Introduzir os estudantes aos estudos do tema da interseccionalidade e sua importância para a compreensão das opressões que afetam grupos sociais vulneráveis em razão da sobreposição e intersecção de diferentes dimensões de opressão. Pesquisar e discutir como trazer o tema da interseccionalidade para o momento da formulação, implementação e avaliação de políticas públicas tomando como ponto de partida o estudo de experiências em outras partes de mundo (e também no Brasil), em perspectiva comparada, de modo a possibilitar aos estudantes uma reflexão sobre o tema, mas também uma inspiração para a formulação de políticas públicas similares, no Brasil.
Esta disciplina tem como objetivo o estudo do tema da interseccionalidade de modo a compreender a sobreposição de diferentes sistemas de opressão que interagem e são simultâneos na produção de vulnerabilidades sociais. Buscamos discutir a produção multidimensional das opressões e desigualdades e, também, estudar políticas públicas que assumiram uma perspectiva interseccional e/ou multidimensional operando de modo eficiente e efetivo como remédios contra opressões, desigualdades e injustiças. Parafraseando Patricia Hill Collins “Quando se trata de desigualdade social, a vida das pessoas e a organização do poder em uma dada sociedade, elas são melhor entendidas como sendo moldadas não por um único eixo de divisão social, seja raça ou gênero ou classe, mas por muitos eixos que trabalham juntos e influenciam uns aos outros. A intersecionalidade, como uma ferramenta analítica. dá às pessoas um melhor acesso à complexidade do mundo e de si mesmas”. Sendo assim, em perspectiva crítica, discutiremos: as justificativas (argumentos e ideologias) utilizadas tanto para o desenho de políticas públicas intersecionais quanto as justificativas e dificuldades utilizadas para endossar a não implementação de políticas com essa característica. O conteúdo teórico será apresentado por meio de seminários e/ou aulas teóricas proferidas por professores e pesquisadores convidados, do Brasil e do exterior, tanto presencialmente quanto sob a forma de videoconferências. As aulas serão proferidas em português ou inglês. O conteúdo prático se desenvolverá através do método PBL e EAD por meio do qual os estudantes desenvolverão projetos e esboços de projetos de políticas públicas intersecionais.
1- A história da formulação do conceito de intersecionalidade 2- O conceito de interseccionalidade em perspectiva comparada 3- A interseccionalidade como ferramenta analítica: estudos de casos 4- Metodologias interseccionais no desenho de políticas públicas
Alcoff, Linda Martin. Visible Identities. Race, gender, and the self. Oxford. Oxford University Press, 2006. ALEXANDER, M. The new Jim Crow: Mass incarceration in the age of colorblindness. New York: The New Press, 2012. BENTO, M. A. Branqueamento e branquitude no brasil. In: CARONE, I.; BENTO, M. A (Orgs) Psicologia social do racismo – estudos sobre branquitude e branqueamento no Brasil. Petropolis, RJ: Vozes, 2002. Collins, Patricia Hill. Intersecionality. Policy Press, 2016 COLLINS, P. H. Black feminist thought: knowledge, consciousness, and politics of empowerment. New York, Routledge, 2000. Telles, Edward (org) Pigmentocracies. Ethnicity, race, and color in Latin. America. Chapel Hill: The University of North Caroline Press, 2014 CRENSHAW, Kimberlé. Documento para o encontro de especialistas em aspectos da discriminação racial relativos ao gênero. Rev. Estud. Fem., Florianópolis , v. 10, n. 1, p. 171-188, jan. 2002 CRENSHAW, Kimberlé. Mapping the margins: Intersectionality, Identity, Politics, and Violence against Women of Color. Critical Race Theory, New York, The New Press. 