Proporcionar ao graduando oportunidade para aprimoramento de seu conhecimento relativo às disfunções motoras orofaciais e alterações no sistema estomatognático, existentes em pacientes que frequentam o consultório odontológicos. Este objetivo será alcançado: I- Discusão das disfunções motoras orofaciais decorrentes (i) do envelhecimento, (ii) da influência de fármacos antipsicóticos (efeitos colaterais) (iii) de doenças neurodegenerativas. II- Análise vídeos de animais apresentando discinesia orofacial e atribuição do escore do grau. III- Análise vídeos de pacientes que apresentem discinesia orofacial.
Uma compreensão dos distúrbios do movimento orofacial é essencial para o cirurgião dentista interessado em tratar adequadamente os pacientes senis ou portadores de doenças neurodegenerativas/psiquiátricas. As funções motoras orofaciais, como movimentos de abertura e o fechamento da mandíbula, rotação e lateralidade, a mastigação e a deglutição, bem como a fonação, são comportamentos vitais que têm um impacto marcante na qualidade de vida de uma pessoa. Está bem estabelecido que as funções motoras orofaciais voluntárias são iniciadas e estão sob o controle da área motora primária no córtex cerebral. Juntamente com o córtex cerebral, os gânglios da base e o cerebelo são responsáveis pelo desempenho da função motora fina. Distúrbios do movimento orofacial envolvem os aspectos motores dos nervos cranianos V, VII e XII e podem se apresentar como hiperatividade ou hipoatividade da musculatura mastigatória, facial e da língua ou combinações de atividade nesses músculos voluntários. Esses distúrbios do movimento são condições patológicas mediadas centralmente, envolvendo os gânglios da base (caudado, putâmen, globus pallidus, núcleos subtalâmicos e substância negra) e sua comunicação com outras áreas do cérebro. A discussão neste curso é relativa a duas apresentações pouco conhecidas, embora relativamente comuns, de distúrbios hiperativos do movimento orofacial: discinesia orofacial e discinesia tardia. A discinesia orofacial é definida como movimento involuntário, repetitivo e estereotipado da face, língua e mandíbula. Discinesias podem ser induzidas em pacientes com doença de Parkinson pelo tratamento clássico da doença com o precursor da dopamina, a L-DOPA. A discinesia tardia representa movimentos estereotípicos rápidos, repetitivos, não aleatórios, envolvendo a língua, lábios e áreas da mandíbula. A discinesia tardia se manifesta após a exposição crônica a drogas bloqueadoras de receptores de dopamina (antipsicóticos típicos) usadas no tratamento de psicose e esquizofrenia. Adicionalmente, discutiremos mudanças motoras do sistema estomatognática relacionadas à idade, salientando a importância do entendimento das mesmas no atendimento ao paciente idoso no consultório odontológico.
AULAS: 1-Bases neurofisiológicas dos Distúrbios do Movimento Orofacial: estruturas responsáveis pelo desempenho da função motora fina 1.1-Aspectos motores dos nervos cranianos V, VII e XII; 1.2- Córtex cerebral, gânglios da base e cerebelo. 2-Síndrome de reações extrapiramidais induzidas por medicação, pelo envelhecimento e por doenças neurodegenerativas. 2.1-Definição de discinesia orofacial. 2.2-Definição de discinesia tardia. 3-Investigação dos neurotransmissores envolvidos nestas síndromes 3.1-Circuitos dopaminérgicos e seus sistemas eferentes nos gânglios da base e a influência destes na região orofacial. 4-Tratamentos farmacológicos incluindo: Anticolinérgicos; terapia GABAérgica (benzodiazepínicos); terapia dopaminérgica. 5-DISCUSSÃO FINAL
Bakke M, Larsen SL, Lautrup C, Karlsborg M. 2011 Orofacial function and oral health in patients with Parkinson’s disease. Eur J Oral Sci 119: 27–32. Blesa and S. Przedborski, 2014 Parkinson’s disease: animal models and dopaminergic cell vulnerability Frontiers in Neuroanatomy (8). Caruso AJ, Max L. 1997 Effects of aging on neuromotor processes of swallowing. Semin Speech Lang. 1997 May;18(2):181-92. Ciucci MR, Barkmeier-Kraemer JM, Sherman SJ 2008 Subthalamic nucleus deep brain stimulation improves deglutition in Parkinson’s disease Mov Dis 23(5): 676–683. Clark GT, Ram S 2016 Orofacial Movement disorders Oral Maxi Surg Clin N Am 28: 397–407 Etter NM, Mckeon PO, Dressler EV, Andreatta RD. 2017 Effects of ageing on orofacial fine force control and its relationship with parallel change in sensory perception. Int J Speech Lang Pathol. 2017 May 3:1-14. Friedlander, A H; Mahler M, Norman, K M; Ettinger N, 2009 Management Manifestations, Medical and Dental Parkinson Disease: Systemic and Orofacial J Am Dent Assoc 140: 658-669. Gould FDH, Gross A, German RZ, Richardson JR. 2018 Evidence Oropharyngeal Dysfunction in Feeding in the Rat Rotenone Model of Parkinson's Disease. Parkinsons Dis. 6537072. Ikeda H 2015 Investigating complex basal ganglia circuitry in the regulation of motor behavior, with particular focus on orofacial movement Behavioural Pharmacology 26:18–32 Kane JR, Ciucci MR, Jacobs AN, Tews N, Russell JA, Ahrens AM, Ma ST, Schallert T 2011 Assessing the role of dopamine in limb and cranial-promotor control in rat model of Parkinson's disease Jour Comm Disorders, 44 (5): 529-537. Koshikawa N1, Fujita S, Adachi K. 2011 Behavioral pharmacology of orofacial movement disorders, Int Rev Neurobiol. 2011;97:1-38. Robertson LT, Hammerstad JP. 1996 Jaw movement dysfunction related to Parkinson's disease and partially modified by levodopa. J Neurol Neurosurg Psychiatry. 60(1):41-50. LIVROS TEXTO Baldo MV e Regatão MC 2013 Fisiologia Oral Santos Editora Junge D 1998 Oral sensorimotor function Medical Dental International Inc. Ranjford A 1995 Occlusion. Saunders Schunke m; Schulte E; Schumacher U; Voll M; Wesker K 2007 Prometheus Atlas de Anatomia – Cabeça e Neuroanatomia. Guanabara Koogan Tambelli C 2014 Fisiologia Oral Artes Médicas