Disciplina Discipline FLH5660
Historiografia no Final da Antiguidade e na Idade Média: Memória das Gentes e dos Fatos

Historiography at the end of Antiquity and the Middle Ages: memory of people and facts

Área de Concentração: 8138

Concentration area: 8138

Criação: 29/05/2023

Creation: 29/05/2023

Ativação: 29/05/2023

Activation: 29/05/2023

Nr. de Créditos: 2

Credits: 2

Carga Horária:

Workload:

Teórica

(por semana)

Theory

(weekly)

Prática

(por semana)

Practice

(weekly)

Estudos

(por semana)

Study

(weekly)

Duração Duration Total Total
10 10 10 1 semanas 1 weeks 30 horas 30 hours

Docentes Responsáveis:

Professors:

Marcelo Aparecido Rede

Oliver Georges Alain Devillers

Objetivos:

O objetivo deste programa é mostrar o papel da historiografia como um lugar de memória dos eventos do passado. A historiografia da Antiguidade tardia e do início da Idade Média está no cerne da questão, que será abordada justamente através da Crônica do Pseudo-Fredegário, escrita por volta de 660 d.C. A ligação com a hagiografia também será considerada através de um escrito de Gregório de Tours, o Liber Vitae Patrum, que, embora tenha sua própria especificidade, também testemunha em parte uma lógica de composição comparável. Finalmente, será importante traçar a evolução da historiografia desde o final do período clássico, concentrando-se nas várias leituras que foram feitas do mesmo evento por diferentes autores desde Floro. Os métodos utilizados serão a análise textual e o cruzamento entre as fontes e os testemunhos históricos.

Justificativa:

As relações entre memória e história têm sido, nas últimas décadas, um domínio de grandes transformações no debate historiográfico. O curso procurará discutir a problemática no quadro das transformações históricas e literárias entre o fim da Antiguidade e inícios da Idade Média.

Conteúdo:

- Aula 1. Fredegário e a crônica merovíngia A questão da dimensão historiográfica da Crônica será considerada, antes de tudo, através de seu método, em particular sua preocupação em estabelecer os fatos, seu tratamento das fontes e a arte da composição. A ligação com a história será desenvolvida através do exame do conjunto dos relatos de guerras, conflitos e batalhas da Crônica. - Aula 2. Figuras femininas no Liber Vitae Patrum de Gregório de Tours Este estudo procura determinar o papel e o lugar que as mulheres ocupam nos escritos cristãos e mais especificamente na Liber Vitae Patrum de Gregório de Tours, exemplo da literatura hagiográfica na Idade Média. Será que este autor, que considera as mulheres como o inferior sexus, privilegia os homens e não as mulheres em sua narrativa? O lugar da mulher nesta obra reflete uma realidade histórica? Que papel Gregório dá às mulheres nesta série de uitae: no pano de fundo ou como ativas na narrativa? E se elas participam da narrativa, com que finalidade? A santidade feminina, encarnada na obra em Monegonda de Chartres, é a mesma que a santidade masculina? - Aula 3. A tradição acerca da rebelião de Lepidus em 78-77 a.C. Em 78 a.C., o cônsul M. Aemilius Lepidus tomou uma forte posição a favor da abolição dos atos de Sila. Suas palavras e promessas causaram desordem em Roma. Enviado à Etrúria, onde os confiscos de Sila estavam na origem da agitação, ele se voltou contra Roma e marchou contra a cidade. Derrotado, refugiou-se na Sardenha. Assim pode ser resumido o tumultus Lepidi, que sacudiu Roma após a morte de Sila. Os dois principais relatos do evento, de Tito Lívio e de Salústio, são muito pouco conhecidos para nós, mesmo que tenhamos alguns fragmentos para Salústio e, para Tito Lívio, o livro 90 da Periochae. Estes dois grandes historiadores, no entanto, constituíram os principais transmissores da tradição que se formou em torno de Lepidus. Nos concentraremos sobre cinco evocações do mesmo: por Florus, por Granius Licinianus, por Apiano, por Exuperantius e por Orósio. Com estes dois últimos, estaremos nos inícios da historiografia do início da Idade Média que teremos buscado compreender durante as duas primeiras sessões.

Forma de Avaliação:

Trabalho final (em português)

Observação:

O curso terá 3 aulas. Cada uma delas terá duração de quatro horas, com exposição e discussão de textos e de documentos. A avaliação consistirá de um trabalho final (em português) Importante: o curso será ministrado em francês

Bibliografia:

Coumert M. 2007 : Origines des peuples. Les récits du Haut Moyen Âge occidental (550-850), Paris, 2007. Beaujard B. 2000 : Le culte des saints en Gaule : Les premiers temps, d'Hilaire de Poitiers à la fin du VIe siècle, Paris. Dailey E. T. 2015 : Queens, Consorts, Concubine : Gregory of Tours and Woman of the Merovingian Elite, Leyde-Boston, 2015. Devillers O. & Meyers J. 2001 : Frédégaire. Chronique des temps mérovingiens (Livre IV et Continuations). Traduction, introduction et notes, Turnhout, 2001. Devillers O. & Sebastiani B. B., éd., 2018 : Sources et modèles des historiens anciens, Bordeaux, 2018. Devillers O. & Sebastiani B. B., éd., 2021 : Sources et modèles des historiens anciens, 2, Bordeaux, 2021. Goffart W. 1988 : The Narrators of Barbarian History : Jordanes, Gregory of Tours, Bede and Paul the Deacon, Princeton, 1988. Grégoire de Tours, Liber Vitae Patrum, édition et traduction de L. Pietri, 2016, Paris. Heinzelmann M. 2001 : Gregory of Tours, history and society in the sixth century, Cambridge, 2001. Kitchen J. 1998 : Saint’s Lives and the Rhetoric of Gender: Male and Female in Merovingian Hagiography, New York, 1998. La Penna A. & Funari R., éd., 2015 : C. Sallusti Crispi Historiae, I. Fragmenta 1.1-146, Texte und Kommentare, Berlin-Boston, 2015. Rosenblitt J.A. 2019 : Rome after Sulla, Londres-New York, 2019. Wood I. N. 1994 : “Fredegar’s Fables”, in : A. Scharer & G. Scheibelreiter, éd., Historiographie im frühen Mittelalter, Vienne-Munich, 1994, 359-366.

Tipo de oferecimento da disciplina:

Presencial

Class type:

Presencial