Atividade

94374 - Virginia Woolf e Bertolt Brecht: tragédia, romance, revolução

Período da turma: 03/02/2020 a 13/02/2020

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Descrição: Título: Virginia Woolf e Bertolt Brecht: Tragédia, Romance, Revolução

Objetivos: Apresentar aos interessados um modo de ler as obras literárias a partir das suas respectivas constituições formais sem negligenciar a formação sócio-histórica e política sobre a qual estes projetos estéticos foram erigidos. Além do mais, será dada uma atenção especial às ideias tragédia, romance e revolução, as quais são centrais para a literatura e para a política.

Justificativa:
O curso se justifica não apenas pela possibilidade da comunidade, tanto interna quanto externa à USP, obter um aprofundamento sobre os romancistas Virginia Woolf e Bertolt Brecht, mas também pela discussão a respeito de ideias tão importantes para as humanidades de maneira geral, tal como tragédia, romance e revolução. Além disso, não se pode perder de vista que a ênfase nas inter-relações entre a forma literária dos livros e o processo social da Europa dos anos 1920 e 1930 tem o potencial de oferecer aos interessados um conhecimento, a um só tempo, estético, histórico e político de um momento histórico do maior interesse. Daí, o curso ser dividido de modo a contemplar a análise dos romances As ondas (1931) de Woolf e O romance de três vinténs (1931) de Brecht, bem como a reflexão sobre o modo pelo qual essas três ideias se articularam sócio-historicamente e dentro das obras supracitadas.

Programa:
1a parte
Tragédia, Romance, Revolução
As ideias como interpretações objetivas dos fenômenos.

Aula 1: Segunda feira (03/02)
Tragédia
Poética da tragédia: conhecimento da lei formal da poesia trágica. Poética (335 a.C.-323 a.C.) de Aristóteles.
Transição de uma poética dos gêneros normativa para uma poética dos gêneros especulativa, ou, para uma filosofia da arte. Ensaio sobre o trágico (1961) de Peter Szondi.
Filosofia do trágico: a ideia da tragédia em um trágico em si. O nascimento da tragédia (1872) de Friedrich Nietzsche.
Filosofia da história da tragédia: é filosofia, porque pretende conhecer a ideia da tragédia e não a lei formal da poesia trágica, diferenciando-se assim das poéticas normativas, mas essa filosofia se recusa a ver a ideia da tragédia em um trágico em si, em algo que não esteja ligado nem a uma situação histórica, nem necessariamente à forma da tragédia, à arte em geral. Origem do drama trágico alemão (1928) de Walter Benjamin.
Tragédia Moderna e tragédia no século XX: a tomada de consciência de que as forças que se apresentaram para protagonizar a superação do capitalismo, na verdade, faziam parte da sustentação do capitalismo. Programa de transição (1938) de L. Trotsky; Tragédia moderna (1966) de R. Williams.

Aula 2: Terça feira (04/02)
Romance
2.1. A ascensão do romance: A ascensão do romance (1957) de Ian Watt.
2.2. O romanesco: Cursos de estética (1820-21/23; 1835) de G. W. F. Hegel.
2.3. O romance: “O que é um romance?” (2005) de T. Eagleton.
2.4. A teoria do romance: A teoria do romance (1916) de G. Lukács.
2.5. A estilística e o problema do romance como épica: “Épica e romance” e Teoria do romance I: a estilística de M. Bakhtin.
2.6. O romance e a formação da subjetividade burguesa: “O Romance como Epopéia Burguesa” de G. Lukács.
2.7: Romance modernista: “Posição do narrador no romance contemporâneo” (19 ) de T. W. Adorno e “Reflexões sobre o romance contemporâneo” (19 ) de A. Rosenfeld.

Aula 3: Quarta feira (05/02)
Revolução
3.1. História da revolução. A longa revolução (1961) e Palavras-chave (1976) de R. Williams.
3.2. A revolução como programa: Manifesto do Partido Comunista (1848) de K. Marx e F. Engels; “Reforma ou revolução?” (1899) de R. Luxemburgo; A revolução permanente (1930) de L. Trotsky.
3.3. Tragédia e revolução: Tragédia moderna (1966) de R. Williams.
3.4. Vanguarda: O estado e a revolução (1917) de V. Lênin; Literatura e revolução (1923) de L. Trotsky; Subdesenvolvimento e revolução (1969) de R. M. Marini.
3.5. Revolução e modernismo: Teoria da vanguarda (1974) de P. Bürger; “Modernidade e Revolução” (1984) de P. Anderson.

