Informações da Disciplina

Júpiter - Sistema de Gestão Acadêmica da Pró-Reitoria de Graduação


Escola de Comunicações e Artes
 
Artes Cênicas
 
Disciplina: CAC0602 - Produção
Production

Créditos Aula: 4
Créditos Trabalho: 0
Carga Horária Total: 60 h
Tipo: Semestral
Ativação: 01/01/2012 Desativação:

Objetivos
Ampliar o conhecimento dos alunos do CAC no âmbito da produção/administração teatral capacitando-os a participar ativamente dos debates acerca de políticas culturais na área do teatro e suas repercussões sócio-econômicas, ao mesmo tempo em que os prepara para uma maior compreensão dos mecanismos a serem considerados na produção de um espetáculo. O estudo da paisagem atual da produção teatral oferece aos futuros gestores da cena teatral brasileira, condições para enfrentar as necessidades específicas da produção teatral num país sem tradição de políticas públicas nas artes cênicas e onde, por conseqüência, quem não se auto-produz não trabalha. Para isso, abordaremos os métodos de organização e gestão de pessoal, as políticas públicas ou a ausência delas, a difusão, a comunicação e todos os elementos que permitem ao teatro de ocupar seu lugar nos palcos brasileiros. Nossos objetivos passam pela reflexão dos desafios artísticos, sociais, econômicos, políticos, culturais ou diplomáticos que acompanham estas políticas de criação e de divulgação.
 
 
 
Docente(s) Responsável(eis)
536982 - Elisabeth Silva Lopes
 
Programa Resumido
1. Introdução: A produção teatral no cruzamento do artístico, do político e do econômico. 2. Política públicas para o teatro I e II : Noções gerais, princípios e paradoxos. 4. Contexto jurídico : Análise das regras jurídicas e das lógicas econômicas que regem a produção teatral no Brasil. 5.Economia da cultura : A cultura na história do pensamento econômico. 6. Leis de incentivo à cultura I e II: Mecanismos federais, estaduais e municipais de Incentivo à Cultura. 8. Marketing cultural: Conceito e deformação do conceito de marketing. 9. Comunicação e assessoria de imprensa: Reflexões sobre a comunicação de massa e a indústria cultural. Assessor de imprensa: perfil e delimitação do campo de atuação. 10. Público, da conquista à fidelização : Definição de uma política de ação cultural em busca do público. 11. Produzir um espetáculo teatral: Noções gerais de gestão para produção de espetáculos de teatro. 12. Administrar uma produção: Sinergia com os componentes da produção. 13. As diversas etapas da produção de uma peça : Da pré-produção a estréia. 14. À margem também se produz teatro : Um novo modelo de produção : o Théâtre du Soleil. 15. Conclusão: Entrega dos trabalhos e discussão sobre as perspectivas abertas pelo curso.
 
 
 
Programa
1) INTRODUÇÃO

Metodologia a ser adotada no curso. Entrega da bibliografia de referência. Escolha dos temas e definição do calendário de apresentação dos seminários dos alunos. Considerações gerais sobre a Produção teatral. A produção teatral no cruzamento do artístico, do político e do econômico.

2) POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O TEATRO I:

Noções gerais e conceituação de Estado. Princípios e paradoxos. As ambigüidades da política cultural no regime democrático. Políticas públicas de cultura. O conceito de política cultural e suas derivações. Diplomacia cultural. A divisão dos domínios públicos e privados. Aspirações individuais e necessidades coletivas. O privilégio da oferta. A subvenção e a sua legitimação. Academias, partidos e comissões: o espectro da arte oficial. A função do poder público na área da cultura, aspectos constitucionais. As origens da intervenção pública na produção teatral no Brasil. Três lógicas: monárquica, ditatorial e democrática.

3) POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O TEATRO II

A criação do ministério da Cultura. As missões do estado. A organização central do ministério. A emergência e a consolidação de uma administração especializada, de 1985 aos nossos dias. Presidente, ministro ou secretário de Estado: a personalização dos programas. De Estado interventor a Estado regulador. Instrumentos reguladores. A participação de outros ministérios na cultura. Lógicas e dominantes. A dimensão cultural das políticas públicas da educação, o desenvolvimento econômico, o ordenamento do território, o turismo, as relações exteriores e a cooperação, a solidariedade nacional, o urbanismo, a imprensa e a comunicação audiovisual. A sua influência sobre as políticas culturais.

