Atividade

87680 - Movimentos Sociais Urbanos e a Cidade de São Paulo no Século XX - (17 ENC 20)

Período da turma: 14/01/2019 a 18/01/2019

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Descrição: Atendo-se ao objetivo de apresentar os sujeitos sociais da urbanização da cidade por meio de sua organização política e mobilização em busca de melhoria de vida, utilizaremos fontes produzidas por eles próprios e por outros indivíduos sobre eles, além de memórias e relatos orais dos que participaram de momentos essenciais do processo.

O curso terá cinco dias de duração, com 30h de carga horária, distribuídas entre os dias 14 e 18/01/2019, com seis horas diárias de curso. Será composto de momentos expositivos sobre os períodos históricos, a partir da apresentação da produção historiográfica de referência sobre os temas, intermeados a oficinas de interpretação dos diferentes tipos de documentos históricos e de elaboração de propostas didáticas que os utilizem como base. Esse segundo momento deve contar com ampla participação dos docentes presentes.

Os temas e materiais serão divididos, segundo as datas, da seguinte maneira:



14/01 - São Paulo no início do século XX: condições de vida e transformações no centro da cidade

SANTOS, Carlos José Ferreira. Nem tudo era italiano: São Paulo e pobreza (1890-1915). 4a ed. São Paulo: Annablume/Fapesp, 2017, pp. 27-134.

MARAM, Sheldon Leslie. Anarquistas, imigrantes e o movimento operário brasileiro (1890-1920). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979, pp. 119-127.



Manhã - Exposição sobre o tema a partir da historiografia e de documentos.

Tarde - Oficina de partilha com informações sobre análise documental:

• Apresentação dos materiais que os professores utilizam para trabalhar o tema.

• Análise conjunta de plantas e dados demográficos da cidade de São Paulo, bem como os mapas e estatísticas de cortiços e moradias do centro da cidade.

• Análise de relatos literários, jornais da imprensa negra, da imprensa operária e da grande mídia sobre as condições de vida da população pobre da época. Deverá ser dada especial atenção às visões que eles próprios tinham da exclusão e das transformações vivenciadas na cidade.



15/01 - Mobilizações das classes populares frente à modernização excludente

DOMINGUES, Petrônio. Imprensa negra. In: SCHWARCZ, Lilia M. & GOMES, Flávio dos Santos. Dicionário da escravidão e liberdade. São Paulo: Companhia das Letras, 2018, pp. 266-273.

MARAM, Sheldon Leslie. Anarquistas, imigrantes e o movimento operário brasileiro (1890-1920). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979, pp. 13-28.

PINTO, Regina Pahim. O movimento negro em São Paulo: luta e identidade. Ponta Grossa/São Paulo: Editora UEPG/Fundação Carlos Chagas, 2013, pp.212-270.



Manhã - Exposição sobre o tema.

Tarde - Oficina de partilha com informações sobre análise documental:

• Apresentação dos materiais que os professores utilizam para trabalhar o tema.

• Análise conjunta de jornais da imprensa negra e imprensa operária, com intuito de perceber a pluralidade de militâncias, projetos políticos e identidades em jogo na São Paulo da Primeira República.



16/01 - São Paulo na segunda metade do século XX: padrão periférico de crescimento urbano e mobilizações de moradores por melhorias urbanas (1940-1970)

Direito de fazer Política: partidos e lideranças políticas em São Miguel Paulista; Trabalhadores e o Bairro: Movimentos Sociais e a Luta Pela Autonomia. In: FONTES, Paulo. Um Nordeste em São Paulo: Trabalhadores Migrantes em São Miguel Paulista (1945-1966). 1ª ed. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2008. pp. 211-308.

A Habitação Por Conta do Trabalhador. In: BONDUKI, Nabil Georges. Origens da Habitação Social no Brasil: Arquitetura Moderna, Lei do Inquilinato e Difusão da Casa Própria. 6ª ed. São Paulo: FAPESP/Estação Liberdade, 2013. pp. 280-313.



