Promover oportunidades de aprendizado significativo introdutórios no primeiro ano do Curso, contribuindo com a formação do(a) enfermeiro(a) nas áreas de competência do cuidado integral à saúde com foco na identificação de necessidades individuais e coletivas e em conhecimentos introdutórios sobre promoção da saúde, promoção da saúde mental e organização do cuidado no contexto da Atenção Primária à Saúde (APS).
Esta disciplina proporciona ao aluno de enfermagem a apresentação e inserção na APS, por meio de imersões em serviços da Estratégia Saúde da Família (ESF) no contexto do Sistema Único de Saúde (SUS). O Território-Processo deve ser reconhecido como espaço social onde vivem, trabalham e adoecem as pessoas e onde os serviços de saúde com suas equipes desenvolvem ações intersetoriais para o cuidado, promoção da saúde, promoção da saúde mental e prevenção de doenças. Para tanto, os estudantes necessitam articular os saberes cognitivos, procedimentais e atitudinais, visando conhecer e se vincular eticamente à equipe de saúde e às famílias, com vistas a compreender a produção social do processo saúde-doença e desenvolver um plano de cuidados introdutório a partir das necessidades psicossociais e de saúde identificadas.
Saberes Cognitivos: -Políticas e desafios atuais do Sistema Único de Saúde (SUS) e da Atenção Primária à Saúde (APS); -Necessidades psicossociais e de saúde na perspectiva da integralidade da saúde; -Territorialização: equipamentos sociais, lideranças da comunidade, perfil demográfico, sócio sanitário e epidemiológico da área de abrangência, características ambientais do território e dinâmica social do território; -Visita domiciliar: conceito, finalidade, planejamento e aspectos éticos; -Estratégia Saúde da Família, Estratégia Agentes Comunitários de Saúde, Unidade Básica de Saúde (UBS) e Unidade de Saúde da Família (USF) como dispositivos da APS constituinte do SUS; -Promoção da saúde e promoção da saúde mental no contexto da APS; -Conceitos de família, avaliação e identificação das potencialidades e necessidades da família, genograma e ecomapa; -Estabelecimento de vínculo com as famílias e identificação das necessidades psicossociais no âmbito da APS; -Noções de biossegurança aplicadas à APS; -Comunicação e entrevista em saúde, relacionamento interpessoal, observação e escuta; -Processo de trabalho em saúde, trabalho em equipe e equipe de enfermagem. Saberes Procedimentais: -Reconhece o território como espaço do trabalho em saúde: fluxo de pessoas, relações estabelecidas entre grupos sociais, equipamentos sociais, conhecimentos sobre informação em saúde, território, família, equipe de saúde e inicia as etapas preliminares do diagnóstico comunitário; -Inicia o desenvolvimento de intervenção em saúde de caráter coletivo e atividades de educação em saúde; -Inicia o reconhecimento do processo de trabalho em saúde; -Coleta dados com as famílias, nos prontuários e sistemas de informação; -Inicia o processo de articulação e comunicação com membros da equipe de saúde e com usuários do serviço; -Realiza visita domiciliar; -Desenvolve habilidade de comunicação, observação, escuta, estabelecimento de vínculo e relação respeitosa/ética com os colegas da turma, professores, profissionais de saúde e usuários do serviço de saúde; -Realiza entrevista sistematizada no domicílio visando a construção de história de vida das famílias, a partir da elaboração de questões pertinentes ao cuidado integral; -Identifica potencialidades e as necessidades psicossociais e de saúde (individual e coletiva); -Elabora o genograma e ecomapa das famílias visitadas e os utiliza como instrumento de avaliação e do cuidado; -A partir da identificação das necessidades psicossociais e de saúde elabora um plano de cuidados introdutório com foco na promoção da saúde e da saúde mental; -Realiza pesquisa bibliográfica em