Visa-se realizar nesta disciplina, introdução à sociologia da arte a partir do estudo e análise da função social da arte e respectivamente da realidade social brasileira no contexto latino-americano. O foco do estudo e aprendizagem repousará na abordagem ao fenômeno da arte e estética na perspectiva social e periférica da sociedade brasileira. Serão considerados a questão social subjacente da produção e fruição da arte e história e etapas de desenvolvimento de sua produção e recepção, bem como as suas transformações sob a ótica de classes, relações culturais e principalmente de trabalho e renda.
Introdução a conceitos e fundamentos da sociologia da arte por meio de estudo, análise e discussões dialéticas baseadas metodologicamente em procedimentos bibliográficos bem como pesquisa de campo, com leitura, análise e discussão a partir de autores e o pensamento estético e artístico social brasileiros. Serão abordados o fenômeno estético social, a separação entre trabalho intelectual e trabalho manual, artistas e obras, produção e recepção cultural a partir das obras, pensamentos e manifestos, assim como manifestações populares no Brasil, a partir da região sudeste brasileira, São Paulo, a irradiar estudos e análises pelo país e América Latina.
Introdução, abordagem, métodos e avaliação. Autores e obras. Manifestações populares. O contexto cultural, conjuntura política. Fases históricas da arte em geral e da arte brasileira, na perspectiva social. A contribuição da missão francesa liderada por Lévi-Strauss. A perspectiva social de Florestan Fernandes. Arte colonial. Arte indígena. Arte afro. Arte popular. Semana de 22. O departamento de cultura de Mário de Andrade e o IPHAN. Pinacoteca do Estado. O Memorial da América Latina. Liceu de Artes e Ofícios. IAC/MASP, NDI/CIESP. A industrialização brasileira e a qualificação da mão de obra. A influência industrial de Le Corbusier e a bauhausiana e o cooperativismo da Unilabor. Plano-piloto de Brasília e candangos. I, II e III Bienais Internacionais de São Paulo. Abstracionismo e polêmica. Acordo MEC-USAID. A influência da CIA, segundo Saunders. O Museu da Solidariedade presidido por Mário Pedrosa, no contexto de Salvador Allende. CPC-UNE. Nise da Silveira e o movimento antipsiquiátrico. Arte e ideologia. Os Museus de Arte Moderna de São Paulo e do Rio de Janeiro. O mecenato de Ciccilo Matarazzo. A I Exposição Nacional de Poesia Concreta, a forma concreta, a origem do design brasileiro e inteligência nacional. A obra estética, artística e educativa de Joaquín Torres-García. O Museu de Arte de São Paulo, o projeto visionário de Pietro Bardi, o mecenato de Assis Chateaubriand. O ecletismo arquitetônico e o brutalismo paulista, segundo Ferro. O Golpe de 1964 e a resistência do crítico Mário Pedrosa. A resistência do crítico de arte moderna Mário Schenberg. Muralismo Mexicano e a Gráfica Mexicana. Tropicalismo. Teatro de Arena. Teatro do Oprimido de Augusto Boal. Teatro épico de Brecht - a função pedagógica da arte e do teatro. O vernacular na arte. A neoantropofagia de Oswald de Andrade no Teatro Oficina de José Celso Martinez Correa. Lina Bardi e o Serviço Social do Comércio-Fábrica. Artistas operários modernistas. O Projeto do Parque Ibirapuera no IV Centenário de São Paulo, por Oscar Niemeyer. A construção teórica-estética, histórica-cultural e criadora-projetiva de Aloísio Magalhães. Arte e cultura popular como resistência. O artesanato. A arte conceitual. A crítica revolucionária de Glauber Rocha, o Cinema da Boca-do-Lixo e o pessimismo de Person. O grafite dos anos 80. A arte pública. Projeto Arte/Cidade. Intervenções urbanas. Museu Afro. Corpo. Identidade. Metrópole. As novas bienais e os novos museus. Curadoria. Theodor Adorno e Max Horkheimer e a indústria cultural. Walter Benjamin e a obra de arte na era da reprodução técnica. Gui Debord e a Internacional Situacionista. Maio de 68. Novas temáticas. Novos estudos.
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