2a parte
As ondas (1931) de Virginia Woolf e O romance de três vinténs (1934) de Bertolt Brecht

Aula 4: Quinta feira (06/02)
As ondas (1931) de Virginia Woolf
4.1. Make it new.
4.2. Memória e intelecto, revelação e razão.

Aula 5: Segunda feira (10/02)
As ondas (1931) de Virginia Woolf (continuação)
5.1. Acumulação existencial: o ruir da tensão entre a vida e a morte.
5.2. O longo adeus do capitalismo liberal.

Aula 6: Terça feira (11/02)
O romance de três vinténs (1934) de Bertolt Brecht
6.1. A hora da agitprop no romance.
6.2. Artimanhas da acumulação do capital.

Aula 7: Quarta feira (12/02)
O romance de três vinténs (1934) de Bertolt Brecht (continuação)
7.1. Os deuses não entrarão em Valhalla: sobre putas e trambiqueiros.
7.2. A ordem reina em Berlim.

3a parte
Revolução e Contrarrevolução

Aula 8: Quinta feira (13/02)
Revolução e Contrarrevolução na história e na literatura
8.1. Irracionalismo e decadência ideológica: “Marx e o problema da decadência ideológica” (1938) de G. Lukács.
8.2. Reação no front cultural: transposição e disseminação de velhos conteúdos por novas formas. “Teatro na luta de classes” (2009) de Iná Camargo Costa.
8.3. A ideia de contrarrevolução: Revolução e contrarrevolução segundo Marx, Trotsky e Marini.

Bibliografia secundária:

