através da qual os costumes afetivos
da vida macaense são predominantemente representados, em seus textos
dramáticos, poéticos e de prosa, pelas irradiações da cultura crioula que se formou
na região. Por isso, a própria “doce língua di Macau”, lingua de evidentes
sincretismos, é vinculada por este que foi considerado o seu maior divulgador. Nesta
aula, pretende-se mostrar trechos de obras variadas do autor, mostrando o
papiaçam di Macau e algumas de suas características.

Aula 6: Com o título Cheong Sam, A Cabaia – contos chineses, Deolinda da
Conceição publica, em 1956, em Lisboa, textos recolhidos do jornal Notícias de
Macau, que escrevera na década precedente na sua “Página Feminina”. No geral,
as “páginas femininas” de revistas e jornais são tidas como espaços para digressões
fúteis e curiosidades desimportantes do mundo doméstico, no entanto, esses contos
parecem estar a uma distância infinita de “assuntos menores” e, ao contrário,
mostram conflitos da mulher na sociedade chinesa e de Macau, que apontam para
uma necessária revisão da sua condição social. Nesta aula, além de se mostrar
alguns dos contos da autora, buscar-se-á apresentar outras vozes femininas da
literatura de Macau.

Aulas 7 e 8 (19/10): Rodrigo Leal de Carvalho: Macau no puzzle dos impérios.
Assunto: A obra deste escritor açoriano, que tendo vivido em Macau por mais de
30 anos e exercido a carreira de magistrado, é a maior em extensão a tematizar a
vida social da região em meio aos conflitos nacionalistas do século XX e por este
motivo irá ocupar as duas aulas do dia 28/09. Macau é, na sua obra, um lugar
predominantemente propício aos refugiados que se encontram e que se misturam
diante das contradições e constrangimentos que os projetos tanto do Império
britânico quanto português ostentaram. A obra desse escritor se constrói como um
puzzle, pois os romances ligam-se uns ao outros através de personagens comuns,
dando a entender que apesar de contarem histórias particulares, estas estão todas
entrelaçadas naquele núcleo comum que é a vida macaense. Nesse puzzle, vê-se
a construção de um grande tabuleiro de intrigas (núcleos de conflitos) que envolvem
diferentes personagens. Mostrar alguns caminhos de personagens nas obras de
Rodrigo Leal de Carvalho é o principal objetivo desta aula, caracterizando-se
também algumas relações entre literatura e história.

Aulas 9 e 10 (09/11): Manuel da Silva Mendes e Luís Gonzaga Gomes: entre
crônicas e museus.
Assuntos: Aula 9: Normalmente, ao se ouvir falar das nações européias que
estudam a cultura chinesa, França, Inglaterra e Alemanha são sempre lembradas,
mas não Portugal, embora, depois da época das Navegações, no século XVI, esta
tenha mantido um intercâmbio constante com a China. Mesmo assim, a obra de
Manuel da Silva Mendes, produzida ao longo de trinta anos da sua estadia em
Macau (1901-1931) e recolhida de jornais locais não pode ser ignorada, pois
constitui um marco único na sinologia portuguesa, seja pela constância com que a
ela se dedicou seja pela originalidade de suas interpretações. Figura de múltiplos
interesses, como tantas que viveram nas colônias, deixou um legado literário que
permeia a política, o civismo, os costumes, a religião, a educação, a filosofia e a
literatura, sem falar das artes, a sua grande paixão. Serão estudados vários trechos
de suas crônicas no âmbito dos acontecimentos que ocorrem em Macau e dos
estudos sinológicos.

Aula 10: É mais um escritor macaense que se junta em importância a Deolinda da
Conceição, Henrique de Senna Fernandes e José dos Santos Ferreia (Adé). A
maioria das suas crônicas foi escrita nos anos de 1940, 1950 e 1960. Um número
considerável desses textos foi reeditado nos anos de 1990, sob os títulos de
Chinesices (1994) e Macau: factos e lendas (1994). Só pelos títulos já é possível
perceber que Macau ocupa o centro da sua produção escrita, principalmente, os
aspectos da vida cotidiana e históricos da cidade, incluindo uma parte substantiva
da memória chinesa e de sua cultura. Caracterizar a cidade a partir das crônicas do
autor é o principal objetivo desta aula.

