Apresentar técnicas para a análise de obras pós-tonais, com foco na experiência prática da análise musical.
Inicialmente procuraremos definir análise musical de acordo com a literatura vigente. Em seguida, focaremos técnicas atualmente voltadas à análise por parâmetros musicais em obras pós-tonais. Durante este processo, análises musicais de obras referenciais serão apresentadas, assim como exercícios práticos serão realizados individual e semanalmente pelos alunos. Ao final do curso, cada aluno redigirá um artigo, acompanhado de apresentação verbal.
Tendo em vista que uma mesma obra é passível de inúmeras abordagens analíticas não excludentes, inicialmente procuraremos definir análise musical de acordo com a literatura vigente, estabelecendo semelhanças e diferenças em relação a outras áreas de estudo e apresentando cronologicamente técnicas desenvolvidas no Ocidente. Em seguida, focaremos técnicas atualmente voltadas à análise por parâmetros musicais em obras pós-tonais: alturas (segundo Boss, Kostka, Hasty, Lester e Straus), rítmica (de acordo com Messiaen, Lester, Berry, Kostka e Marvin), timbre e textura (segundo Lester, Berry, Kostka e Cope), estrutura (considerados Salzer e Berry). Durante este processo, análises musicais de obras referenciais serão apresentadas, assim como exercícios práticos serão realizados individual e semanalmente pelos alunos. Ao final do curso, cada aluno redigirá um artigo com 12 páginas, acompanhado de apresentação verbal com 20 minutos de duração, em que será exposta a análise musical de uma peça pós-tonal – considerada a interação entre os parâmetros estudados para a organicidade da mesma. Dez dentre as aulas previstas serão expositivas, com enfoque nos aspectos que seguem:Aula 1: A autonomia da análise musical e seu inter-relacionamento com outros campos de estudo, por Ian Bent, Anthony Pople, Jonathan Dunsby, Arnold Whittall, Edward Cone. Ao se prepararem para a aula, os alunos devem ler o conteúdo das páginas 222-266 da tese disponível em http://www.iar.unicamp.br/biblioteca/nova/default.php >> Biblioteca Digital, Acesso a conteúdo integral de teses defendidas na Unicamp, em formato digital >> Dissertações e teses; Instituto de artes Artes; Procurar pelo nome do autor; Adriana Lopes da Cunha Moreira >> Olivier Messiaen : inter-relação entre conjuntos, textura, ritimica e movimento em peças para piano.Aula 2: Audição estrutural e coerência sonora, por Felix Salzer. Apresentação de aspectos de análises: Mozart, Sonata para piano em sol maior, K. 283, 1o movimento, comp. 1-10 (ex. 248 de Salzer); Schubert, Waltz, op. 18, n. 10; Josquin des Près, Motet: Ave Maria, comp. 1-7 (ex. 273 de Salzer); Paul Hindemith, Sonata para piano n. 2 (ex. 410 de Salzer); Arnold Schoenberg, Piano piece op. 11, n. 1 (por Joseph Straus); Almeida Prado, Poesilúdios n. 2 e 4. Exercício individual: Esboços de análises segundo Salzer, de parte de uma obra tonal e de parte uma obra pós-tonal.Aula 3: Variação motívica e segmentação de conjuntos, por Arnold Schoenberg, Jack Boss, Joel Lester e Christopher Hasty. Apresentação de aspectos de análises: passagens das Sonatas para piano op. 110, de Beethoven e op. 143, de Schubert; passagens do Quarteto de cordas de Stefan Wolpe; Arnold Schoenberg, Pierrot lunaire, op. 21: n. 8, Nacht; Almeida Prado, Poesilúdio n. 6; Olivier Messiaen, Petites esquisses d’oiseaux, n. 1. Exercício individual: Esboços de análise motívica segundo Schoenberg de parte de uma obra tonal e de parte de uma obra pós-tonal.Aula 4: Técnica e a terminologia envolvidas no uso da teoria dos conjuntos para a análise musical (parte 1), por Stefan Kostka e Joseph Straus. Apresentação de aspectos de análises: passagens de Três