1. Fazer a revisão das principais teorias contemporâneas do audiovisual e das propostas estéticas mais recentes. 2. Estudar as mudanças que estão acontecendo no campo do audiovisual desde mais ou menos os anos 1960, principalmente a partir dos conceitos de cinema expandido (Youngblood), poética das passagens (Bellour), convergência dos meios (Jenkins) e cinema digital (Manovich). 3. Estudar as origens e o processo de desenvolvimento das tecnologias eletrônicas (analógicas e digitais) nos seus diferentes aspectos e sua perspectiva de inserção no contexto cultural da atualidade. 4. Identificar e analisar as novas formas narrativas, documentais e experimentais que despontaram nas últimas décadas.
Estudar as origens e o processo de desenvolvimento das tecnologias eletrônicas (analógicas e digitais) nos seus diferentes aspectos e sua perspectiva de inserção no contexto cultural da atualidade
De tempos em tempos acontece uma problematização do chamado dispositivo cinema: a sala escura, o projetor oculto às costas dos espectadores, as caixas de som também ocultas, as imagens projetadas numa tela branca, a câmera de arrasto mecânico, a película fotoquímica de 35 mm e assim por diante. Quando o cinema começa, no final do século XIX, ele ainda não havia cristalizado um modelo industrial único e, portanto, o primeiro cinema se caracteriza por certa anarquia produtiva. Somente a partir dos anos 1910 começa a constituir-se o modelo hegemônico de cinema que ainda hoje conhecemos. Mas, novamente, a partir dos anos 1960, esse modelo começa a ser questionado pelo surgimento de outras tecnologias de produção e exibição, por outras estratégias de construção de mensagens audiovisuais, como se, num certo sentido, estivéssemos voltando à anarquia produtiva do primeiro cinema. Mas se o filme, no seu sentido tradicional, declina, o cinema persiste, ou pelo menos as formas narrativas imaginadas e desenvolvidas por gente como Méliès, Griffith, Eisenstein, Welles, Godard e tantos outros, só que agora em roupagens novas. Muitas das chamadas “novas mídias” continuam fascinadas pela metáfora cinematográfica, de que não podem se desgrudar. O imaginário cinematográfico continua a povoar os vídeo games, os mundos virtuais, a realidade virtual e tudo o que hoje é mais updated. O propósito do curso é tentar entender como os meios digitais estão dando continuidade, como a televisão e o vídeo o fizeram em outros tempos, à cinematografia como a mais desenvolvida forma de cultura audiovisual do século XX, e como, ao mesmo tempo, eles estão preparando a emergência de uma nova cultura audiovisual, cujas fronteiras com relação ao cinema nós estamos ainda tentando distinguir. Conteúdo: História e modalidade das novas tecnologias do audiovisual Cinema expandido e poética das passagens Convergência dos meios e ampliação do leque do audiovisual O diálogo entre cinema, vídeo, televisão e computação gráfica Do analógico ao digital: mudanças e permanências A nova narratividade: abertura, fragmentação e participação do espectador Do documentário ao ensaio audiovisual Tendências recentes do audiovisual Interatividade, agenciamento e imersão Pós-cinemas e vídeo games
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