90863 - Cursos de Inverno da FFLCH - Pensando o gênero na geografia |
Período da turma: | 23/07/2019 a 26/07/2019
|
||||
|
|||||
Descrição: | Objetivos
O curso pretende introduzir ao debate que relaciona gênero e sexualidades como categorias de análises na geografia, discutindo algumas produções acadêmicas brasileiras e estrangeiras que apresentam avanços nesta abordagem. Será feita uma exploração rápida sobre o conceito de gênero e sua entrada quiçá tardia na geografia em comparação com outras ciências humanas, tentando refletir sobre a pertinência deste enfoque nas diferentes linhas de pesquisa dentro da geografia. Justificativa A geografia é uma ciência social cujos debates principais estão centrados no espaço geográfico, e centrada neste ponto, tem dado pouca relevância às análises que envolvem gênero e sexualidade como elementos chaves de compreensão de fenômenos espaciais. As estratégias geopolíticas, os fluxos econômicos e migratórios, os usos e ocupações do solo, a cultura urbana, as contradições no campo, a paisagem, o lugar, o território, o espaço, as guerras e conflitos, a distribuição e divisão do trabalho, são processos construídos por sociedades de corpos sexualizados. Esses corpos, assim como suas espacialidades, estão em relação dialética com a geografia e, assim, são por ela construídos. Nesse sentido, estes fenômenos não deveriam ser analisados sem que a categoria gênero seja transversal, deixar de pensar o espaço como um ente assexuado torna-se importante para construção de uma nova forma de entender os territórios. O curso pretende discutir algumas das produções acadêmicas existentes sobre gênero, sexualidade e geografia e suscitar o debate: O que é ser uma pessoa que mora na periferia? O que é ser mulher na periferia? O que é ser mulher negra e lésbica na periferia? E ser travesti na cidade? O que a Geografia Feminista quer dizer com espaços masculinos? Uma pessoa heterossexual vive a mesma cidade que uma pessoa gay? Qual o recorte de gênero nas suas aulas de geografia urbana? E agrária? E na cartografia? A geografia política é uma geografia masculina? Qual a importância de estudos sobre masculinidades no pensamento geográfico? Quais as implicações das guerras e conflitos armados nos diferentes corpos? A violência sexual é uma arma de guerra? O curso estará dirigido principalmente para estudantes de geografia, porém aberto a qualquer um que possua interesses sobre o debate entre a geografia, o gênero e a sexualidade. Conteúdo Todos os textos serão disponibilizados em uma pasta do Google Drive. Aula 1. O gênero como categoria de reflexão teórica na geografia. O que é a geografia feminista? Existe uma geografia de gênero? BUTLER, Judith. “Sujeito do sexo/gênero/desejo”. In: BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 2017, 15 ed., p. 17-70. PRECIADO, Paul B. “Tecnogênero”. In: PRECIADO, Paul B. Testo junkie: sexo, drogas e biopolítica na era farmacopornográfica. São Paulo: n-1, 2018, p. 109-139. SILVA, Susana Veleda da. Geografias feministas brasileiras. In: GARCIA, María Verónica Ibarra; HERRERA, Irma Escamilla (Orgs.). Geografías feministas de diversas latitudes: orígenes, desarrollo y temática contemporáneas. México: UNAM, 2016. Aula 2. Corpo, gênero e espaço. Sexualidade e violência nos espaços urbanos LEE, Débora. “A geografia de uma travesti é uma barra, é matar um leão a cada dia”. In: SILVA, Joseli Maria; ORNAT, Márcio José; CHIMIN JUNIOR, Alides Baptista (Orgs.). Geografias malditas: corpos, sexualidades e espaços. Ponta Grossa: Todapalavra, 2013, p. 27-38. NIKARATTY, Leandra. “O que mais me marcou na vida é ser barrada e não poder entrar nos lugares: esta é a geografia de uma travesti.” In: SILVA, Joseli Maria; ORNAT, Márcio José; CHIMIN JUNIOR, Alides Baptista (Orgs.). Geografias malditas: corpos, sexualidades e espaços. Ponta Grossa: Todapalavra, 2013, p. 39-54. RIQUELME, Fernanda. “A vida da travesti é glamour, mas também é violência em todo lugar.” In: SILVA, Joseli Maria; ORNAT, Márcio José; CHIMIN JUNIOR, Alides Baptista (Orgs.). Geografias malditas: corpos, sexualidades e espaços. Ponta Grossa: Todapalavra, 2013, p. 55-68. MADESCLAIRE, Tim. “O termo gueto aplicado aos gays é impróprio”. Entrevista com Stéphane Leroy, Tétu News, fevereiro de 2010. Tradução de trabalho de Vinicius Santos Almeida, 2019. Aula 3. Processos migratórios e suas dimensões espaciais. Gênero e política HOVIL, Lucy. “Conflict, Displacement, and Refugees”, In: NÍ AOLÁIN, Fionnuala; CAHN, Naomi; HAYNES; Dina Francesca; VALJI, Nahla (Org). The Oxford handbook of gender