canções, op. 25: Wie bin ich froh!, de Anton Webern; Quarteto de cordas n. 4, I, de Béla Bartók; Pierrot lunaire, op. 21: n. 8, Nacht e Book of the Hanging Gardens, op. 15, n. 11, de Arnold Schoenberg, segundo Joseph Straus. Exercício individual: Kostka, exercícios do Cap. 9; Straus, exercícios do Cap. 1.Aula 5: Técnica e a terminologia envolvidas no uso da teoria dos conjuntos para a análise musical (parte 2) e segmentação de contornos melódicos de superfície, por Stefan Kostka, Joseph Straus e Michael Friedmann. Apresentação de aspectos de análises: passagens de Movements for String Quartet, op. 5, n. 4, de Anton Webern e Quatro canções, op. 2, n. 2: Schlafend trägt man mich, de Alban Berg. Exercício individual: Straus, exercícios dos Cap. 2 e 3.Aula 6: Centricidade estrutural, por Stefan Kostka, Joseph Straus e Michael Friedmann. Apresentação da análise: Olivier Messiaen, Prélude n. 6, Cloches d’angoisse et larmes d’adieu. Exercício individual: Straus, exercícios dos Cap. 4 e 5.Aula 7: Serialismo, da década de 1920 à década de 1960, por Stefan Kostka, Brian Simms e Joseph Straus. Apresentação de aspectos de análises: Sinfonia op. 21, I, de Anton Webern. Exercício individual: Kostka, exercícios dos Cap. 10 e 13.Aula 8: Processos rítmicos e segmentação do contorno rítmico de superfície, segundo Olivier Messiaen, Joel Lester, Wallace Berry, Stefan Kostka e Elizabeth West Marvin. Exercício individual: Kostka, exercícios do Cap. 6.Aula 9: Timbre, textura, densidade e movimento musical, por Joel Lester, Wallace Berry e Stefan Kostka. Exercício individual: Kostka, exercícios do Cap. 11.Aula 10: Tipologia espectral, por Denis Smalley. Apresentação de aspectos de análises: Aquatisme, de Bernard Parmegiani.
AGAWU, Kofi. How We Got Out of Analysis, and How to Get Back In Again. Music Analysis, v. 23, n. 2-3, p. 267-286, 2004. AUNER, Joseph. Music in the Twentieth and Twenty-First Centuries. NY: W. W. Norton, 2013. BARROS, Guilherme Sauerbronn de; GERLING, Cristina Capparelli. Análise schenkeriana e performance. Opus, Goiânia, v. 13, n. 2, p. 141-160, dez. 2007. BENT, Ian; POPLE, Anthony. Analysis. In: SADIE, Stanley (Ed.). The New Grove Dictionary of Music and Musicians. v. 1. London: Macmillan, 2001. p. 526-289. BERRY, Wallace. Structural Functions in Music. NY: Dover, 1987. BROWN, Matthew. Explaining Tonality: Schenkerian Theory and Beyond. Rochester: Univ. of Rochester Press, 2005. BURGE, David. Twentieth-Century Piano Music. Maryland: Scarecrow Press, 2004. CAPLIN, William E.; HEPOKOSKI, James; WEBSTER, James. Musical Form, Forms, Formenlehre: Three Methodological Reflections. Edited by Pieter Bergé. Leuven: Leuven U. Press, 2010. CHRISTENSEN, Thomas (Ed.). The Cambridge History of Western Music Theory. Cambridge: Cambridge University Press, 2007. COHN, Richard. Audacious Euphony: Chromaticism and the Triad’s Second Nature. Oxford: Oxford U. Press, 2012. COHN, Richard. Weitzmann’s Regions, My Cicles, and Douthett’s Dancing Cubes. Music Theory Spectrum, v. 22, n. 1, p. 89-103, 2000. COHN, Richard. Introduction to Neo Riemannian Theory: A Survey and a Historical Perspective. Journal of Music Theory, v. 42, n. 2, p. 167-180, 1998. CONE, Edward. Beyond Analysis. Perspectives of New Music, v. 6, n. 1. p. 33-51, 1967. COOK, Nicholas. Beyond the Score: Music as Performance. Oxford: Oxford U. Press, 2013. COOK, Nicholas; POPLE, Anthony. The Cambridge History of Twentieth-Century Music. Cambridge: Cambridge U. Press, 2004. COPE, David. New Directions in Music. 