Informações da Disciplina

 Preparar para impressão 

Júpiter - Sistema de Gestão Acadêmica da Pró-Reitoria de Graduação


Escola de Comunicações e Artes
 
Música
 
Disciplina: CMU0886 - Representação Retórica e Interpretação da Música de Haydn
Rhetorical representation and interpretation of Haydn´s music

Créditos Aula: 3
Créditos Trabalho: 3
Carga Horária Total: 135 h
Tipo: Semestral
Ativação: 15/07/2018 Desativação:

Objetivos
Estabelecer uma discussão sobre a música da segunda metade do século XVIII, assim denominada “clássica”, focalizando especificamente a produção de Joseph Haydn (1732-1809). A proposta de abordagem, pelo viés poético-retórico, busca aproximar-se do horizonte de sentido das composições do período.
 
 
 
Docente(s) Responsável(eis)
4780680 - Eduardo Henrique Soares Monteiro
1604221 - Monica Isabel Lucas
 
Programa Resumido
Discussão da obra de Haydn sob o aspecto retórico, com base em documentos de sua vida, tratados e manuais, em especial Johann Mattheson (1739), bem como de aspectos da execução musical, discutindo questões como a autenticidade em música e elementos práticos da interpretação das obras de Haydn ao piano.
 
 
 
Programa
1. Os gêneros retóricos do Retrato e da Biografia (vida): a ideia de representação artística a partir do ponto de vista da aplicação de lugares-comuns codificados. o retrato de Haydn por Thomas Hardy (1792) e sua comparação com o modelar retrato de Baldassare Castiglione por Rafael (1514). Apresentação do gênero pictórico do retrato como contrapartida ao discurso oratório de caráter epidítico, ou seja, como gênero de louvor ou vitupério. As biografias de Haydn publicadas por August Griesinger (1809), Christoph Dies (1810) e  Joaquim Le Breton (1820, constituindo primeiro livro sobre música impresso no Brasil). Apresentação da vida como gênero literário visando ao elogio (ou, mais raramente, vitupério) de feitos dignos de mérito.

2. Humanismo; a reforma luterana; a proposta de ensino formulada por Philipp Melanchton para as escolas luteranas; musica poetica. Consolidação do pensamento poético-retórico, do princípio da imitação como premissa artística e da retórica como ferramenta comum para a sistematização dos processos; o lugar-comum do “músico perfeito”. Orientação humanista da reforma luterana; a proposta de ensino das escolas luteranas, a partir da proposta de Philipp Melanchton, A instituição da musica poetica, consolidada a partir da proposta de ensino de música nas escolas luteranas.  

3. Representação retórica de humores e afetos. Trajetória da ideia de humor, desde seu uso em preceptivas médicas desde o IV a.C., até sua associação às representações artísticas a partir do séc. XVI, sob a perspectiva neoplatônica (em especial a de Marsílio Ficino a respeito da ligação entre a melancolia e a música). Ligação entre o conceito de humor e o surgimento da individualidade artística, evidenciada nas críticas a compositores ativos na segunda metade do séc. XVIII, em especial C.Ph.E. Bach e Joseph Haydn. Trajetória do conceito de afeto, a partir da concepção aristotélica (Categorias, Retórica, Ética a Nicômaco), e seus reflexos nas retóricas latinas, mostrando, a seguir, a codificação de procedimentos afetivos por autores da instituição da “musica poetica”. Dissão sobre o uso do termo “Sturm und Drang” [“Tempestade e ímpeto”], seja para designar um movimento musical, seja para especificar um estilo de composição próprio de obras escritas em tonalidades menores por volta da década de 1760—1770, que tem a figura de Haydn como principal representante.  

4. Sistemática retórica I - inventio; dispositivo. A teoria da invenção musical a partir da noção de agudeza e da aplicação de lugares-comuns; a proposta desenvolvida por Johann Mattheon (1739) e sua vinculação com retóricas latinas (Cícero, Quintiliano). Possibilidades de disposição retórica: ordo naturalis e ordo artificialis; funções do discurso; estilo fantástico; officia oratória.

