Compreender os fenômenos da contemporaneidade a partir dos aspectos culturais e midiáticos, permitindo com isso a interpretação da etnomidialogia como a área que estuda a diversidade e as suas representações nos ambientes midiáticos, atendendo também as demandas atuais de reversão da história única, que é contada na historiografia e, muitas vezes na mídia, pelos grupos de poder. Assim são apresentadas as versões históricas e culturais dos grupos sócio-acêntricos, inserindo no contexto a percepção deles enquanto sujeitos históricos dentro das culturas e dos ambientes midiáticos.
Interpretação e construção dos desenvolvimentos complexos da Comunicação na sua interseção com abordagens étnicas, de grupos sócio-acêntricos e etnomidialógicos, atendendo as demandas da história plural e das diferentes matrizes culturais da contemporaneidade. O programa contempla as perspectivas da Lei 10.639/2003, que propõe a história e cultura afro-brasileira e africana nos currículos escolares, e introduz ainda as questões das diversidades sócio-culturais contemporâneas, envolvendo os grupos sócio-acêntricos.
1. Identidade social e identidade cultural- Definição e conceito de cultura/identidade;- Enculturação: self e identidade social;- Personalidade;- Autoconsciência;- Culturologia e identidade;- A identidade na teoria pós-moderna;- Etnocentrismo;- Definição de preconceito, discriminação e racismo;- Mundialização e cultura.2. Etnomidialogia- Construção do conceito de diversidade e sua interseção com a mídia;- Midialogia versus midiologia;- Ciências sociais e Comunicação midiática na interpretação da diversidade contemporânea3. Diversidade humana: raça e racismo na comunicação midiática- História da classificação humana- Conceito de raças humanas;- Significado social de raça: racismo;- Universalismo versus diferencialismo em políticas afirmativas e as suas representações na mídia.- As teorias raciais nos jornais brasileiros da segunda metade do século XIX;4. Diversidade da sexualidade humana e sua representação na comunicação midiática - História das classificações da sexualidade humana;- Estereótipos sexuais e mídia;- Identidades LGBTT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) na mídia;- As doutrinas heterossexistas e a ideologia homofóbica e seus impactos nas representações midiáticas; 5. A identidade não-ocidental na comunicação midiática- Os estereótipos terrorista e fanático como identidade árabe;- A guerra na Palestina;- Por que conflitos étnicos europeus e guerras tribais da África?- A África como país;- Países orientais ricos e o estereótipo da passividade, disciplina e organização;- Os países latino-americanos como ambientes do bom selvagem e da desorganização social instituída. 6. Cultura africana e representações midiáticas- A África da mídia versus as Áfricas culturais- Intelectualidade africana- História da África contada por africanos- Mitologia e literatura africana7. Termos e expressões sobre grupos sócio-acêntricos.- A trajetória histórica do conceito Politicamente Correto;- O estereótipo construído no Brasil sobre o Politicamente Correto;- A aversão ao Politicamente Correto do humor brasileiro;- As trajetórias das terminologias sobre grupos sócio-acêntricos.8. Publicidade/Propaganda e etnomidialogia- Culturas e Diversidades na perspectiva da Publicidade e Propaganda;- Identificando os estereótipos na Publicidade e Propaganda;- As questões legais e os danos sociais de publicidades com teores racistas, homofóbicos, sexistas, discriminatórios;- Publicidades/Propagandas e Etnomodialogia9. Relações Públicas e etnomidialogia- As diversidades culturais e étnico-sociais nas organizações;- Identificando preconceitos e discriminações nas organizações (assédio moral no trabalho por questões étnico-sociais);10. Educomunicação e etnomidialogia- As diversidades culturais e étnico-sociais na Educomunicação;- A gestão da Comunicação voltada para as diversidades.
