Apresentar e discutir aspectos introdutórios de mitologia, com ênfase nos processos iniciáticos nas sociedades tradicionais, como forma de refletir e problematizar os modelos escolarizados de educação no Ocidente. Pretende-se apresentar as narrativas míticas através de vários recursos como mediação de leitura, análise fílmica, expressões de cultura popular e etnografias, além de discutir as várias abordagens mitológicas numa perspectiva plural.
Trata-se de apresentar, de maneira introdutória, pesquisas clássicas e recentes em mitologia relacionadas à Educação, evidenciando campos de investigação com recursos da mitohermenêutica (Ortiz-Osés, Durand, Ricoeur, Ferreira Santos) a partir de estudos comparativos em narrativas míticas de culturas antigas, clássicas e contemporâneas, bem como das culturas brasileiras, para contribuir na compreensão da reciprocidade entre as dimensões latente e patente da relação pedagógica contemporânea. Num estilo mitohermenêutico, com preocupações ético-estéticas, o curso sugere a profundidade de experiências poéticas com a imagem (nas suas várias linguagens: verbal, musical, plástica, coreográfica, teatral, fílmica, etc) e sua trans-tradução como alternativa educativa na constituição mais existencial de um percurso formativo de educadores.
- As abordagens funcionalistas e estruturalistas de mito. - A abordagem antropológica de mito como forma simbólica em: - Nikolay Berdyaev (dialética memória & criação na construção da pessoa) - Ernst Cassirer (filosofia das formas simbólicas); - Mircea Eliade (experiência existencial do homem arcaico, ação sagrada e gesto significativo); - Georges Gusdorf (drama e reservatório das alternativas existenciais e dos valores fundamentais); - Joseph Cambpell (saga do herói e as máscaras de Deus) - Gaston Bachelard (caráter tetra-elementar da imaginação material e os complexos de cultura); - Merleau-Ponty (o ser selvagem pré-reflexivo); e - Gilbert Durand (trajeto antropológico) - Mitos da estrutura heróica e o furor pedagógico – o mestre de armas - Mitos da estrutura mística e o amor pedagógico – o mestre do ventre - Mitos da estrutura dramática e o encantador pedagógico – o mestre do canto - Trans-tradução poética: experiências de releitura (pintura, mosaicos, xilogravura, música, dança, dramatização teatral, performances, argila) e sua experimentação em vídeo como registro poético.
ALVARENGA, Maria Zélia (coord). Mitologia simbólica – estruturas da psique & regências míticas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2007.BACHELARD, Gastón (1989). A Água e os Sonhos: Ensaio sobre a imaginação da matéria. São Paulo: Martins Fontes.BACHELARD, Gaston (1994). A Poética do Devaneio. São Paulo: Martins Fontes, 1994.BERDYAEV, Nikolay (1936). Cinq Meditations sur L’Existence. Paris: Fernand Aubier, Éditions Montaigne.BRANDÃO, Junito. Dicionário Mítico-Etimológico da mitologia grega. Petrópolis: Vozes, 2 vols, 2ª ed., 1993.CAMPBELL, Joseph. As Máscaras de Deus: Mitologia Ocidental. São Paulo: Palas Athena, 2004CASSIRER, Ernst (1997). Ensaio sobre o Homem: Introdução a uma Filosofia da Cultura Humana. São Paulo: Martins Fontes.CASSIRER, Ernst. Linguagem e Mito. São Paulo: Perspectiva, 1992.COOMARASWAMY, Ananda K. (2001). Atenea y Hefesto. In: Sobre la doctrina tradicional del arte. Barcelona: Sophia Perennis, 2ª. ed., pp. 43-54.DURAND, Gilbert (1998). Campos do Imaginário. Lisboa: Instituto Piaget.DURAND, Gilbert. (1981) Las Estructuras Antropologicas del Imaginario: Introducción a la Arquetipología General. Madrid: Taurus Ediciones (há tradução brasileira pela ed. Martins Fontes, 1997).ELIADE, Mircea (1995). O Conhecimento Sagrado de Todas as Eras. São Paulo: Mercuryo.FERREIRA SANTOS, M. (2009). Bibliografia básica para estudo fenomenológico e hermenêutico de mitologias. São Paulo: Lab_Arte/FEUSP. Disponível em: http://www.marculus.net/bibliografias.html FERREIRA SANTOS, M. (2008) Cantiga leiga para um rio seco: mito e educação. Suplemento Pedagógico APASE (São Paulo), Aprendizagem e Escola, ano IX, n.o 23, abril, p. 5-8.FERREIRA SANTOS, M. (2005). Crepusculário: conferências sobre mitohermenêutica & educação em Euskadi. São Paulo: Editora Zouk, 2ª. ed.FERREIRA SANTOS, M. (2004). Crepúsculo do Mito: Mitohermenêutica e Antropologia da Educação em Euskal Herria e Ameríndia. São Paulo: FEUSP, Tese de Livre-docência.FERREIRA SANTOS, Marcos (2006). Mitohermenéutica de la creación: arte, proceso identitário y ancestralidad. In: Marián López Fernández-Cao. (Org.). Creación y Posibilidad, Aplicaciones del arte en la integración social. Madrid: Editorial Fundamentos, p. 197-242. GUSDORF, Georges. Mythe et Métaphysique. Paris: Flammarion Éditeur, 1953.GUSDORF, Georges. Professores para quê?. São Paulo: Martins Fontes, 1987.KELEMAN, Stanley (2001). Mito e Corpo - uma conversa com Joseph Cambpell. São Paulo: Summus.LIMA, Sérgio C. F. (1976). O Corpo Significa. São Paulo: EDART.LOUREIRO, João de Jesus Paes (2008). A Arte como encantaria da linguagem. São Paulo: Escrituras, Coleção Ensaios Transversais 36.MERLEAU-PONTY, Maurice (1975). O Olho e o Espírito. In: Os Pensadores, São Paulo: Abril Cultural.MERLEAU-PONTY, Maurice. O Visível e o Invisível. São Paulo: Editora Perspectiva, 3ª ed., 1992.MUNDURUKU, Daniel. O Banquete dos Deuses: conversa sobre a origem da cultura brasileira. São Paulo: Editora Angra, 2000.NEUMANN, E.; ELIADE, M.; DURAND, G.; KAWAI, H.; ZUCKERKANDL, V.; JUNG, C.G; & ORTIZ-OSÉS, A. Los Dioses Ocultos – Círculo Eranos II. Barcelona: Anthropos, Hermeneusis / Santafé de Bogotá: Uniandes, 1997.OLIVEIRA, Eduardo. Cosmovisão Africana no Brasil: elementos para uma filosofia afrodescendente. Fortaleza: LCR, Ibeca, 2003.PAULA CARVALHO, José Carlos. Imaginário e Mitodologia: Hermenêutica dos Símbolos e Estórias da Vida. Londrina: Editora UEL, 1998.PESSANHA, José Américo Motta (org.). Mitologia. São Paulo: Abril Cultural, 3 vols. 1973.RICOEUR, Paul. Teoria da Interpretação: o discurso e o excesso de significação. Lisboa: Edições 70, 1987.