4) CONTEXTO JURÍDICO

Análise das principais regras jurídicas e das lógicas econômicas que regem a produção teatral no Brasil. Considerações gerais. Fundamentos constitucionais. Direito da Cultura. Direito à Cultura. Direito autoral e a propriedade intelectual. O direito do intérprete. O registro de obras e textos. Sanções civis e sanções penais pela violação do direito autoral. Noção geral sobre contratos e seus diversos tipos e elementos. Requisitos essenciais para o surgimento do contrato. Noção de Legislação Trabalhista e da atuação Sindical na área do teatro. As indústrias culturais, o teatro e a internet. O Direito do trabalho.

5) ECONOMIA DA CULTURA

Noções de Economia da Cultura. A cultura na história do pensamento econômico. Da maldição de Baumol nasce a economia da cultura como disciplina de estudo. Medindo o imensurável: valor cultural e valor econômico. O preço das coisas sem preços. A legitimidade econômica da intervenção pública. O impacto da Economia da Cultura no desenvolvimento do País. A exceção cultural francesa. O modelo americano.


6) LEIS DE INCENTIVO À CULTURA, BENEFÍCIOS OU MALEFÍCIOS?
A evolução histórica das leis de incentivo à Cultura no Brasil. Apresentação geral da Lei Rouanet. A utilização da Lei Rouanet. O Mecenato e suas principais características. As principais fontes de financiamentos para o teatro. O Fundo Nacional de Cultura – FNC. As alterações sofridas nas leis de incentivo e a perspectiva de novas alterações.

7) LEIS DE INCENTIVO À CULTURA II

Mecanismos Estaduais de Incentivo à Cultura. As Secretarias de Estado da Cultura e sua estrutura administrativa. Os atores que compõe o universo das políticas públicas para área da cultura. Lei de incentivo à cultura do Estado de São Paulo. Benefício fiscal. Lei de incentivo à cultura da Bahia. Critérios para avaliação de projetos. Mecanismos municipais de incentivo à cultura. Na ausência de uma política teatral como traçar nas cidades uma vida teatral? As Fundações Culturais, Secretarias Municipais de Cultura e Departamentos de Cultura nos municípios. A evolução histórica das leis municipais. Principais características. Apresentação das leis de incentivo à cultura das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. O movimento paulista Arte contra a barbárie.

8) MARKETING CULTURAL, UM PARCEIRO OU UMA AMEAÇA?

Conceito e deformação do conceito de marketing. O mecenato e sua evolução histórica. O surgimento do patrocínio cultural e suas características. Conceituação de patrocínio, doação, apoio, promoção e parceria. O que leva uma empresa a investir em teatro. Existem vantagens para os investidores? A preparação e o planejamento para o trabalho de captação de recursos. A caricatura do captador de recursos.

9) ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO E ASSESSORIA DE IMPRENSA

Reflexões sobre a comunicação de massa e a indústria cultural. Perfil do assessor de imprensa e delimitação do seu campo de atuação. Instrumentos para o trabalho de Assessoria de Imprensa. A produção do press-release e a relação com a imprensa. Apresentação de alternativas para o trabalho do assessor de imprensa. Entre a publicidade e a propaganda.

10) PÚBLICO, DA CONQUISTA À FIDELIZAÇÃO

Definição de uma política de ação cultural em busca do público que nunca foi ao teatro ou como dizem os franceses “ le non public”. A posição do espectador. O acesso às salas de espetáculos. Medir a audiência ou conhecer o público? A noção de risco financeiro e artístico. Criação e gestão de um fichário. A formação de platéias. A ação teatral no meio escolar e universitário. Os ensinamentos artísticos e a formação profissional. A ação artística nos bairros. A vida teatral no meio rural. O papel dos grupos amadores.

11) PRODUZIR UM ESPETÁCULO TEATRAL

Noções gerais de gestão para produção de espetáculos de teatro. A definição dos objetivos e metas. Considerações gerais sobre planejamento estratégico. A identificação do público alvo. A diferença entre criação artística e projeto. Da criação à cena. Roteiro para a elaboração e formatação da criação de um espetáculo. As dificuldades do produtor teatral no Brasil. Abaixo a ditadura dos projetos.