1995. CRENSHAW, Kimberlé. Twenty Years of Critical Race Theory: looking back to move forward. Connecticut: Connecticut Law Review, v. 43, n. 5, p. 1253-1352, July 2011. DAVIS, Angela. Mulheres, Raça e Classe. São Paulo: Boitempo, 2016 GONZALEZ, L.Racismo e sexismo na cultura brasileira. Revista Ciências Sociais hoje, n. 2, 1983, pp. 223-244. Schucman, Lia. Entre o encardido, o branco e o branquíssimo: raça, hierarquia e poder na construção da branquitude paulistana. (Tese) Doutorado. Instituto de Psicologia. Universidade de São Paulo, 2012 SANTOS, José Alcides Figueiredo. A interação estrutural entre a desigualdade de raça e de gênero no Brasil. Rev. bras. Ci. Soc., São Paulo, v. 24, n. 70, p. 37-60, jun. 2009. SANTOS, Gislene Aparecida dos. Nem crime, nem castigo: o racismo na percepcao do judiciario e das vitimas de atos de discriminacao. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, v. 1,p. 184-207, 2015. SANTOS, G.; Matos, C; Noguti, H. H. Racismo ou nao? A percepcao de estudiosos do direito sobre casos com conteudos racistas. Revista de Estudos Empiricos em Direito, v. 1, p. 59-73, 2014. MINELLA, Luzinete Simões. Temáticas prioritárias no campo de gênero e ciências no Brasil: raça/etnia, uma lacuna?. Cad. Pagu, Campinas , n. 40, p. 95-140, jun. 2013 COTT, Donna Lee Van. Multiculturalism versus neoliberalism in Latin America. In: KYMLICKA, Will; Banting, Keith.Multiculturalism and the welfare state. Oxford: Oxford University Press, 2006, p. 272-296. GUIMARÃES, A. S. Racismo e anti-racismo no Brasil. São Paulo: Editora 34, 1999. ALVES, Dina. Rés negras, Judiciário branco: uma análise da interseccionalidade de gênero, raça e classe na produção da punição em uma prisão paulistana. Dissertação de Mestrado em Ciências Sociais. São Paulo, Universidade Pontifícia Católica de São Paulo, 2015. GUIMARAES, Antonio Sérgio Alfredo. Como trabalhar com "raça" em sociologia. Educ. Pesqui., São Paulo, v. 29, n. 1, 2003. MOREIRA, Adilson José. Cidadania Racial. REVISTA QUAESTIO IURIS, v. 10, p. 1052-1089, 2017. HALL, Stuart. Diáspora. Belo Horizonte: Humanitas, 2003. HASENBALG, C.; SILVA, N. V. Estrutura Social, Mobilidade e Raça. São Paulo: Vértice, 1988. HERINGER, Rosana. Desigualdades raciais no Brasil: síntese de indicadores e desafios no campo das políticas públicas. Cad. Saúde Pública. Rio de Janeiro. RIBEIRO, Carlos Antonio Costa. Classe, raça e mobilidade social no Brasil. Dados – Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, Vol. 49, no. 4, p. 883-873, 2006. SANTOS, Gislene Aparecida dos. Reconhecimento. Utopia. Distopia. Os sentidos da política de cotas raciais. São Paulo: Annablume/Fapesp, 2012. SANTOS, Gislene Aparecida dos. Mulher negra. Homem branco, Rio de Janeiro: Pallas, 2004. CARNEIRO, S. (1995). «Gênero, raça e ascensão social». Estudos Feministas, v. 3, n. 2, ano 3, pp. 544-552. SOUZA, Celina. Políticas públicas: uma revisão da literatura. Sociologias, Porto Alegre, n. 16, 2006. MOREIRA, Adilson José. Direitos Fundamentais como Estratégias Anti-Hegemônicas: Um Estudo Sobre a Multidimensionalidade de Opressões. Quaestio Iuris (Impresso), v. 9, p. 1559-1604, 2016. SANTOS, Gislene Aparecida dos. A invenção do ser negro. São Paulo/Rio de Janeiro: PUC/Pallas, 2002.
