Propiciar ao aluno de Relações Públicas e de Comunicação em Organizações a oportunidade de explorar, avaliar e conhecer a história, a evolução da teoria e das práticas relacionadas a produção de narrativas, em interface com os campos da Memória e História, da Literatura, da Arquitetura, do Teatro, da Música, das Artes Plásticas, do Audiovisual, da Antropologia, das Ciências Sociais, da Política, da Administração, dentre outros campos.
Na atualidade, a seleção, a interpretação e a opinião sobre a informação - no contexto das inovações de mídia, do novo social e das mudanças sociais, econômicas, ambientais, culturais, comportamentais e tecnológicas, dentre outras – transformaram e tem impactado as políticas, os planejamentos, as formas de produção e a distribuição das narrativas de empresas e de instituições, a partir de uma forte conexão entre as comunicações, os conteúdos afetivos e/ou estratégicos e as artes.
AULAS 1, 2, 3 e 4 1.Sociedade contemporânea, informação e narrativas: Nas primeiras 4 aulas será discutido o ambiente de produção e de consumo de informação e de narrativas na sociedade contemporânea. Nos campos do jornalismo, das relações públicas, da publicidade e do entretenimento, as relações entre informação e narrativa seguem cada vez menos a lógica de criação e produção de bens e serviços voltados para as demandas massivas. Para se alinhar a esse ambiente, a disciplina deverá aproximar os alunos de conteúdos e práticas de uma comunicação crítica e humanizada. O aluno obrigatoriamente lerá os capítulos 14, 15 e o Epílogo do livro “A Informação”, de James Gleick, Companhia das Letras, 2011. Os tópicos que serão discutidos são: a) - o déficit de atenção das pessoas em relação às mensagens veiculadas pelas inúmeras telas disponíveis (tablets, smartphones, televisão, computadores, dentre outros). O Google veiculou recentemente pesquisa que informa que cada brasileiro, em média, tem contato com 3 diferentes telas diariamente para acessar todo o tipo de informação/narrativa. Como prender a atenção deste tipo de público é um dos principais dilemas enfrentados pelos comunicadores. Diante disso, abre-se uma vertente de estudo que relaciona a Comunicação e as Relações Públicas à Psicologia. Durante a aula pensaremos sobre esta interface; b) O processo entrópico que envolve os receptores, tirando o sentido e o significado das informações disponibilizadas. c) O papel das narrativas como organizadora da realidade; d) as relações entre memória e história e o papel disso na produção de narrativas. Atividades do aluno: Ler para acompanhar as discussões em aula os capítulo 1 (“Ascensão e queda do trabalho”] e o capítulo 9 [“Usos da pobreza] do livro “A sociedade individualizada: vidas contadas e histórias vividas” e os capítulos 27 (“Prever o imprevisível”] e 28 [“Calcular o incalculável”, do livro “44 cartas do mundo líquido moderno”, ambos os livros de Zygmunt Bauman. Estas leituras têm como objetivo prover o aluno de conteúdos e discussões ligadas à contemporaneidade, ao mundo do trabalho e as suas relações humanas. Tendo como lugar de fala a comunicação, as narrativas e as suas interfaces, entre elas a política, a história, a psicologia, a economia etc. Estas leituras iniciais são importantes para que o aluno compreenda que a produção e veiculação de informações direcionadas à sociedade, aos inúmeros públicos e redes de públicos está contextualizada em um ambiente onde o indivíduo estabelece novas relações com o trabalho e com o consumo, com os seus pares e chefias, com impactos sobre a sua integração, comprometimento e pertencimento no cotidiano do trabalho e na sociedade. As leituras sugeridas abrem para o aluno um universo de discussões sobre questões que influenciam o trabalho de comunicadores e relações-públicas na contemporaneidade. Afirmamos que não existe mais espaço na sociedade atual para comunicadores incultos. Para enfrentar as demandas da contemporaneidade o comunicador tem de trabalhar simultaneamente e de maneira excelente os âmbitos da técnica, da ética e da estética. Por isso, oferecemos ao aluno interessado e comprometido com o saber e com o seu destino intelectual, cidadão e profissional, como diria Oswald de Andrade (1890-1954), os biscoitos finos fabricados por grandes pensadores, oriundos das mais diversas orientações filosóficas e políticas, garantindo como isso a diversidade de pensamento na formação do aluno. Zygmunt Bauman, por exemplo, tem uma trajetória intelectual e de vida