Aulas 11 e 12 (23/11): Camilo Pessanha e a poesia em Macau.
Assunto: Tendo em vista que a obra de Camilo Pessanha seja composta de em
torno de 50 poemas, uns poucos textos em prosa, ensaios, cartas mais 8 poemas
traduzidos, pode-se afirmar que Macau, sem dúvida, ocupou um lugar determinante
tanto na sua criação poética quanto na constituição de sua visão de mundo. Buscarse-á
caracterizar a poesia de Camilo Pessanha em cruzamento com Macau e a sua
experiência na região. Além de alguns poemas serem analisados, outras poesias
serão mostradas e analisadas.

Referências Bibliográficas Básicas:

AMARO, Ana Maria. Macau: o final dum ciclo de esperança. Lisboa: Universidade
Técnica de Lisboa e Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, 1997.
CARVALHO, R. L. Irina Ostrakoff. Macau: Livros do Oriente, 3ª. ed. 2015.
_____. Os construtores de império. Macau: Livros do Oriente, 2ª. ed. 2004.
_____. A IV Cruzada. Macau: Livros do Oriente, 1996.
_____. Ao serviço de sua majestade (uma história de amor). Macau: Livros do Oriente,
1996.
CONCEIÇÃO, D. Cheong San: a cabaia. Macau: Instituto Cultural de Macau, 1995.
FERREIRA, J. S. Obras completas de Adé. Macau di tempo antigo. Macau: Instituto
Cultural de Macau, 1996.
_____. Macau. Jardim abençoado. Macau: Instituto Cultural de Macau, 1988.
_____. História de Maria e Alferes João. Macau: Instituto Cultural de Macau, 1987.
FOK, Cheong Kai. Estudos sobre a instalação dos portugueses em Macau. Lisboa:
Gradiva, 1996.
GOMES, L. G. Curiosidades de Macau antiga, . Macau: Instituto Cultural de Macau,
1996.
_____. Macau: factos e lendas. Macau: Instituto Cultural de Macau, 1994.
_____. Chinesices. Macau: Instituto Cultural de Macau, 1994.
GUNN, Geofrey C. Ao encontro de Macau. Uma Cidade-Estado portuguesa na periferia
da China, 1557 – 1999. Tradução José António N. de Sousa Tavares. Macau: CTMCDP
e Fundação Macau, 1998.
PESSANHA, Camilo. Clepsydra. Ed. crítica de FRANCHETTI, Paulo. Lisboa: Relógio
d’Águad’água, 1995.
_____. “. In: Camilo Pessanha, prosador e tradutor. Org., anização, prefácio e Sobre o
terraço”. Elegias chinesas notas de PIRES, Daniel. Macau: Instituto Cultural de
Macau, 1992.
_____. “Macau e a gruta Camões”. In: Camilo Pessanha, prosador e tradutor. Org.,
anização, prefácio e notas de PIRES, Daniel. Macau: Instituto Cultural de Macau e
Instituto Português do Oriente, 1992.
_____. “Estética chinesa”. In: Camilo Pessanha, prosador e tradutor. Organização,
prefácio e notas de PIRES, Daniel. Macau: Instituto Cultural de Macau, 1992.
_____. Cartas a Alberto Osório de Castro, João Baptista de Castro e Ana de Castro
Osório. Recolha, transcr., introd., e notas de LANCASTRE, Maria M. José. Lisboa:
Imprensa Nacional – /Casa da Moeda, 1984.
SENA FERNANDES, H. Mong Há. Macau: Instituto Cultural de Macau, 1998.
_____. Nam Van - Contos de Macau. Macau: Instituto Cultural de Macau, 1997.
_____. Amor e dedinhos de pé. Macau: Instituto Cultural de Macau, 1994.
_____. A trança feiticeira. Macau: Fundação Oriente, 1993.
_____. Os Dores. Macau: Instituto Cultural de Macau, 2012.
SILVA MENDES, M. Nova Colectânea de Artigos de Manuel da Silva Mendes. Vol I, II,
III e IV. Org. L. G. Gomes. Macau: Tipografia de Macau, 1963/1964
WU, Zhiliang. Segredos da Sobrevivência. História Política de Macau. Macau:
Associação de Educação de Adultos de Macau, 1999.

Carga Horária:

18 horas
Tipo: Obrigatória
Vagas oferecidas: 100
 
Ministrantes: Monica Muniz de Souza Simas
Sergio Pereira Antunes


 
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