5. A ideia de cômico - baixo-cômico e alto-cômico. Trajetória do conceito de cômico, desde a Poética aristotélica até a consolidação da ideia de alto-cômico em preceptivas setecentistas. O cômico como fundamento do conceito de genialidade e individualidade no fim do séc. XVIII. Haydn como “alto-cômico”.

6. Sistemática retórica II – elocutio. Aprofundamento no conceito de decoro; a divisão dos gêneros e estilos musicais, com base nas oratórias latinas. Propostas de organização seiscentistas (Marco Scacchi, Christoph Bernhard) e setecentistas Mattheson (1713, 1739) e Forkel (1784). Audição completa e discussão do grupo de sinfonias 45 a 47 (1772); audição e discussão dos quartetos op. 33 (1781).

7. Interpretação musical: questão da autenticidade em música. Dinâmica e acentuação na música em Haydn e em seus contemporâneos. Articulação na Música em Haydn e em seus contemporâneos. Questões de andamento, ritmo e métrica na música em Haydn e em seus contemporâneos.
 
 
 
Avaliação
     
Método
Aulas expositivas; leituras semanais de fontes primárias e secundárias; escuta musical; palestras com professores convidados de outras unidades da USP e externos.
Critério
A avaliação será realizada através de uma monografia abordando uma obra do repertório setecenstista segundo o viés da retórica.
Norma de Recuperação
Não há recuperação.
 
Bibliografia
     
1. FONTES PRIMÁRIAS

ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Brasília:UNB, 1985
ARISTÓTELES. Poética. Madrid: Gredos, 1974
ARISTÓTELES. Retórica. Madrid: Gredos, 1991
BAUMGARTEN, Alexander Gottlieb. Aesthetica. (Frankfurt an der Oder, 1750). 
Hildesheim: Georg Olms, 2001. (fac-simile)
BATTEUX, Charles. Einschränkung der schönen Künste auf einen einzigen Grundsatz 
	(Leipzig, 1770) [Les Beaux Arts Réduits en un même Príncipe. Paris, 1746].
Hildesheim: Georg Olms, 1976 (fac-simile) (tradução de J. A. Schlegel)
BURMEISTER, Joachim. Musica Poetica (Rostock, 1601). Laaber: Laaber Verlag, 2004
CASTIGLIONE, Baldassare. O Cortesão (Il Libro del Corteggiano. Mantova, 1567). São 
Paulo: Martins fontes, 1997 
CÍCERO, Marco Túlio. Dos Deveres (De Officiis). São Paulo: Martins Fontes, 1999
CÍCERO, Marco Tulio. El Orador. Madrid: Alianza, 1991 
FORKEL, Johann Nicolaus. Allgemeine Geschichte der Musik. Leipzig: Schwickert, 1788
GOTTSCHED,  Johann Christoph. Ausführliche Redekunst, nach Anleitung der Griechen und Römer,
wie auch der neuern Ausländer; Geistlichen und weltlichen Rednern zu gut. [Leipzig: 
Bernhardt Christoph Breitkopf, 1736]. Hildesheim: Georg Olms, [199-?]
GRACIÁN, Baltasar. Agudeza Y Arte de Ingenio (Madrid, 1642). Madrid: Castalia, 1987
KOCH, Heinrich Christoph. Versuch einer Anleitung zur Composition (Rudolstadt, 1782-
93). Hildesheim: Georg Olms, 1969 (fac-simile)
__________. Musikalisches Lexikon (Frankfurt, 1802). Kassel: Bärenreiter, 
2001 (fac-simile)
MOZART, Leopold. Gründliche Violinschule (Augsburg, 1756). Kassel: Bärenreiter, 1997
MATTHESON, Johann. Kern Melodischer Wissenschaft (Hamburg, 1737). 
Hildesheim: Georg Olms, 1990 (fac-simile)
__________. Der Vollkommene Capellmeister (Hamburg, 1739). Kassel: 
Bärenreiter, 1954 (fac-simile)
__________. Das Neu-eröffnete Orchestre. In: MATTHESON, Johann. Die Drei 
Orchestre-Schriften. Laaber: Laaber Verlag, 2004
QUANTZ, Johann Joachim. Versuch einer Anleitung die Flöte Traversière zu Spielen
(Berlin, 1752). Leipzig, VEB, 1983 (fac-simile)
QUINTILIANO, Marco Fabio. Insititutio Oratoria. London: Harvard University 
Press, 1985
RIPA, Cesare. Iconologia (Roma, 1618). Milano: Neri Pozza, 2000 (1ª edição 1593)
SCHUBART, Friedrich Daniel. Ideen zu einer Aesthetik der Tonkunst (Wien, 1806). 
Leipzig: Wolkenwanderer Verlag, 1924. 1ª edição: 1784
SULZER, Johann Georg. Allgemeine Theorie der Schönen Künste in einzeln, nach 
alphabetischer Ordnung der Kunstwörter auf einander folgenden Artikeln 
abgehandelt. Leipzig, (1771-74). Berlin: Digitale Bibliothek.de, 2002. 1 CD-ROM
TESAURO, Emanuele. Il Cannocchiale Aristotelico o sia Idea dell´arguta et Ingeniosa 
Elocutione que serve à tutta l´Arte Oratoria, Lapidaria, et Simbolica Esaminata 
co´Principij del Divino Aristotele (Torino, 1654). Savigliano: Editrice Artistica 
Piemontese, 2000 (fac-simile)
TÜRK, Johann Georg. Clavierschule oder Anweisung zum Clavierspielen für Lehrer und 
Lernende (Leipzig und Halle, 1789). Kassel: Bärenreiter, 1997 (fac-simile)