7. ed. Long Grove: Waveland Press, 2001. DELALANDE, François. L'analyse des musiques électroacoustiques. Musique en Jeu, v. 8, Paris: Seuil, p. 50-56, 1972. DOUTHETT, Jack; STEINBACH, Peter. Parsimonious Graphs: A Study in Parsimony, Contextual Transformations, and Modes of Limited Transposition. Journal of Music Theory, v. 42, n. 2, p. 241-263, 1998. DUNSBY, Jonathan; WHITTALL, Arnold. Análise musical da teoria e na prática. Tradução de Norton Dudeque. Curitiba: Ed. UFPR, 2011. DUNSBY, Jonathan. Considerations of Texture. Music & Letters, v. 70, n. 1, p. 46-57, 1989. FERRAZ, Silvio. Deleuze: música, tempo e forças não sonoras. Artefilosofia, n. 9, UFOP, p. 67-76, 2010. FORTE, Allen. An Octatonic Essay by Webern: No. 1 of the “Six Bagatelles for String Quartet”, Op. 9. Music Theory Spectrum, v. 16, n. 2, p. 171-195, 1994. FRIEDMANN, Michael L. A Response: My Contour, Their Contour. Journal of Music Theory, v. 31, n. 2, p. 268-74, 1987. GANDELMAN, Saloméa. 36 compositores brasileiros: obras para piano (1950/1988). RJ: Funarte; Relume Dumará, 1997. GOLLIN, Edward; REHDING, Alexander. The Oxford Handbook of Neo-Riemannian Music Theories. Oxford: Oxford U. Press, 2011. GUBERNIKOFF, Carole. Metodologias de análise musical para música eletroacústica. Revista eletrônica de musicologia, v. 11, 2007. GUCK, Marion A. Analysis as Interpretation: Interaction, Intentionality, Invention. Music Theory Spectrum, v. 28, n. 2, p. 191-209, 2006. GUIGUE, Didier. Serynade e o mundo sonoro de Helmut Lachenmann. Opus, v. 13, n. 2, p. 93-109, 2007. HASTY, Christopher F. Meter as Rhythm. NY: Oxford University Press, 1997. HASTY, Christopher. On Problems of Succession and Continuity in Twentieth-Century Music. Music Theory Spectrum, v. 8, p. 58-74, 1986. HASTY, Christopher. Segmentation and Process in Post-Tonal Music. Music Theory Spectrum, v. 3, p. 54-73, 1981. HEALEY, Gareth. Messiaen's Musical Techniques: The Composer's View and Beyond. Hampshire: Ashgate, 2013. HORLACHER, Gretchen. Building Blocks: Repetition and Continuity in the Music of Stravinsky. Oxford: Oxford University Press, 2011. KATER, Carlos (Ed.). Cadernos de estudo: análise musical. v. 1-7. SP: Atravez, 1989-1994. KOSTKA, Stefan. Materials and Techniques of Post-Tonal Music. 4 ed. Boston: Pearson, 2012. KRAMER, Jonathan (Ed.). Time in Contemporary Musical Thought. NY: Routledge, 1993. LACHENMANN, Helmut. Écrits et éntretiens. Genève: Contrechamps, 2009. LATHAM, Edward. Analysis and Performance Studies: A Summary of Current Research. Zeitschrift der Gesellschaft für Musiktheorie, v. 2–3/2, p. 157-162, 2005. LESTER, Joel. The Rhythms of Tonal Music. NY: Schirmer Books, 1986. LESTER, Joel. Performance and Analysis: Interaction and Interpretation. In: RINK, John (Ed.). The Practice of Performance: Studies in Musical Interpretation. Cambridge: Cambridge University Press, 2005. p. 197-216. LESTER, Joel. Analytic approaches to Twentieth Century music. NY: Norton, 1989. LEWIN, David. Generalized Musical Intervals and Transformations. 1st. ed., 1987. Oxford: Oxford U. Press, 2011. MARTINS, José Oliveira. Stravinsky's Discontinuities, Harmonic Practice, and the Guidonian Space in the "Hymne" from the "Serenade in A". Theory and Practice, v. 31, p. 39-63, 2006. MARVIN, Elizabeth West. The Perception of Rhythm in Non-Tonal Music: Rhythmic Contours in the Music of Edgard Varèse. Music Theory Spectrum, v. 13, n. 1, p. 61-78, 1991. McCLELLAND, Ryan. Performance and Analysis Studies: An Overview and Bibliography. Indiana Theory Review, v. 24, p. 95-106, 2003. MEEÙS, Nicolas. Análise schenkeriana. Traduzido do francês por Luciane Beduschi. [s.n.] MESSIAEN, Olivier. The Technique of my Musical Language. Paris: Alphonse Leduc, 1966. MORGAN, Robert. The Concept of Unity and Musical Analysis. Music Analysis, v. 22, n. 1-2, p. 7-50, 2003. MOREIRA, Adriana Lopes (Coord. Painel). Três conceitos norteadores dos processos composicionais de Olivier Messiaen. CONGRESSO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM MÚSICA, ANPPOM. 