voltada para essas questões e discussões no ambiente que denominou como “modernidade líquida”. Sugerimos que o aluno leia, entre outras obras de Bauman, o livro “Modernidade líquida”. E nesta perspectiva de reforçar a formação intelectual do aluno, sugerimos a leitura de outros autores que pensam sobre o período histórico contemporâneo, entre eles, Ulrich Beck, que reflete principalmente sobre o que denomina de “Sociedade de riscos”; Antony Guiddens, que trabalha os temas da modernidade tardia, identidade pessoal e social, da família, das relações e sexualidade, entre outros temas; Richard Sennett enfrenta conceitualmente as questões pessoais, a cultura e a corrosão do caráter, dentro do que chama de novo capitalismo. Jean-François Lyotard e David Harvey, que discutem a contemporaneidade e suas narrativas, a partir do conceito de pós-modernidade; Amartya Senn trabalha a relação entre Desenvolvimento, Direitos fundamentais e Liberdade. AULAS 5 E 6 2. Dos públicos para as redes (A Sociedade organizada se comunicando em rede): Mídias inovadoras e o novo social: Na quinta e sexta aulas será discutida a transição histórica das formas de comunicação verticalizadas para as formas de comunicação horizontalizadas. Cada uma dessas arquiteturas comunicacionais - verticalizadas ou horizontais - dão origem ou reforçam as formas sociais do comunicar, reposicionando os papéis existentes no processo de emissão e recepção da comunicação, redefinindo as relações de força existentes no processo de comunicação, além de trazer à tona novas formas de conceber o social (redes de públicos organizacionais, coletivo, conectivo, grupo, individuo) e expressar os centramentos e descentramentos na produção de conteúdo. Atividades do aluno: Ler primeiramente o capítulo A mensagem como centro da rede de relacionamentos, de Paulo Nassar. In: Massimo Di Felice. (Org.). Do público para as redes. São Caetano do Sul/SP: Difusão, 2008. p. 191-201. Neste texto o autor discute o descentramento dos poderes institucionais tradicionais. A discussão se dá a partir da perspectiva do poder de pensar, produzir e veicular conteúdos no contexto da cultura digital. Esse poder dos públicos e até de grupos e indivíduos de produzir conteúdo e obviamente outros pontos de vista, principalmente sobre questões controversas, impõe para os comunicadores e relações-públicas a estruturação de processos colaborativos no âmbito da formatação dessas mídias, em seus aspectos tecnológicos e editoriais. Sobre isso, o aluno pode ampliar os seus conhecimentos a partir da leitura de Marshal McLuhan, que antecipa o fortalecimento daqueles que eram “receptores tradicionais” em seu livro “O meio é a massagem” (não se assustem é massagem, mesmo), Editora Imã, que teve como co-autor o designer Quentin Fiori. É neste livro que McLuhan afirma, pensando na abrangência das mídias eletrônicas dos anos 1950 e 1960, que "o caráter de uma pessoa não é mais forjado a partir de dois indivíduos bem-intencionados e desajeitados. Agora todo mundo é sábio". Em nosso tempo em que a cultura digital ampliou exponencialmente as comunicações e as relações podemos afirmar que todos são relações-públicas, todos são comunicadores. McLuhan nos disse, nos anos 1960, que: "Há um mundo de diferença entre o ambiente moderno caseiro de informação eletrônica integrada e a sala de aula. A criança televisiva de hoje em dia está afinada com notícias "adultas " atualizadas a cada minuto - inflação, quebra-cabeças, guerras, impostos, crimes, mulheres de biquíni - e fica desnorteada ao entrar no ambiente do século 19 que ainda caracteriza muitas instituições de ensino onde a informação é pouca, mas ordenada e estruturada por padrões fragmentados e categorizados, matérias e horários. É naturalmente um ambiente igual ao das fábricas, com seus inventários e linhas de montagem". Por fim, o aluno deverá ler o capítulo 4 [“Por que o poder está perdendo força? As revoluções do Mais, da Mobilidade e da Mentalidade”, de Moisés Naím, que foi editor-chefe da revista Foreign Policy e atualmente é membro sênior do Carnegie Endowment for International Peace. A partir das leituras exigidas acima, o aluno deve pensar qual deve ser a estrutura das plataformas comunicacionais da contemporaneidade, com foco nas plataformas impressas e suas relações com as novas mídias digitais. Terminamos a explanação desta parte de nossa aventura intelectual, empacotada em 4 horas semanais, refletindo sobre o pensamento de Aldous Huxley que