Adorno, Theodor. “Sobre a ingenuidade épica” e “Posição do narrador no romance contemporâneo”. In: Notas de literatura I. Trad. Jorge de Almeida. São Paulo: Editora 34 e Livraria duas cidades, 2003, p. 47-63.
_____. In search of Wagner. Trans. Rodney Livingstone. London and New York: Verso, 2009.
Anderson, Perry. “Modernity and revolution”. In: Zone of engagement. London and New York: Verso, 1992, p. 25-55.
_____. English questions. London and New York: Verso, 1992.
Aristóteles. Retórica. Trad. Manuel Alexandre Júnior, Paulo Farmhouse Alberto e Abel do Nascimento Pena. São Paulo: Martins Fontes, 2012.
Bakhtin, Mikhail. “Epic and novel: toward a methodology for the study of the novel”. In: The dialogic imaginaton: four essays by M. M. Bakhtin. Trans. Caryl and Michael Holquist. Austin: University of Texas press, 1981.
_____. Teoria do romance I: a estilística. Trad. Paulo Bezerra. São Paulo: Editora 34, 2015.
Benjamin, Walter. Origem do drama barroco alemão. Trad. João Barrento. São Paulo e Belo Horizonte: Autêntica, 2011.
_____. “A crise do romance. Sobre Alexanderplatz, de Döblin”. In: Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Trad. Sergio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 2011, p. 54-60.
Booth, Wayne C. The rhetoric of fiction. Chicago and London: The University of Chicago Press, 1983.
_____. A rhetoric of irony. Chicago and London: The University of Chicago Press, 1974.
Bürger, Peter. Teoria da vanguarda. Trad. José Pedro Antunes. São Paulo: Cosac Naify, 2008.
Burnett, Henry. Para ler o nascimento da tragédia de Nietzsche. São Paulo: Edições Loyola, 2012,
Candido, Antonio. “A timidez do romance”. In: Vários escritos. Rio de Janeiro: Ouro sobre azul, 2004, p. 61-80.
_____. “Aparecimento da ficção”. In: Formação da literatura brasileira: momentos decisivos 1750-1880. Rio de Janeiro: Ouro sobre azul, 2013, p. 427-461.
_____. “A personagem do romance”. In: A personagem de ficção. São Paulo: Perspectiva, 2017, p. 51-80.
Eagleton, Terry. Doce violência: a ideia do trágico. Trad. Alzira Allegro. São Paulo: Editora Unesp, 2003.
_____. “What is a novel?” In: The English novel. Oxford: Blackwell, 2005, p. 1-21.
_____. “Walter Benjamin”. In: Walter Benjamin or towards a revolutionary criticism. London and New York: Verso, 2009, p. 3-78.
Hitler, Adolf. Minha luta. Trad. Editora Geek. São Paulo: Editora Geek, 2018.
Hobsbawm, Eric. Era dos extremos: o breve século XX – 1914-1991. Trad. Marcos Santarrita, 2005.
Lenin, Vladímir I. O estado e a revolução. Trad. Edições avante! e Paula Almeida. São Paulo: Boitempo, 2017.
Loureiro, Isabel. A revolução alemã (1918-1923). São Paulo: Editora Unesp, 2005.
Lukács, Georg. A teoria do romance. Trad. José Marco Mariani de Macedo. São Paulo: Livraria duas cidades e editora 34, 2007.
_____. “O romance como epopeia burguesa”. In: Arte e sociedade: escritos estéticos 1932-1967. Carlos Nelson Coutinho e José Paulo Netto (org.). Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2009.
Luxemburgo, Rosa. Reforma social ou revolução?. São Paulo: Expressão popular, 2019.
_____. Textos escolhidos II (1914-1919). Trad. Isabel Loureiro. São Paulo: Editora Unesp, 2017.
Marx, Karl. Manifesto comunista. Trad. Álvaro Pina. São Paulo: Boitempo, 2019.
_____. Revolution and conter-revolution or, Germany in 1848. Dumfries and Galloway: Anodos books, 2019.
_____. Lutas de classes na Alemanhã. Trad. Nélio Schneider. São Paulo: Boitempo, 2016.
Machado, Roberto (org.). Nietzsche e a polêmica sobre o nascimento da tragédia. Trad. Pedro Süssekind. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005.
Mandel, Ernest. O capitalismo tardio. Trad. Carlos Eduardo Silveira Matos, Regis de Castro Andrade e Dinah de Abreu Azevedo. São Paulo: Abril cultural, 1982.
Nietzsche, Friedrich. O nascimento da tragédia. Trad. J. Guinsburg. São Paulo: Companhia das letras, 2017.
_____. O caso Wagner e Nietzsche contra Wagner. Trad. Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das letras, 2016.
_____. Crepúsculo dos ídolos. Trad. Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das letras, 2019.
Schmitt, Carl. A crise da democracia parlamentar. Trad. Inês Lohbauer. São Paulo: Página aberta, 1996.
Sohn-Rethel, Alfred. The economy and class structure of German fascism. London: Free association books, 1987.
Szondi, Peter. Ensaio sobre o trágico. Trad. Pedro Süssekind. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004.
Trotsky, A luta contra o fascismo: revolução e contrarrevolução na Alemanha. Trad. Mario Pedrosa e Rafael Padial. São Paulo: Sundermann, 2019.
_____. Literatura e revolução. Trad. Luiz Alberto Moniz Bandeira. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007.
_____. A revolução permanente. Trad. São Paulo: Expressão popular, 2007.
Wagner, Richard. A arte e a revolução. Trad. José M. Justo. Lisboa: Antígona, 2000.
_____. O ouro do reno. São Paulo: Theatro Municipal, 2013.
Watt, Ian. “O realismo e a forma do romance”. In: A ascensão do romance: estudos sobre Defoe, Richardson e Fielding. Trad. Hildegard Feist. São Paulo: Companhia das letras, 2010.
Williams, Raymond. Tragédia moderna. Trad. Betina Bischof. São Paulo: Cosac Naify, 2002.
_____. The long revolution. London: Penguin, 1984.
_____. “Notes on English prose 1780-1950”. In: Writing in society. London and New York: Verso, 1991.

Carga Horária:

16 horas
Tipo: Obrigatória
Vagas oferecidas: 70
 
Ministrantes: Lindberg Souza Campos Filho


 
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