12) ADMINISTRAR UMA PRODUÇÃO

Sinergia entre os componentes da produção. Como escolher o estatuto jurídico das empresas produtoras de teatro. Os princípios administrativos. Os problemas de administração do espetáculo. O perfil do produtor teatral, sua formação e suas características. A auto-produção.

13) AS DIVERSAS ETAPAS DA PRODUÇÃO DE UMA PEÇA

A pré-produção. O orçamento. Constituição da equipe de trabalho. A equipe de produção. O núcleo criador. A equipe técnica. A equipe de relações com o público. O elenco. Os inevitáveis conflitos. Os ensaios. A estréia. O período de exploração. A importância das turnês. O circuito nacional. Como entrar no circuito dos Festivais. É possível “exportar” o teatro brasileiro? Os intercâmbios internacionais.

14) À MARGEM TAMBEM SE PRODUZ TEATRO

Em busca de um novo modelo de produção. Os elementos na construção desse novo modelo: a trupe ou o coletivo de trabalho, um lugar e a conquista do público, única forma de legitimar o trabalho de uma trupe. A noção de trupe. A gestão na contramão da lógica lucrativa. Como administrar uma utopia? A divisão de tarefas: uma articulação entre o administrativo, o criativo e a técnica. Funções diferentes, salários iguais. O lugar ocupado pela bilheteria no orçamento da trupe. Porque ter medo do dinheiro privado na cultura. O exemplo do Théâtre du Soleil.

(15) CONCLUSÃO

Entrega dos trabalhos e discussão sobre as perspectivas abertas pelo curso.
 
 
 
Avaliação
     
Método
Aula expositiva;
Debates com convidados;
Seminários temáticos com estudos de caso de produção de montagens em cartaz à época da realização do curso.
Critério
Presença;
Participação em sala de aula;
Seminário em grupo;
Trabalho monográfico com base na bibliografia lida e nas discussões de sala de aula, à luz do interesse particular de cada aluno. (10 a 15 laudas)
Norma de Recuperação
Não há
 
Bibliografia
     
Políticas públicas na área da Cultura

ABIRACHED Robert, Le théâtre et le prince. I. L’embellie, 1981-1991. Paris : Actes Sud (nova edição), 2005.
___, Le théâtre et le prince. II. Un système fatigué, 1993-2004. Paris : Actes Sud, 2005.
BOTELHO, Isaura. Romance de formação: FUNARTE e política cultural 1976-1990. Rio de Janeiro : Casa de Rui Barbosa, 2001.
___. Dimensões da cultura e políticas públicas. In: São Paulo em Perspectiva. São Paulo, 15(2): 73-83, abril / junho de 2001.
BRANDT, Leonardo (org.) Políticas culturais. São Paulo : Manole, 2003.
CALABRE, Lia. Política cultural no Brasil: um histórico. In: CALABRE, Lia (org.) Políticas culturais: diálogo indispensável. Rio de Janeiro, Edições Casa de Rui Barbosa, 2005, p.9-21.
CANCLINI, Nestor e outros. Políticas culturais para o desenvolvimento. Brasília : Unesco, 2003.
CARON, Rémi. L'État et la culture. Paris : Economica, 1989.
CAUNE, Jean. La culture en action, De Vilar à Lang : le sens perdu. Grenoble : Presses universitaires de Grenoble, 1992.
CESNIK, Fábio de Sá. Guia do Incentivo à Cultura. 2ª edição revisada e ampliada. São Paulo: Manole, 2007.
___ e MALAGODI, Maria Eugênia. Projetos Culturais. Elaboração, aspectos legais, administração, busca de patrocínio. São Paulo: Instituto Pensarte/Escrituras Editora, 2004.
COELHO, Teixeira. Usos da cultura. Políticas de ação cultural. Rio de Janeiro : Paz e Terra, 1986.
___. Dicionário crítico de política cultural. São Paulo: Iluminuras/FAPESP, 1997.
Collectif, Culture publique, 4 vol., Opus 1 - L’imagination au pouvoir, Opus 2 - Les visibles manifestes, Opus 3 - La modernisation de l’action publique, Opus 4 - La culture en partage, (mouvement). Paris : Skite – Sens & Tonka, 2004 et 2005.
DJIAN, Jean-Michel. Politique culturelle: la fin d’un mythe. Paris : Gallimard, 2005.
DONNAT, Olivier. Les Français face à la culture, De l'exclusion à l'éclectisme. Paris : La Découverte, 1994.
DUBOIS, Vincent. La politique culturelle. Genèse d'une catégorie d'intervention publique. Paris : Belin, 1999.
FEIJÓ, Martin Cezar. O que é política cultural. São Paulo : Brasiliense, 1983.
FUMAROLI, Marc. L'État culturel. Paris : De Fallois, 1991.
MARTEL, Frédéric. De la culture en Amérique. Paris : Gallimard, 2006.
MICELI, Sérgio e GOUVEIA, Maria Alice. Política cultural comparada. Rio de Janeiro : FUNARTE / FINEP / IDESP, 1985.
___ (org.) Estado e cultura no Brasil. São Paulo : Difel, 1984.
MOISÉS, José Álvaro. Estrutura institucional do setor cultural no Brasil. In: Cultura e democracia. Volume I. Rio de Janeiro : Edições Fundão Nacional de Cultura, 2001, p.13-55.
MOULINIER, Pierre. Les politiques publiques de la culture en France. Paris : PUF, 1999.
POIRRIER, Philippe. Histoire des politiques culturelles de la France contemporaine. Dijon, Presses universitaires de Dijon, 1996.
RIGAUD, Jacques. L’exception culturelle, Culture et pouvoirs sous la Ve République. Paris : Grasset, 1995.
SILVA, Liliana Sousa e. O público e o privado: a política cultural brasileira no caso dos institutos Moreira Salles e Itaú Cultural. São Paulo, Escola de Comunicações e Artes da USP, 2000 (dissertação de mestrado)
URFALINO, Philippe. L’invention de la politique culturelle. CNRS, Comité d’histoire du ministère de la Culture, DF, 1996, Paris, rééd. : Seuil, 2004.
WALLON, Emmanuel (dir). L'artiste, le prince, Pouvoirs publics et création. Grenoble, Presses universitaires de Grenoble, 1991.
WARESQUIEL Emmanuel de (dir.). Dictionnaire des politiques culturelles de la France depuis 1959. Paris : Larousse/CNRS Éditions, 2001