nos diz que a “experiência não é o que acontece a um homem. É o que o homem faz com aquilo que lhe acontece”. Faça destas aulas uma experiência! AULAS 7, 8, 9 10,11,12,13, 14 e 15 Como as narrativas são criadas, produzidas e consumidas na contemporaneidade. Neste conjunto de aulas, estudaremos as principais categorias que organizam as informações; os tipos de fluxos, níveis e redes de informação e suas relações com as publicações; os conceitos de Marshal McLuhan denominados mídias quentes e mídias frias e suas relações com as publicações e mensagens organizacionais; Paradigma de Laswell, que será utilizado como um “conceito-pensamento” inicial para a análise de mídias e narrativas Atividades do aluno: Ler primeiramente o célebre texto “Meios quentes e meios frios de Marshall McLuhan”, capítulo do livro “Meios de Comunicação como extensões do homem (Understand Media)” relacionando com a produção de mídias como jornais, revistas, smartphones e redes sociais. Neste texto temos esta afirmação provocante: “Em experimentos nos quais todas as sensações externas são bloqueadas, o paciente desencadeia um furioso processo de preenchimento ou substituição dos sentidos, que é a alucinação em forma pura. Do mesmo modo, a excitação de um único sentido tende a provocar um efeito de hipnose, equivalente à maneira como a privação de todos os sentidos tende a produzir visões”. Refletir sobre a relação entre quantidade de informação e os impactos no campo da recepção. Refletir sobre a arquitetura informacional das chamadas mídias quentes e frias e suas relações com os diferentes contextos sociais, econômicos, tecnológicos, psicológicos, culturais, entre outros. Refletir sobre o conceito de entropia e seus efeitos principalmente no processo de comunicação humana. Além de pensar sobre tipos de mídias e abordagens transmídias, sobre um leitor ativo e produtor de conteúdos e contraconteúdos, sobre os conceitos de missão aplicados às mais diferentes mídias, sobre conteúdos e formas de organizá-los.
BAUMAN, Zygmunt. 44 cartas do mundo líquido moderno. Tradução: Vera Pereira. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2015. BAUMAN, Zygmunt. A sociedade individualizada: vidas contadas e histórias vividas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2015. BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2013. BECK, Ulrick. Sociedade de Riscos. São Paulo: Editora 34, 2011. CASALEGNO, Federico (org.). Memória cotidiana. Porto Alegre: Sulina, 2006. COGO, Rodrigo. Storytelling: as narrativas da memória na estratégia da comunicação. São Paulo: Aberje, 2016. GLEICK, James. A informação. São Paulo: Companhia das Letras, 2018. GUIDENS, Anthony. Modernidade e Identidade. Rio de Janeiro: Zahar, 2011. HARVEY, David. A condição pós-moderna. São Paulo: Loyola, 2011. LIPOVESTSKY, Gilles. Metamorfoses da cultura liberal: ética, mídia, empresa. Porto Alegre:Sulina, 2015. LOYOTARD, Jean-François. A condição pós-moderna. São Paulo: José Olympio, 1998. MANUAIS DE ESTILO E REDAÇÃO - Folha de S.Paulo, 2018. MCLUHAN, Marshall. Os meios de comunicação como extensões do homem. São Paulo: Cultrix, 1996. MCLUHAN, Marshall; FIORI, Quentin. O meio é a massagem. Rio de Janeiro: Imã Editorial, 2011. Molina, Matías M. Os melhores jornais do mundo: uma visão da imprensa internacional. São Paulo: Globo, 2014. NASSAR, Paulo. Tudo é Comunicação. São Paulo: Lazuli, 2003. ________________. A mensagem como centro da rede de relacionamentos. In: Di FELICE, Massimo. Do público para as redes: A comunicação digital e as novas formas de participação social. São Caetano do Sul: Difusão, 2007. ________________. A evolução das publicações em jornalismo empresarial para o jornalismo em empresas. Anuário Unesco/Metodista de Comunicação Regional. v. 13, n. 13, p. 127-144, 2009. NASSAR, Paulo; FIGUEIREDO, Rubens. O que é comunicação empresarial. São Paulo: Brasiliense, 2003. NASSAR, Paulo; RIBEIRO, Renato Janine; GUTTILLA, Rodolfo Witzig. A Comunicação Organizacional frente ao seu tempo: missão, visão e valores ABERJE. São Paulo: ABERJE Editorial, 2007. NASSAR, Paulo. Relações públicas: a construção da responsabilidade histórica e o resgate da memória institucional das organizações. 3 ed. São Caetano do Sul, SP: Difusão Editora, 2012. SENN, Amartya. Desenvolvimento como Liberdade. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. SENNETT, Richard. A corrosão do caráter: consequências pessoais do trabalho no novo capitalismo. Rio de Janeiro: Record, 1998.