and conflict. Oxford University Press, 2018, p. 276-287 HYNDMAN, Jennifer. “Scripting Humanitarianism: A Geography of ‘Refugee’ and the Respatialization of Response”. In: HYNDMAN, Jennifer. Managing displacement. Refugees and the Politics fo Humanitarism. Minneapolis, Borderlines, v. 16, 2000, p. 1-28. ULLOA, Astrid. Feminismos territoriales em América Latina: defensas de la vida frente a los extractivismos. Nómadas – Revista de la Universidad Central, n. 45, Bogotá – Colombia, out. de 2016, p. 123-139. Aula 4. Geopolítica e gênero, relações internacionais e gênero. Abordagem de gênero nos contextos de guerra e conflitos armados BARRETO, Juanita. “La apropiación de los cuerpos de las mujeres, una estrategia de guerra” In: En otras palabras. Grupo Mujer y Sociedad. Bogotá, Universidad Nacional de Colombia. Num 9, agosto-diciembre de 2001, p. 86-100. ENLOE, Cynthia. “Nationalism and Masculinity: The Nationalist story is not over—and it is not a simple story” In: ENLOE, Cynthia. Bananas, beaches and bases. Making Feminist Sense of International Politics. Berkley, University of Califormia. 2014. Segunda edição, p. 83-124. MCCLINTOCK, Anne. “Adeus ao nacionalismo futuro”. Nacionalismo, gênero e raça. In: MCCLINTOCK, Anne Couro imperial. Raça, gênero e sexualidade no embate colonial. Trad. Plínio Dentzien. Campinas, Editora da Unicamp, 2010. Bibliografia BARRETO, Juanita. “La apropiación de los cuerpos de las mujeres, una estrategia de guerra” In: En otras palabras. Grupo Mujer y Sociedad. Bogotá, Universidad Nacional de Colombia. Num 9, agosto-diciembre de 2001, p. 86-100. BUTLER, Judith. “Sujeito do sexo/gênero/desejo”. In: BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 2017, 15 ed., p. 17-70. ENLOE, Cynthia. “Nationalism and Masculinity: The Nationalist story is not over—and it is not a simple story” In: ENLOE, Cynthia. Bananas, beaches and bases. Making Feminist Sense of International Politics. Berkley, University of Califormia. 2014. Segunda edição, p. 83-124. HOVIL, Lucy. “Conflict, Displacement, and Refugees”, In: NÍ AOLÁIN, Fionnuala; CAHN, Naomi; HAYNES; Dina Francesca; VALJI, Nahla (Org). The Oxford handbook of gender and conflict. Oxford University Press, 2018, p. 276-287 HYNDMAN, Jennifer. “Scripting Humanitarianism: A Geography of ‘Refugee’ and the Respatialization of Response”. In: HYNDMAN, Jennifer. Managing displacement. Refugees and the Politics fo Humanitarism. Minneapolis, Borderlines, v. 16, 2000, p. 1-28. LEE, Débora. “A geografia de uma travesti é uma barra, é matar um leão a cada dia”. In: SILVA, Joseli Maria; ORNAT, Márcio José; CHIMIN JUNIOR, Alides Baptista (Orgs.). Geografias malditas: corpos, sexualidades e espaços. Ponta Grossa: Todapalavra, 2013, p. 27-38. MADESCLAIRE, Tim. “O termo gueto aplicado aos gays é impróprio”. Entrevista com Stéphane Leroy, Tétu News, fevereiro de 2010. Tradução de trabalho de Vinicius Santos Almeida, 2019. MCCLINTOCK, Anne. “Adeus ao nacionalismo futuro”. Nacionalismo, gênero e raça. In: MCCLINTOCK, Anne Couro imperial. Raça, gênero e sexualidade no embate colonial. Trad. Plínio Dentzien. Campinas, Editora da Unicamp, 2010. NIKARATTY, Leandra. “O que mais me marcou na vida é ser barrada e não poder entrar nos lugares: esta é a geografia de uma travesti.” In: SILVA, Joseli Maria; ORNAT, Márcio José; CHIMIN JUNIOR, Alides Baptista (Orgs.). Geografias malditas: corpos, sexualidades e espaços. Ponta Grossa: Todapalavra, 2013, p. 39-54. PRECIADO, Paul B. “Tecnogênero”. In: PRECIADO, Paul B. Testo junkie: sexo, drogas e biopolítica na era farmacopornográfica. São Paulo: n-1, 2018, p. 109-139. RIQUELME, Fernanda. “A vida da travesti é glamour, mas também é violência em todo lugar.” In: SILVA, Joseli Maria; ORNAT, Márcio José; CHIMIN JUNIOR, Alides Baptista (Orgs.). Geografias malditas: corpos, sexualidades e espaços. Ponta Grossa: Todapalavra, 2013, p. 55-68. SILVA, Susana Veleda da. Geografias feministas brasileiras. In: GARCIA, María Verónica Ibarra; HERRERA, Irma Escamilla (Orgs.). Geografías feministas de diversas latitudes: orígenes, desarrollo y temática contemporáneas. México: UNAM, 2016. ULLOA, Astrid. Feminismos territoriales em América Latina: defensas de la vida frente a los extractivismos. Nómadas – Revista de la Universidad Central, n. 45, Bogotá – Colombia, out. de 2016, p. 123-139. |
||||
Carga Horária: |
12 horas |
||||
Tipo: | Obrigatória | ||||
Vagas oferecidas: | 30 | ||||
Ministrantes: |
Ginneth Pulido Gomez Vi Santos Almeida |
voltar |
Créditos © 1999 - 2024 - Superintendência de Tecnologia da Informação/USP |