A disciplina tem como primeiro objetivo promover a reflexão sobre a natureza da ciência a partir de uma perspectiva histórica, de modo a dar aos licenciandos a oportunidade de se posicionar a respeito do estatuto de verdade que acompanha os conteúdos e enunciados científicos e que geralmente oculta as práticas das quais eles decorrem. A disciplina visa ainda a discutir de modo crítico alguns dos episódios que têm sido considerados esclarecedores para um entendimento da ciência como fenômeno social e cultural, construindo assim um repertório de casos a partir dos quais os licenciandos possam trabalhar os conteúdos científicos em consonância com a história das disciplinas.
Exame de casos históricos, com vistas a enfrentar questões tais como: quais são os objetos de estudo que a ciência elege ao longo do tempo, o que diz sobre eles, e por quê? Quais são as funções e usos da ciência em diferentes contextos históricos? Como ela sofre a influência desses contextos e, ao mesmo tempo, os transforma? Quais são as pessoas que produzem a ciência, em quais lugares e instituições? A partir da análise histórica, a disciplina faz emergir debates sobre temas filosóficos subjacentes, tais como método, verdade, progresso e a própria categoria “ciência”.
História, historiografia e filosofia das ciências: categorizações. O lugar da história e da filosofia das ciências no ensino de ciências. Continuidades e rupturas. Estudos de casos selecionados dentre: 1. As universidades na Europa medieval; 2. A “revolução copernicana”; 3. O newtonianismo; 4. Da alquimia à “revolução química” do século XVIII; 5. A história natural e os viajantes; 6. A idade da Terra; 7. Evolucionismos; 8. Ciência e Iluminismo; 9. Darwinismo; 10. As ciências no Brasil; 11. Pensamento científico na Antiguidade e para além do eixo ocidental; 12. Instrumentos e imagens científicas; 13. O aparecimento da física moderna; 14. Do atomismo à tabela periódica; 15. Big science e transnacionalização da pesquisa; 16. Dilemas éticos; 17. Ciência e religião.
Bibliografia básica: Bensaude-Vincent, B; Stengers, I. História da química. Lisboa: Instituto Piaget, s.d. Gavroglu, K. O passado das ciências como história. Porto: Porto Editora, 2007. Gingras, Y; Keating, P; Limoges, C. Do Escriba ao Sábio. Porto: Porto Editora, 2007. Gould, S. J. Seta do tempo, ciclo do tempo: mito e metáfora na descoberta do tempo geológico. São Paulo: Cia. das Letras, 1991. _____. A falsa medida do homem. São Paulo: Martins Fontes, 2003. Hankins, T. L. Ciência e iluminismo. Lisboa: Porto Editora (2002). Rossi, P. O nascimento da ciência moderna na Europa. Bauru: Edusc, 2001. Serres, M. (org.). Elementos para uma história das ciências. Lisboa: Terramar, 1989. 3 vols. Shapin, S. A revolução científica. Algés: Difel, 1999. _____. “O Show de Darwin.” Novos Estudos, CEBRAP. 87, Julho, 2010, 159-179. Thomas, K. O homem e o mundo natural. São Paulo: Companhia das Letras, 1988. Kuhn, T. S. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 2007. Verger, J. Homens e saber na Idade Média. Bauru: Edusc, 1999. Bibliografia complementar: Basalla, George. A Evolução da Tecnologia. Porto: Porto Editora, 2001. Bourdieu, Pierre. Usos Sociais da ciência. Por uma sociologia clínica do campo científico. São Paulo: Ed. Unesp, 2003. Chalmers. Alan. A fabricação da ciência. São Paulo: Fundação Editora da UNESP. 1994. _____. O que é a Ciência afinal? São Paulo: Brasiliense, 1995. Daston, Lorraine J.; Galison, Peter. Objectivity. Paperback. Massachusetts, EUA: MIT Press 2010. Feyerabend, Paul. Contra o Método. São Paulo: Editora da UNESP, 2003. Gaukroger, Stephen. The Emergence of a Scientific Culture Science and the Shaping of Modernity 1210-1685. Gavroglu, Kostas; Renn Jürgen. Positioning the History of Science. Springer 2007. Gonçalves, C. H. B. “Notas sobre A Recepção da Matemática Mesopotâmica na Historiografia.” Educação Matemática Pesquisa (Online), v. 14, p. 322-335, 2012. Grant, Edward. Os Fundamentos da Ciência Moderna na Idade Média. Porto: Porto Editora, 2002. Haddad, Thomás A. S. “Diálogos entre a história da ciência e a história do livro: considerações preliminares.” Circumscribere (PUCSP), v. 15, p. 1-7, 2015. Kohler, Robert E. Os Senhores da Mosca. A Genética da Drosophila e a Vida Experimental. Lisboa: Porto Editora, 2011. Lakatos Imre; Musgrave, Alan. Criticism and the Growth of Kowledge.Cambridge. Cambridge University Press, 1970. Latour, Bruno. Jamais Fomos Modernos. Rio de Janeiro: Editora 34, 1994. _____. Ciência em Ação. Como seguir cientistas e engenheiros sociedade afora. São Paulo: Editora Unesp, 1997. _____; Woolgar, Steve. Vida de Laboratório. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1997. Osler, Margaret J. (ed.). Rethinking the Scientific Revolution. Cambridge: Cambridge University Press. Shapin, Steven. Nunca Pura. Fino Traço Editora, 2013. Siqueira, Rogério M. de. “Enciclopedismo, distinção profissional e modernidade nas ciências matemáticas brasileiras (1808-1930).” Revista Brasileira de História da Ciência, v. 7, p. 81-91, 2014. Vergara, Moema de Rezende. “Ciência e Modernidade no Brasil: A Constituição de Duas Vertentes Historiográficas da Ciência no Século XX”. Revista da SBHC, v.2, n.1, 2004, pp. 22-31.