Referências bibliográficas ALCOFF. Linda. O problema de falar por outras pessoas. Abatirá, revista de ciências humans e linguagens. UNEB, jan/jun 2020, p 409-438. BUTLER, Judith. Quadros de Guerra: quando a vida é passível de luto?. Tradução de Sérgio Tadeu de Niemeyer Lamarão e Arnaldo Marques da Cunha; revisão de tradução de Marina Vargas; revisão técnica de Carla Rodrigues. 3a ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2017. 288p. CURIEL, Ochy. Construyendo metodologías feministas desde el feminismo decolonial. In: Azkue, Irantzu Mendia; Luxán, Marta; Legarreta, Matxalen; Guzmán, Gloria; Zirion, Iker & Carballo, Jokin Azpiazu. (Ed.). Otras formas de (re)conecer: reflexiones, herramientas y aplicaciones desde la investigación feminista. Bilbao: UPV/EHU, 2014, p. 45-62. Cadernos de Gênero e Diversidade. UFBA, 2016, v. 2, n.2.p. 5-9. DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. São Paulo, Boitempo, 2016. EVARISTO, Conceição. Insubmissas lágrimas de mulheres. Rio de Janeiro: Malê, 2016. FANON, Frantz. Pele negras, máscaras brancas. Salvador: EDUFBA, 2008. GONZALEZ, Lélia. Por um feminismo afro-latino-americano: ensaios, intervenções e diálogos. Rio de Janeiro: Zahar, 2020. HARAWAY, Donna. Saberes loalizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Cadernos Pagu, (5), 1995 HALBESTAN, Jack. A arte queer do fracasso. São Paulo: CEPE, 2020. hooks, bell. Olhares negros: raça e representação. Tradução de Stephanie Borges. São Paulo:Elefante, 2019. KILOMBA, Grada. Memórias de plantação. Editora de livros Cobogó. Rio de Janeiro, 2019. KRENAK, Edson. Entre o som e o silêncio: a literatura ameríndia e o romance Órfãos do Eldorado de Milton Hatoum. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de São Carlos, UFSCAR, Programa de pós-graduação em Estudos de Literatura, São Carlos/ SP, 2014. LAGO, Cláudia, MARTINS, Ferdinando e NONATO, Cláudia. A alteridade na Educomunicação: estudos de gênero, interseccionalidade e performance. Comunicação & Educação, 24(2), 54-65, 2019. https://doi.org/10.11606/issn.2316-9125.v24i2p54-65 MALDONADO-TORRES, Nelson. Analítica da colonialidade e da decolonialidade: algumas dimensões básicas. In: Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. Autêntica Editora. Belo Horizonte, 2019, p. 27-53. MBEMBE, Achille. Necropolítica: biopoder, soberania, estado de exceção, política da morte. Traduzido por Renata Santini. São Paulo: n-1 edições, 2018. MUNANGA, Kabengele. As ambiguidades do racismo à brasileira. In: O racismo o negro no Brasil: questões para a psicanálise. São Paulo: Perspectiva, 2017, p. 33-44. NÚÑEZ, Geni; BARBOSA, Andrieli; GUEDES, Marina; Oliveira, Mariza de. Partilhar para reparar: tecendo saberes anticoloniais. In. Políticas Indigenistas: contribuições para a afirmação e defesa dos direitos indígenas. Org. FERNANDES, Rosa e KAIGANG, Angélica DOMINGOS. 2021, 153-167 p. NÚÑEZ, Geni; OLIVEIRA, João; LAGO, Mara. “Monogamia e (anti)colonialidades: uma artesania narrativa indígena”. Revista Teoria e Cultura, 2021, v. 16, n.3, p. 76-88. OLIVEIRA, Dennis de. Racismo estrutural. São paulo, Dandara Editora, 2021. RIBEIRO, Djamila. O que é lugar de fala? São Paulo, Letramento, 2017. SCOTT, Joan. Gênero, uma categoria útil de análise histórica. Educação e Realidade, pp 71-99, jul/dez 1995. SANTOS, Inaicyra Falcão dos. Corpo e Ancestralidade: uma Configuração Estética Afro-brasileira. Salvador: Revista Repertório, n. 24, 2015, p. 79-85. Disponível SCOTT, Joan, URSO, Graziela. Gênero: ainda é uma categoria útil de análise? Albuquerque: revista de história. Pp 177-186, dez 2021. Dispon´pivel em: https://periodicos.ufms.br/index.php/AlbRHis/article/view/14704 SODRÉ, Muniz. O fascismo da cor: uma radiografia do racismo nacional. Petópolis, Vozes, 2023. SPIVAK, Gayatri Chakravorty. Pode o subalterno falar? 1. ed. Trad. Sandra Regina Goulart Almeida; Marcos Pereira Feitosa; André Pereira. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2010. TAYLOR, Diana. O arquivo e o repertório. Performance e memória cultural nas Américas. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2017. WILLIAM, Rodney. Apropriação cultural. São Paulo, Pólen 2019.