Sociologia

BASTOS, Elide Rugai, RIDENTI, Marcelo e ROLLAND, Denis (orgs.). Intelectuais: sociedade e política (Brasil – França). São Paulo : Cortez, 2003.
BOURDIEU, Pierre e DARBEL, Alain. L’amour de l’art. Les musées d’art européens et leur public. Paris : Minuit, 1994.
___, As Regras da Arte. Trad. Maria Lúcia Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
MORIN, Edgard. Os setes saberes necessários à educação do futuro. Tradução Catarina Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawaya. 6 ed. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: UNESCO, 2002.
Teatro

ALVES, Júnia e NOE, Márcia. O palco e a rua: a trajetória do teatro do Grupo Galpão. Belo Horizonte: Editora PUC Minas, 2006.
BRADBY (David), Le théâtre français contemporain. Presses Universitaires de Lille, 1990.
CORDEIRO, Fábio, DIAZ, Enrique e OLINTO, Marcelo (org.). Na Companhia dos atores. Ensaios sobre os 18 anos da Cia. dos Atores. Rio de Janeiro: Aeroplano/Senac Rio.
FERNANDES, Sílvia. Grupos Teatrais – Anos 70. Campinas, SP : Editora da Unicamp, 2000.
GUZIK, Alberto. Os Satyros - Um palco visceral. São Paulo: Imprensa oficial, 344 págs.
FRANÇA DE VILHENA, Deolinda Catarina. Les modes de production au Théâtre du Soleil à l’aune de la production théâtrale française depuis 1968 : une exception dans l’exception culturelle ? Tese de Doutorado, sob orientação de Jean-Pierre Ryngaert. Paris, Université de la Sorbonne Nouvelle, 25.01.2007.
MICHALSKI, Yan e TROTTA, Rosyane. Teatro e Estado (As Companhias Oficiais de Teatro no Brasil: História e Polêmica). São Paulo, Hucitec, 1992.
TROTTA, Rosyane. Paradoxo do teatro de grupo. Rio de Janeiro, RJ, 1995. Dissertação (Mestrado). Uni-Rio.
 

Clique para consultar os requisitos para CAC0602

Clique para consultar o oferecimento para CAC0602

Créditos | Fale conosco
© 1999 - 2024 - Superintendência de Tecnologia da Informação/USP