Geral: Compreender a questão da origem e a diferenciação da diversidade biológica dentro de uma perspectiva histórico-geográfica. Específicos: Exploração da história das soluções dadas para a explicação para a distribuição geográfica da diversidade biológica. Serão contrastadas explicações ecológicas e históricas no estudo da distribuição da diversidade biológica ao longo das dimensões espacial e temporal. Para a interpretação das distribuições geográficas de táxons ao longo de suas histórias, serão apresentados os fundamentos de alguns métodos de reconstrução biogeográfica, fundamentados no princípio de que a distribuição de todas as espécies relaciona-se ao processo evolutivo. Serão contrastados os papeis da dispersão e da vicariância como mecanismos possíveis de mudança, através do tempo, da distribuição geográfica dos organismos, e necessários para compreensão dos principais métodos de reconstrução biogeográfica. As histórias biogeográficas de táxons ao longo do Mesozoico e do Cenozoico (com ênfase em táxons com ocorrência na América do Sul) serão utilizadas para contextualizar e exemplificar as inferências biogeográficas.
A disciplina busca explicar as razões para a distribuição da diversidade biológica no planeta de uma perspectiva geográfica. Consideram-se fatores ecológicos e de longa duração que permitem a formulação de hipóteses sobre a evolução dos táxons no espaço e no tempo, assim como sua persistência em determinadas áreas mas não em outras. A história do pensamento biogeográfico, dos desenvolvimentos teóricos e de explicações biogeográficas para táxons com ocorrência na América do Sul são empregados para ilustrar os desafios e oportunidades relacionados à prática desta ciência.
O problema da distribuição espacial dos grupos biológicos: disjunção taxonômica. Histórico do pensamento biogeográfico. Filogeografia; pesquisa biogeográfica aplicada a populações e linhagens intraespecíficas; modelagem computacional da distribuição geográfica e hipóteses de distribuição potencial de táxons e suas linhagens. Desenvolvimentos teóricos da biogeografia histórica a partir da década de 1950: busca por padrões vicariantes e o impacto da sistemática filogenética sobre o conhecimento biogeográfico. Regiões biogeográficas; reconhecimento de padrões processos amplos e sua relevância para interpretação da distribuição da diversidade biológica—macroevolução e macroecologia. Disjunção e vicariância. Eventos de extinção, dispersão e vicariância e seus papéis na formação de padrões biogeográficos. Biogeografia ecológica; leis ecológicas e explicações para a distribuição desigual da diversidade pelo planeta; o conceito de nicho ecológico e sua relevância para compreensão da distribuição geográfica de táxons; conexões teóricas entre biogeografia e conservação biológica; espécies introduzidas. Biogeografia de ilhas. Biogeografia na América do Sul; teorias dos refúgios florestais, isolamento por rios (barreiras fluviais), introgressões oceânicas e soerguimento dos Andes como relevantes para a biogeografia neotropical. Histórias biogeográficas de táxons ao longo do Mesozoico e do Cenozoico: biogeografia de grupos primaria- ou exclusivamente austrais (histórias gondwânicas) e de grupos primária- ou exclusivamente setentrionais (histórias laurásicas).
AMORIM, D.S. (2024) Biogeografia da Região Neotropical, pp. 88-108. In: J.A. Rafael, C.J.B. de Carvalho & S. Casari (Eds.), Insetos do Brasil: Diversidade e Taxonomia. 2ª ed. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Manaus. 880 pp. BROWN, J.H. & M.V. LOMOLINO. 2006. Biogeografia (2a Edição). FUNPEC Editora. CARVALHO, C.J.B. & E.A.B. ALMEIDA [Eds.] (2016) Biogeografia da América do Sul | Análise de Tempo, Espaço e Forma (2a Edição). Editora Roca / Grupo Editorial Nacional (GEN). FAITH, D.P. 1992. Conservation evaluation and phylogenetic diversity. Biological Conservation 61, 1-10. HASEYAMA, K.L.F. & CARVALHO, C.J.B. 2011. Padrões de distrbuição da biodiversidade amazônica: Um ponto de vista evolutivo. Revista de Biologia Vol.Esp., 35–40. HOLT, B.G. et al. 2013. An update of Wallace's zoogeographic regions of the world. Science, 339: 74-77. HOORN, C. et al. 2010. Amazonia through time: Andean uplift, climate change, landscape evolution, and biodiversity. Science 330, 927-931. MCLOUGHLIN, S. 2001. The breakup history of Gondwana and its impact on pre-Cenozoic floristic provincialism. Australian Journal of Botany 49, 271–300. SANMARTÍN, I., ENGHOFF, H. & RONQUIST, F. (2001) Patterns of animal dispersal, vicariance and diversification in the Holarctic. Biological Journal of the Linnean Society, 73: 345-390. SANMARTÍN, I. & F. RONQUIST. 2004. Southern Hemisphere biogeography inferred by event-based models: plant versus animal patterns. Systematic Biology 53: 216-243. SOBRAL-SOUZA, T. & LIMA-RIBEIRO, M.S. 2017. De volta ao passado: revisitando a história biogeográfica dasflorestas neotropicais úmidas. Oecologia Australis 21: 93-107. ZAMUDIO, K.R., BELL, R.C. & MASON, N.A. 2016. Phenotypes in phylogeography: Species’ traits, environmental variation, and vertebrate diversification. Proceedings of the National Academy of Sciences 113, 8041-8048.