Manhã - Exposição sobre o tema.

Tarde - Oficina com partilha de informações sobre análise documental:

• Apresentação dos materiais que os professores utilizam para trabalhar o tema.

• Análise conjunta de reinvindicações colocadas por vereadores nas atas da câmara municipal de São Paulo ao longo dos anos de 1950 a 1970 para a região de São Mateus (extremo leste da cidade).

• Análise de matérias do jornal Diário Popular, publicadas nos anos de 1980 e 1990, que tratam do histórico de lutas urbanas na região.



17/01 – A redemocratização e os movimentos sociais urbanos (1970-1990)

Saindo de Casa – Um Olhar para Fora. In: CARIGNATO, Lucirene Aparecida. Vivências Femininas no Movimento de Saúde da Cidade de São Paulo. (Dissertação de Mestrado). São Paulo: PUC, 2007. pp. 25-80.

PORTELLI, Alessandro. O que Faz a História Oral Diferente. Proj. História (PUC), São Paulo, (14), fev. 1997



Manhã - Exposição sobre o tema.

Tarde - Oficina com partilha de informações sobre análise documental:

• Apresentação dos materiais que os professores utilizam para trabalhar o tema.

• Análise conjunta de entrevistas de Aldo Leite e Tia Cida, militantes do Movimento de Saúde da Zona Leste (setor de São Mateus) entre os anos de 1970 e 1990, de modo a refletir sobre as narrativas de moradores sobre a história de seus próprios bairros.

• Processo de entrevista mútua entre os professores, visando explorar as possibilidades do uso da história oral para trabalhar as histórias dos bairros de São Paulo.



18/01 – Encerramento, balanço e avaliação do curso

ZABALA, Antoni. Os enfoques didáticos. In: COLL, César, MARTÍN, Elena (orgs.). O construtivismo em sala de aula. São Paulo: Ática, 1996, pp. 153–196.



Manhã - Produção e apresentação de modelo de sequência didática pelos professores, conforme as indicações do teórico Antoni Zabala. As fontes abordadas ao longo do curso serão usadas como material base para a produção dos trabalhos. Abrimos a possibilidade de que as sequências que forem completas e entregues, mesmo que após o término do curso, possam ser publicadas no site do LEMAD (Laboratório de Material Didático e Ensino de História), como proposta didática aberta aos professores de todo o país.

Tarde - Roda de conversa visando avaliação dos métodos e conteúdos do curso.



BIBLIOGRAFIA:

Aula 01: Em Nem tudo era italiano: São Paulo e pobreza (1890-1915), o autor busca identificar a presença e atuação dos trabalhadores nacionais pobres na capital paulista – em geral, negros e mestiços. Santos descreve como esses sujeitos interagiram e resistiram ao processo excludente de modernização da cidade, cuja base era eurocêntrica e considerava-os símbolos de atraso e inferioridade. Remando contra a maré da historiografia sobre São Paulo, que privilegiou como objeto de pesquisa os trabalhadores imigrantes, sobretudo italianos, o autor encontra um outro mundo do trabalho, onde predominam ambulantes, quitandeiras, lavadeiras, enfim, trabalhadores informais e sobrevivendo e elaborando uma cultura própria, contra à ordem imposta.

O texto de Sheldon Maram, retirado de sua obra clássica sobre o movimento operário no Brasil, por sua vez, aborda as condições de vida da população pobre, evidenciando as dificuldades que mesmo os trabalhadores dos postos mais dinâmicos da economia – a indústria incipiente – experienciaram e que impulsionaram suas mobilizações.

