Fazer com que o aluno entre em contato, de forma prática, reflexiva e criativa, com as formas de pensamento musical que lidam com texturas polifônicas. A partir de uma perspectiva decolonial e antirracista e objetivando superar abordagens tecnicistas e paradigmas eurocêntricos, além do repertório da chamada “música erudita ocidental”, serão abordados e analisados repertórios diversificados, como por exemplo, o Choro, o RAP, a MPB, o Jazz, o Rock, o Forró, o Reggae etc. O objetivo é pensar a polifonia no contexto mais amplo da dimensão textural e em suas relações com a criação, a prática e a escuta enfatizando a realização de trabalhos criativos e experimentais em que a polifonia e o contraponto aparecem como recurso para a composição. Soma-se aí o objetivo de dotar os/as alunos/as de capacidade crítica para discutir e avaliar os aspectos contextuais (sociais, históricos e geográficos) que condicionam a criação musical e as diversas metodologias de análise que extrapolam as dimensões estritamente musicais.
Relações entre o pensamento vertical e o pensamento horizontal. Fundamentação harmônica para as diversas práticas contrapontísticas modais e tonais. Escuta de repertório abrangente, diversificado e variado. Sistematização do contraponto a partir dos repertórios examinados e de ferramentas tradicionais de análise. Exercícios de estilo e exercícios experimentais. Contraponto na música eletroacústica. Contraponto como ferramenta da composição e de arranjo. Groove/levada enquanto textura rítmica polifônica (Ubuntu e “tecido mega-rítimico” cf. Xigubu - https://www.youtube.com/watch?v=P3-MN51q6l8&feature=youtu.be). Polifonias extramusicais – música e contexto (tudo tem seu lugar), dança, corpo, movimento, cenário, vestuário, festa, ritual etc.. Contraponto e texturas polifônicas na música gravada. Contraponto e improvisação (em vários estilos e territórios musicais). Contraponto no estúdio. Recursos de gravação, edição e montagem.
Escuta, apreciação e análise de polifonias em repertórios variados: MPB, Jazz, músicas tradicionais não ocidentais, música erudita europeia, música eletroacústica, música pop etc. Leitura de textos críticos e reflexivos sobre o ensino de teoria e contraponto. Exercícios de estilo, a partir dos diversos repertórios examinados. Invenção de ferramentas de análise. Contraponto modal por espécies (Johan Fux): contextualização sobre o método, aspectos gerais e particularidades. Outras metodologias. Contraponto livre e imitativo.
FUX, J.J. - The Study of Counterpoint, New York, W.W., Norton & Company, 1975. BENJAMIN, Thomas, The Craft Of Modal Counterpoint, Schirmer Books, New York, 1979. MOLINA, Sergio, Música de Montagem. A Composição de Música Popular no Pós-1967, É Realizações Editora, São Paulo, 2018. ALMADA, Carlos, Contraponto em Música Popular: Fundamentação Teórica e Aplicações Composicionais, Ed. UFRJ, Rio de Janeiro, 2013. NEELY, Adam, Music Theory and White Supremacy, https://www.youtube.com/watch?v=Kr3quGh7pJA EWELL, Philip, Music Theory and White Racial Frame, MTO - A Journal of the Society for Music Theory. SANTOS, Jorge Luiz, Artigo sobre textura Baseado em Wallace Berry – Simpom. SILAMBO, Micas O., Xigubu, um microscópio para entender músicas e lutas de matizes africanos (ver Ubuntu) – Revista Claves - Dossiê Matizes Africanos na Música Brasileira, 2021.