base de dados; -Realiza anotações de enfermagem sobre as visitas domiciliares nos prontuários de família (observando os quesitos clareza, síntese, ortografia, concordância e linguagem científica) e respeita aspectos legais e de organização do prontuário para o planejamento e continuidade do cuidado; -Adota medidas de biossegurança pertinentes à APS. Saberes Atitudinais: -Reflete sobre si mesmo e sobre sua prática profissional; -Age respeitando os princípios éticos; -Comunica-se de forma verdadeira, clara e respeitosa com todos os envolvidos no processo ensino-aprendizagem; -Age como sujeito ativo do processo ensino-aprendizagem; -Contribui com o processo ensino-aprendizagem em grupo sendo participativo e responsável pela execução das atividades propostas; Desenvolve cooperação e responsabilidade junto aos atores sociais: alunos, professores, usuários, membros da equipe e comunidade. Método de Ensino: Os cenários de aprendizagem são salas de aula, ambiente virtual de aprendizagem (e-Disciplinas USP), Laboratórios de Prática Profissional (LPP) e imersões em unidades de Estratégia Saúde da Família (ESF). As estratégias de ensino são aulas expositivas dialogadas, discussões e atividades grupais, atividades no e-Disciplinas USP, estudos de caso e simulações nos laboratórios de prática profissional. Nas imersões os alunos são estimulados a aplicar os saberes cognitivos, procedimentais, atitudinais e a refletir criticamente sobre a realidade e dinâmica do território, das famílias, das equipes, da prática profissional do enfermeiro e dos Agentes Comunitários de Saúde na Atenção Primária à Saúde.
ANDRADE, S. M.; SOARES, D. A.; CORDONI J. L. (Org.). Bases da saúde coletiva. Londrina: UEL, 2001. 267 p. AMADOR, D. V.; SILVA, K. L. Promoção da Saúde: histórico, conceito e práticas no contexto da saúde coletiva. In: SOUZA, M. C. M. R.; HORTA, N. C. Enfermagem em Saúde Coletiva: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. p. 13-21. AYRES, J. R. C. M. Cuidado e reconstrução das práticas de Saúde. Interface, Botucatu, v. 8, n. 4, 2004, p.73-92. BRASIL. Lei Nº 8.080, de 19 de Setembro de 1990. Diário Oficial da União, 20 set. 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm>. BERTUSSI, D. C.; OLIVEIRA, M. S. M.; LIMA, J. V. C. A unidade básica no contexto do sistema de saúde. In: ANDRADE, S. M.; SOARES, D. A.; CORDONI J. L. (Org). Bases da saúde coletiva. Londrina: UEL, 2001. p.133-143. BRASIL. Lei Nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990. Diário Oficial da União, 31 dez. 1990. BRASIL. Ministério da Saúde. O SUS de A a Z: garantindo saúde nos municípios. 3.ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2011. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 648, de 28/3/2006. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica para o Programa Saúde da Família (PSF) e o Programa Agentes Comunitários de Saúde (PACS). Disponível em http://www.saudeprev.com.br/psf/saopaulo/GM-648.htm Acesso em 26/04/2011. BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção Básica. Portaria Nº 2.488, de 21 de outubro de 2011. Brasília: Ministério da Saúde; 2011e. Disponível em:http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2488_21_10_2011.html BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2436 de 21 de setembro de 2017. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 22 set. 2017. Seção 1, p. 68. BRASIL. Portaria MS/GM n.º 2.446, de 11 de novembro de 2014. Redefine a Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS). Diário Oficial da União 2014; 11 nov. EGRY, E.Y; FONSECA, R.M.G.S. A família, a visita domiciliária e a enfermagem: revisitando o processo de trabalho da enfermagem em saúde coletiva. Rev. Esc Enf. USP. 2000;34(3):233-239. FERNANDEZ, A.; MORENO-PERAL, P.; ZABALETA-DEL-OLMO, E.; BELLON, J.A.; ARANDA-REGULES, J.M.; LUCIANO, J.V.; et al. Is there a case for mental health promotion in the primary care setting? A systematic review. Prevention Medicine. [Internet]. 