Unidade:
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Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas |
Modalidade:
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Difusão |
Tipo:
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Presencial |
Público Alvo:
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Estudantes de filosofia, psicologia e demais interessados |
Objetivo:
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É conhecido como a década de 1950 foi um momento crucial na experiência do pensamento francês: uma passagem ou um apagamento da fenomenologia e do existencialismo em prol do estruturalismo. São abundantes as páginas em que os "ditos" estruturalistas buscam se afastar do que eles compreendiam como uma filosofia da consciência (que teria em Edmund Husserl sua figura maior). Entretanto, não se trata de uma ruptura tão radical como se professa comumente. Não é difícil encontrarmos temas fenomenológicos nas páginas estruturalistas. Parece mais seguro afirmarmos que a tentativa dos estruturalistas é ir além de uma filosofia da consciência.
Um exemplo notável desta tentativa nós encontramos na experiência de pensamento de Jacques Lacan se levarmos em consideração que ele foi o psicanalista que mais dialogou com a filosofia e que começou seu retorno a Freud, como ele denomina seus ensinos, meio a uma atmosfera fenomenológica na França. Sem dúvida nenhuma, a fenomenologia não lhe era estranha e não passou alheia à sua experiência intelectual.
Entretanto, Lacan não se satisfaz com o desdobramento da fenomenologia enquanto uma filosofia da consciência para se pensar o campo da clínica. A seu ver, ela "não nos faz avançar muito". Era preciso pensar de outro modo, levando em conta, principalmente, o desejo - algo que a fenomenologia teria pensado de forma muito limitada à consciência (a intencionalidade da consciência não parece dar conta do que Sigmund Freud propunha desde A interpretação dos sonhos).
Num primeiro momento, iremos buscar entender o que se denomina uma filosofia da consciência para, logo em seguida, nos voltarmos à tese de doutorado de Lacan (1932) em que encontramos, ao mesmo tempo, uma aproximação e uma distorção da fenomenologia. Veremos também como o retorno a Freud exigiu uma releitura e mesmo um afastamento da fenomenologia e, principalmente, do existencialismo de Jean-Paul Sartre. Para isto, iremos nos deter num de seus textos mais importantes (O estádio do espelho como formador da função do Eu (1949)) e nos seus dois primeiros seminários (ministrados entre 1953 a 1955).
De modo geral, podemos dizer que este curso visa mostrar uma relação próxima e, ao mesmo tempo, ambígua de Jacques Lacan com a fenomenologia focando as suas primeiras formulações. Nesta perspectiva, a fenomenologia parece ser um momento importante na sua experiência intelectual. Buscamos, afinal, avaliar se a fenomenologia foi "superada" pela psicanálise; e, se for o caso, avaliar quais ganhos poderíamos ter na filosofia a partir da perspectiva lacaniana. Nossa pretensão é mostrar como o diálogo entre a fenomenologia e a psicanálise, especialmente a psicanálise lacaniana, não se limita ao campo da clínica - ele parece ser atualmente revisitado por diversos pensadores no campo da filosofia. Não se trata, assim, apenas de "revisitar" um diálogo, mas de apontar sua atualidade e os impasses que este nos legou. Na verdade, este curso está inserido num debate que envolve um problema maior entre a filosofia e a psicanálise - um espaço que Bento Prado Junior denominou filosofia da psicanálise. |
Pré-requisito Graduação:
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Não |
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Área de Conhecimento:
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Filosofia
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