Este curso, projetado para o IV ano do bacharelado em Relações Internacionais, oferece uma análise do duplo processo de globalização e de fragmentação que carateriza as relações internacionais atuais
Vivemos num mundo que o cientista político estadunidense Benjamin Barber chama de "McWorld vs. Jihad". Este curso, projetado para o IV ano do bacharelado, oferece uma análise do duplo processo de globalização e de fragmentação que carateriza as relações internacionais atuais. Globalização é o desenvolvimento que liga sociedades antes relativamente isoladas mais e mais estreitamente uma à outra, através de uma integração econômica, uma rede de transportes e de comunicações, de contatos políticos, de trocas culturais, etc. Deste processo, que afeta a soberania dos Estados e cria porosidade nas fronteiras, fazem parte a emergência de novos regimes e instituições de consulta e cooperação política e de segurança; blocos econômicos regionais; interação de fluxos financeiros e comerciais; comunicações através da Internet e do turismo internacional, mas também fluxos migratórios incontrolados, o narcotráfico, as máfias e a contrabando global de armas. Na verdade, ao contrario de certas previsões, os fatores que progressivamente estão intensificando os contatos entre grupos humanos - Estados, etnias, religiões... - não tem levado à igualização das oportunidades econômicas, nem à democratização e/ou a nivelação das diferenças culturais e ideológicas. Em particular no nível civilizacional, religioso e filosófico, observam-se antes fragmentação, reasserção de tradições incomensuráveis, nacionalismos, fundamentalismos, o crescimento de tensões e de conflitos intra-Estatais e intra-societais, a rejeição de visões e projetos totalizantes, e uma revalorização da diferença - processos que até colocam em questão as normas, valores, princípios e procedimentos (democracia, a inviolabilidade de direitos humanos, pluralismo, paz e solução negociada e não-violenta de conflitos, etc.) que subjazem à própria convivência internacional. A origem da globalização e de suas contratendências é controvertida. Certos autores apontam para uma virada nos anos 1960, enfatizando certos fatores tecnológicos; outros remontam até 1500, e vinculam o processo à colonização. Há ainda muitas outras abordagens. O curso pretende historiar ambos processos, o da globalização e o da fragmentação, contextualizá-los numa comparação com casos anteriores de contatos intercivilizacionais, e problematizá-los através de um diálogo com algumas teorias e cenários propostos.
1. Abernethy (David B.), The Dynamics Of Global Dominance: European Overseas Empires, 1415-1980. Yale University Press, 2001. 2. Abu-Lughod (Janet L.), Before European Hegemony: The World System A. D. 1250-1350. New York: Oxford University Press, 1989. 3. Ali (Tariq), Confronto De Fundamentalismos. Rio De Janeiro: Editora Record, 2002.4. Amin (Samir), Spectres Of Capitalism: A Critique Of Current Intellectual Fashions. New York: Monthly Review Press, 1998.5. Arrighi (Giovanni), O Longe Século Xx: Dinheiro, Poder E As Origens De Nosso Tempo. Contraponto/Unesp, 1996.6. Balakrishnan (Gopal) (Org.), Um Mapa Da Questão Nacional. Rio De Janeiro: Contraponto, 2000.7. Barber (Benjamin), Jihad Vs. Macworld: How Globalism And Tribalism Are Reshaping The World. New York: Ballantine, 1996.8. Blaut (J.M.), Eight Eurocentric Historians. New York And London: The Guilford Press, 2000. 9. Castells (Manuel), A Era Da Informação: Economia, Sociedade E Cultura. Ii: O Poder Da Identidade. São Paulo: Paz E Terra, 1999.10. Clark (Ian), Globalization And Fragmentation: International Relations In The Twentieth Century. Oxford: Oxford University Press, 199711. Diamond (Jared), Armas, Germes E Aço: Os Destinos Das Sociedades Humanas. Rio De Janeiro : Record, 2001. 12. Frank (Andre Gunder) And Barry K. Gils (Eds.), The World System: Five Hundred Years Of Five Thousand? London: Routledge, 1993/1999. 13. Gellner (Ernest), Nações E Nacionalismo. Lisboa: Gradiva, 1983.14. Giddens (Anthony), As Conseqüências Da Modernidade. São Paulo: Unesp, 1991. 15. Hall (Stuart), A Identidade Cultural Na Pós-Modernidade. Rio De Janeiro: Dp&A, 2002. 16. Hoogvelt (Ankie), Globalization And The Postcolonial World: The New Political Economy Of Development. Baltimore, Maryland: The Johns Hopkins University Press, 1997.17. Huntington (Samuel), O Choque De Civilizações - E A Recomposição Da Ordem Mundial. Rio De Janeiro: Editora Objetiva, 1997.18. Mandelbaum (Michael), The Ideas That Conquered The World: Peace, Democracy, And Free Markets In The Twenty-First Century. Public Affairs, 2002. 19. Mcneill (William), The Pursuit Of Power: Technology, Armed Force, And Society Since A.D. 1000. Chicago: University Of Chicago Press, 1982. 20. Modelski (George) / William R. Thompson, Leading Sectors And World Powers: The Coevolution Of Global Economics And Politics. 21. Parker (Geoffrey), The Military Revolution: Military Innovation And The Rise Of The West, 1500-1800. Cambridge: Cambridge University Press, 1988.22. Rosenau (James N.) E Ernst-Otto Czempiel (Organizadores), Governança Sem Governo: Ordem E Transformação Na Política Mundial. Brasília: Ed. Unb / São Paulo: Imprensa Oficial, 2000. 23. Sanderson (Stephen K.) (Ed.), Civilizations And World Systems: Studying World-Historical Change. Walnut Creek: Altamira Press, 1995.24. Wallerstein (Immanuel), Capitalismo Histórico E Civilização Capitalista. Rio De Janeiro: Contraponto, 2001.25. Waters (Malcolm), Globalization. London: Routledge, 1995.