Atividade

89765 - Poesia e política no Brasil: leituras a partir das contribuições de Walter Benjamin

Data da turma: 25/06/2019

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Descrição: Ementa: Poesia e política em Walter Benjamin. Teses sobre o conceito de história. Limiar e passagens. Poesia brasileira 1979-2019. Leitura e análise de poemas.

Justificativa:

A justificativa para este curso repousa, em especial, sob dois aspectos que se articulam. O primeiro diz respeito à oferta de possibilidades de leitura da poesia brasileira, nomeadamente, a poesia de cunho político, produzida nos últimos 40 anos, a partir de uma perspectiva benjaminiana da história, aberta, polifônica. O outro aspecto é aquele que responde mais diretamente ao contexto brasileiro, em que posições políticas extremas acirram as diferenças entre as classes sociais e, ao mesmo, tempo, reforçam discursos de ódio e violência – aspectos estes tratados formal e tematicamente nos poemas a serem apresentados no curso. É fundamental que a universidade, em todos os campos do saber, contemple espaços para o diálogo acerca do cenário que se apresenta à sociedade de modo que todas as ações voltadas para a reflexão concernentes às relações entre poder, democracia e cidadania são justificadas plenamente. Do ponto de vista da poesia, é preciso toma-la como forma de conhecimento que promove, pelos expedientes estéticos e caráter combativo, uma abertura de perspectivas, de visões de mundo.
Em 28 de agosto de 1979, a chamada Lei da Anistia foi promulgada. Sendo ampla, irrestrita e injusta, concedeu perdão a torturadores, cavou um abismo entre a memória da ditadura e a reparação efetiva das ações autoritárias e de violência praticadas pelo governo militar, deixando aberta uma ferida que de um lado impede boa parte da sociedade de avaliar os anos de chumbo e sua relação com o estado exceção e de outro escancara a permanência e manutenção de um Brasil desigual que escolhe o autoritarismo para silenciar a luta de classes. Nessa perspectiva, considera-se que a visão benjaminiana da história promove às análises ganhos importantes, sobretudo porque ao tomar a história como aberta, ao reivindicar o enfrentamento das ruínas, em perspectiva limiar, permite a (re)elaboração de relatos e autoriza-nos a propor a leitura dos poemas tanto como meios de questionamento quanto de reparação, articulando, nos termos de Haroldo de Campos, um movimento pós-utópico. Para Haroldo, a pós-utopia é uma poética da “agoridade, crítica do futuro e de seus paraísos sistemáticos, aberta a uma multiplicidade de passados”. No momento atual, reacender o debate acerca da função e do compromisso da arte com a memória e com a história, em defesa de uma sociedade democrática, é crucial, sem perder a perspectiva de que a arte preserva sua autonomia, mantendo o engajamento com seus próprios expedientes, a linguagem, as formas e é justamente por meio de tais expedientes que poética, política e pós-utopia se entrecruzam, resistem, existem.


Objetivos:

Objetivo geral: discutir as relações entre poesia e política, em perspectiva benjaminiana e sua relação com a pós-utopia formulada por Haroldo de Campos, tomando como parâmetro algumas das produções poéticas realizadas entre 1979-2019, por autoras e autores de diferentes regiões do país, portanto, desde o ano da promulgação da Lei da Anistia aos dias atuais, com o intuito de avaliar em que medida tais produções resistem, desafiam e/ou respondem ao contexto histórico, seja pela renovação de formas, seja pela retomada de uma leitura da tradição ou da poesia de experiência, que acabam por culminar numa multiplicidade de vozes no cenário atual, extremamente vigorosas e que vão dos poemas ao slam

Objetivos específicos:
• Apresentar o pensamento e contribuições de Walter Benjmin (Passagens, “Teses sobre o conceito de história”, “Experiência e Pobreza”);
• Apresentar breve panorama sócio-político do Brasil no período proposto para a leitura e análise dos poemas;
• Apresentar poemas, poetas e contextos de produção para análise levando em conta: (i) aspectos formais dos poemas; (ii) a relação entre plano de expressão e plano de conteúdo dos poemas a partir de uma leitura benjaminana;
• Pensamento de Walter Benjamin e a formulação do conceito de pós-utopia por Haroldo de Campos.


Metodologia: apresentar e discutir as relações entre o
Aula expositiva, leitura e análise de poemas.

Avaliação:
Não se aplica

Referências bibliográficas

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Carga Horária:

4 horas
Tipo: Obrigatória
Vagas oferecidas: 60
 
Ministrantes: Diana Junkes Bueno Martha


 
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