2. FONTES SECUNDÁRIAS

DAMMANN, Rolf. Der Musikbegriff im deutschen Barock. Laaber: Laaber Verlag, 2003
SERAUKI, Walter. Die Musikalische NAchahmungsästhetik um Zeitraum von 1700 bis 1850. 
	Münster: Helios, 1929
BARTEL, Dietrich. Musica Poetica: Musical Rhetorical Figures in German Baroque 
	Music. Nebraska: University of Nebraska Press, 1998 
BONDS, Marc Evans. Wordless Rhetoric. Musical Form and the Metaphor of the Oration. 
Cambridge: Harvard University Press, 1991
CROCKER, Richard. A History of Musical Style. New York: Dover, 1966
HANSEN, João Adolfo. O discreto. In: NOVAES, Adauto (org.). Libertinos 
Libertários.São Paulo: Companhia das letras, 1998, p. 77-103
__________. Barroco, Neobarroco e outras Ruínas. In: Teresa – Revista de 
Literatura Brasileira da USP. São Paulo, n. 2, p. 10-66, 2001
HANSEN, J. A. e Alcir Pécora. Glosario de Categorías do Século XVII. São Paulo: [s.n.], 
199 -? (material do Projeto Itaú Cultural – caixa de cultura – barroco)
Musikbibliothek Peters. Frankfurt am Mainz, n. 38, p. 65-83, 1917-1918 
HOSLER, Bellamy. Changing Aesthetic Views of Instrumental Music in the 18th Century 
Germany. Ann Arbour: Michigan University Research Press, 1981 (Tese de 
doutorado University of Wisconsin-Maddison, 1978)
LAUSBERG, Heinrich. Elementos de Retórica Literária. Madrid: Gredos, 1991
PALISCA, Claude. The genesis of Mattheson´s style classification. In: BUELOW, Georg . 
(org.). New Mattheson Studies. Cambridge: Cambridge University Press, 1983, p. 
409-423 
ROSENBLUM, Sandra. Performance Practices in Classical Piano Music. Bloomington 
and Indianapolis: Indiana University Press, 1985
STEBLIN, Rita. A History of Key Characteristics in the Eighteenth and Nineteenth 
Centuries. New York: University of Rochester Press, 1996. 1ª edição: 1981
TARLING, Judy. The Weapons of Rhetoric. A guide for musicians and audiences. London: Corda, 
	2004
UEDING, Gert e Bernd Steinbrink. Grundriss der Rhetorik. Stuttgart: Metzler, 1994
 

Clique para consultar os requisitos para CMU0886

Clique para consultar o oferecimento para CMU0886

Créditos | Fale conosco
© 1999 - 2024 - Superintendência de Tecnologia da Informação/USP