Aula 02: Os textos propostos analisam diferentes mobilizações e projetos políticos das classes populares na São Paulo da Primeira República, principalmente de operários e negros. Petrônio Domingues, no verbete sobre “imprensa negra”, faz uma introdução sobre os jornais produzidos por letrados negros do período, que participaram dos primórdios do movimento negro na cidade. Regina Pahim Pinto aprofunda esse mesmo ponto, analisando as ações que essas lideranças propuseram e as identidades que elaboraram. Já Sheldon Maram, aborda a formação do movimento operário brasileiro, com especial atenção para as correntes anarquistas, predominantes em São Paulo na virada para o século XX e considerando a ampla participação de imigrantes em suas organizações. As demandas de ambos os grupos, cujo acesso que temos é através dos jornais produzidos por suas lideranças, revelam a exclusão e as condições precárias na cidade.

Aula 03: Paulo Fontes no livro Um Nordeste em São Paulo: Trabalhadores Migrantes em São Miguel Paulista (1945-1966), de 2008, traz um panorama das sociabilidades desenvolvidas por imigrantes nordestinos em meio ao processo de urbanização do bairro de São Miguel Paulista. Nos capítulos da obra selecionados para o curso, temos o intenso processo de mobilização política por melhorias no bairro, em interação com o movimento operário atuante na região. Destacam-se nesse período as SABs (Sociedades de Amigos de Bairro), as associações comunitárias e os movimentos autonomistas, como os que deram origem aos municípios de Osasco e Guarulhos, que tiveram, também, sua manifestação em São Miguel Paulista.

Já a obra de Nabil Bonduki, Origens da Habitação Social no Brasil: Arquitetura Moderna, Lei do Inquilinato e Difusão da Casa Própria, de 2013, esquadrinha o processo do chamado “padrão periférico de crescimento urbano” no qual a prefeitura faz vistas grossas à abertura de loteamentos, na maioria das vezes irregulares, nas fronteiras da cidade, onde a população imigrante atraída para São Paulo pelo forte processo de industrialização em curso, encontrava condições de compra de um lote, com o pagamento em muitas parcelas de pequeno valor. O autor trata neste capítulo dos inúmeros problemas de infraestrutura desses territórios e da emergência das casas autoconstruídas pelo próprio trabalhador, evidências dos processos de redução dos custos da mão-de-obra que interessava aos industriais do período.

Aula 04: Lucirene Carignato, ao tratar do tema do movimento de saúde, mostra como as mulheres da zona leste transformaram a sua visão do território, da política e do mundo a partir do aprendizado que obtiveram na luta pela instalação de equipamentos de saúde pública em seus bairros. Um dos primeiros focos do movimento foi a região de São Mateus (CARIGNATO, 2007, p. 46). Será texto essencial para abordar a identidade de território e os processos de lutas por melhorias em serviços públicos nas periferias.

A história oral foi escolhida como um dos métodos a serem trabalhados nas oficinas, por ser apropriada ao estudo das relações de vizinhança e comunidade, que estão fora do circuito dos grandes temas nacionais e de arquivos com amplos acervos documentais. Humanizando a história, ela amplifica a voz e os sentidos que os indivíduos dão às suas histórias de vida e experiências sociais, sendo papel do historiador ser ouvido atento às suas narrativas (PORTELLI, 2015, p. 31-32). A escuta e o sentido das diferentes subjetividades das narrativas de histórias de bairro produzidas nas oficinas de história oral, serão analisadas em debate com os professores, observando os pressupostos teóricos da obra de Alessandro Portelli.

Aula 05: Antoni Zabala estabelece diretrizes para a elaboração de propostas/sequências didáticas, sempre a partir de uma perspectiva construtivista, que permite ao educando um papel ativo na construção do conhecimento. O autor propõe que os educadores, ao elaborarem suas propostas, priorizem atividades que estimulem a investigação e o questionamento, por parte dos educandos. O educador deve pensar quais aprendizados quer promover com sua atividade, em termos de valores, atitudes, procedimentos e conteúdos.

Carga Horária:

40 horas
Tipo: Optativa
Vagas oferecidas: 30
 
Ministrantes: Adriano José de Sousa
Victor Doutel Pastore


 
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