2015 [cited 2017 Apr 30]; 76:S5-S11. Available from: . https://doi.org/10.1016/j.ypmed.2014.11.019 FORTUNA, C. M. (org). O cuidado integral na atenção primária à Saúde: saberes e práticas. São Paulo: EDUSP, 2022. GARCIA, R. A. Guia de boas práticas de enfermagem na atenção básica: norteando a gestão e a assistência. Rosana Aparecida Garcia et al. São Paulo: Coren-SP, 2017. Disponível em: https://portal.coren-sp.gov.br/wpcontent/uploads/2017/11/guia_de_boas_praticas_de_enfermagem_na_atencao_basica_norteando_gestao_a_assistencia_corrigi do.pdf KALRA, G.; et al. Mental health promotion: guidance and strategies. European Psychiatry, v.27, n.2, p. 81-6. 2012. Available from: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S092493381100160X MACHADO, M. F. A. S., et al. Integralidade, formação de saúde, educação em saúde e as propostas do SUS - uma revisão conceitual. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v.12, n.2, p.335-42, 2007. MALTA, DC et al . O SUS e a Política Nacional de Promoção da Saúde: perspectiva resultados, avanços e desafios em tempos de crise. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro , v. 23, n. 6, p. 1799-1809, June 2018 . Available from http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232018000601799&lng=en&nrm=iso MEHTA, N.; CROUDACE, T. DAVIES, D. S. C. Public mental health: evidenced-based priorities. Lancet [Internet]. 2014 Sep 8 [cited 2014 Oct 23]; Available from: http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0140673614614008 PEREIRA, M.J.B; MISHIMA, S.M; FORTUNA, C.M; MATUMOTO S.; TEIXEIRA, R.A, FERRAZ, C.A; et al. Assistência domiciliar: instrumento para potencializar processos de trabalho na assistência e na formação. In: Barros, A.F.R. Observatório de Recursos humanos em saúde no Brasil: estudos e análise. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. P. 71-80. PINHEIRO R., BARROS, M.E.B, MATTOS RA, organizadores. Trabalho em equipe sob o eixo da integralidade: valores, saberes e práticas. Rio de Janeiro: CEPESC; 2007. ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE. Renovação da Atenção Primária em Saúde nas Américas. Washington (DC): Organização Pan-Americana da Saúde, 2008. Disponível em: https://iris.paho.org/bitstream/handle/10665.2/31085/9275726981- por.PDF?sequence=1&isAllowed=y PAIM, J. S. O que é o SUS. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2015. 93 p. Disponível em: http://www.livrosinterativoseditora.fiocruz.br/sus/ PINHEIRO, R E MATTOS, R.A. (organizadores). Construção da Integralidade: cotidiano, saberes e práticas em saúde. RJ: UERJ, IMS: ABRASCO, 2003. PINHEIRO, R E MATTOS, R.A. (organizadores). Os sentidos da integralidade na atenção e no cuidado à saúde. 6. ed. Rio de Janeiro: IMS/UERJ - CEPESC - ABRASCO, 2006. SANTOS, A. L.; RIGOTTO, R. M. Território e territorialização: incorporando as relações produção, trabalho, ambiente e saúde na atenção básica à saúde. Trab. Educ. Saúde, Rio de Janeiro, v.8, n.3, p.387-406, nov. 2010. SOARES, C.B.; CAMPOS, C.M.S. (orgs). Fundamentos de saúde coletiva e o cuidado de enfermagem. Manole; São Paulo: 2013. SOUZA, M. C. M. R.; HORTA, N. C. Enfermagem em Saúde Coletiva: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. STARFIELD, B. Atenção Primária à Saúde. Equilíbrio entre necessidades de saúde, serviços e tecnologia. Brasília: UNESCO, Ministério da Saúde, 2002. WRIGHT, L. M.; LEAHEY, M. Enfermeiras e famílias: um guia para avaliação e intervenção na família. São Paulo: Roca, 2012. WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Comprehensive mental health action plan 2013–2030. Geneva: World Health Organization; 2021. Licence: CC BY-NC-SA 3.0 IGO. Available from: https://www.who.int/publications/i/item/9789240031029.