25., 2015, Vitória. Anais... Vitória: UFES, ago. 2015. p. 22-31. MOREIRA, Adriana Lopes; PAES de BARROS, Daniel; OGATA, Denise Mayumi. Aspectos da Teoria Neo-riemanniana. In: CONGRESSO DA ANPPOM. 25., 2015, Vitória. Anais... Vitória: UFES, ago. 2015. MOREIRA, Adriana Lopes. Olivier Messiaen: inter-relação entre conjuntos, textura, rítmica e movimento em peças para piano. Tese (Doutorado). Campinas: UNICAMP, Instituto de Artes, Programa de Pós-Graduação em Música, 2008. MORRIS, Robert. A Few Words on Music Theory, Analysis and about Yours Truly. Intégral, v. 14-15, p. 38-48, 2000-2001. PALISCA, Claude; BENT, Ian. Theory, Theorists. In: SADIE, Stanley (Ed.). The New Grove Dictionary of Music and Musicians. v. 25. London: Macmillan, 2001. p. 359-385. PANKHURST, Tom. Schenker Guide: A Brief Handbook and Website for Schenkerian Analysis. NY: Routledge, 2008. PASCOAL, Maria Lúcia. A Prole do Bebê n. 1 e 2 de Villa-Lobos: estratégias da textura como recurso composicional. Per Musi, n. 11, p. 95-105, 2005. PEARSALL, Edward. Twentieth-Century Music Theory and Practice. NY: Routledge, 2011. RINGS, Steven. Tonality and Transformation. Oxford: Oxford University Press, 2014. RINK, John (Ed.). The Practice of Performance: Studies in Musical Interpretation. Cambridge: Cambridge U. Press, 2005. ROEDER, John. Constructing Transformational Signification: Gesture and Agency in Bartók’s Scherzo, Op. 14, No. 2, measures 1–32. Music Theory Online, v. 15, n. 1, [s.n.], 2009. SALLES, Paulo de Tarso. Villa-Lobos: Processos composicionais. Campinas: Ed. UNICAMP, 2009. SALZER, Felix. Structural hearing. NY: Dover, 1982. SCHAEFFER, Pierre; Reibel, Guy. Solfejo do objecto sonoro. Tradução, notas e comentários de António de Sousa Dias. [s.n.]: Paris, 2007 [1966]. SCHMALFELDT, Janet. In the Process of Becoming: Analytic and Philosophical Perspectives on Form in Early Nineteenth-Century Music. Oxford: Oxford U. Press, 2011. SCHMIDT, Christian Martin. Music Analysis: Not Universal, Not Almighty, But Indispensable. Music Analysis, n. 21, Special Issue, p. 23-27, 2002. SIMMS, Bryan R. Music of the twentieth-century: Style and structure. NY: Schirmer, 1986. SMALLEY, Denis. Space-Form and the Acousmatic Image. Organised Sound, v. 12, n. 1, p. 35-58, 2007. SMALLEY, Denis. Spectro-morphology and Structuring Processes. In: EMMERSON, Simon (Ed.). The Language of Electroacoustic Music. London: Macmillan, p. 61-93, 1986. SMITH, Kenneth M. The Transformational Energetics of the Tonal Universe: Cohn, Rings and Tymoczko. Music Analysis, v. 33, n. 2, p. 214-256, 2014. STRAUS, Joseph. Harmony and Voice Leading in the Music of Stravinsky. Music Theory Spectrum, n. 36, p. 1-33, 2014. [Acompanha anexo com análises, de 77 páginas.] STRAUS, Joseph. Introdução à Teoria Pós-Tonal. 3 ed. Tradução de Ricardo Mazzini Bordini. Salvador: EDUFBA, 2013. STRAUS, Joseph. Voice Leading in Set-Class Space. Journal of Music Theory, v. 49, n. 1, p. 45-108, 2005. SUSANNI, Paolo; ANTOKOLETZ, Elliott. Music and Twentieth-Century Tonality: Harmonic Progression Based on Modality and the Interval Cycles. NY: Routledge, 2012. THORESEN, Lasse; HEDMAN, Andreas. Spectromorphological analysis of sound objects: an adaptation of Pierre Schaeffer’s typomorphology. Organised Sound, v. 12, n. 2, p. 129–141, 2007. TOORN, Pieter C. van den. What’s in a Motive? Schoenberg and Schenker Reconsidered. The Journal of Musicology, v. 14, n. 3, p. 370-399, 1996. TYMOCZKO, Dmitri. A Geometry of Music: Harmony and Counterpoint in the Extended Common Practice. Oxford Studies in Music Theory. Oxford: Oxford University Press, 2011.