- Compreender os conceitos de saúde, saúde pública, atenção primária à saúde. - Compreender a determinação social do processo saúde-doença. - Compreender os modelos de intervenção do processo saúde-doença numa perspectiva histórica. - Compreender os modelos de intervenção em saúde e os modos de cuidar em saúde e em enfermagem que foram sendo construídos historicamente a partir das concepções do processo saúde-doença-cuidado.
Esta disciplina introduz os conceitos de saúde e saúde pública, enfocando os modelos de interpretação do processo saúde-doença: unicausal, multicausal, determinação social do processo saúde-doença, que se constituíram historicamente. Ainda, são apresentados os modelos de intervenção que se remetem a cada modelo de interpretação do processo saúde-doença. A determinação social do processo saúde-doença-cuidado é enfocada com ênfase de forma a compreender os atributos da Atenção Primária à Saúde (APS) e o Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil, assim como a compreensão da saúde como direito de cidadania.
Saberes Cognitivos: 1) Conceito de saúde e doença segundo uma perspectiva histórica. 2) Modelo unicausal de interpretação do processo saúde-doença, seus fundamentos e distintas configurações: concepção miasmática, mágico-religiosa, contato, contágio, bacteriológica. 3) Modelo de multicausalidade com foco específico no modelo da História Natural da Doença (HND): concepção de Homem como um ser biológico, concepção de equilíbrio dinâmico no processo saúde-doença; relação dinâmica entre hospedeiro, agente e ambiente. 4) Articulação do modelo de multicausalidade e os níveis de prevenção segundo a visão da Medicina Preventiva (com foco específico no modelo da História Natural da Doença). - Nível de prevenção primário - promoção à saúde e prevenção de doenças/agravos. - Nível de prevenção secundário diagnóstico precoce e tratamento adequado/oportuno. - Nível de Prevenção Terciário reabilitação. 5) Modelo da Determinação social do processo saúde-doença. - Conceitos de produção e reprodução social saúde como produto dos processos de produção e reprodução. - Homem como ser social, com as interfaces bio-psico, social, econômica, cultural - Concepção de homem como ser social distinto da concepção de homem como ser biológico. - Ambiente social-econômico-cultural-econômico diverso do ambiente natural (flora, fauna, clima, etc) da HND. 6) Atenção Primária em Saúde: conceito, interpretações, princípios e atributos. - Conceito de Atenção Básica como similar ao de APS no contexto brasileiro. - Conceito de ABS presente na Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) considerando a saúde como direito. - Conceito de Subjetividade presente na PNAB de forma a trazer a ideia de singularidade dos usuários. 7) Sistema Único de Saúde: Princípios organizativos e diretivos. Saberes Procedimentais: 1) Reconhecer as distintas interpretações dos conceitos de saúde e doença. 2) Reconhecer como estes conceitos foram se conformando na história e como determinam as ações de saúde em momentos históricos distintos. 3) Reconhecer como se configura o modelo de interpretação unicausal, e as diferenças entre as concepções miasmáticas, mágico-religiosa, contato, contagio e bacteriológica. 4) Articular os conceitos decorrentes do modelo unicausal e as intervenções propostas para a prestação do cuidado em saúde e as práticas de enfermagem. 5) Reconhecer como se configura o modelo de interpretação da HND, modelo multicausal. 6) Articular os conceitos decorrentes deste modelo e as intervenções propostas para a prestação do cuidado em saúde. 7) Aplicar o modelo para a interpretação de uma doença com alta morbidade (no momento de oferecimento da disciplina). 8) Reconhecer como se configura o modelo de interpretação da HND articulado ao modelo de intervenção dos níveis de prevenção (primária, secundária e terciária). 9) Articular os conceitos decorrentes deste modelo de interpretação do processo saúde-doença e as intervenções propostas para a prestação do cuidado em saúde. 10) Aplicar o modelo para a interpretação de uma doença com alta morbidade (no momento de oferecimento da disciplina). 11) Reconhecer o significado de homem como ser social e as diferenças considerando o homem como ser biológico. 12) Reconhecer a utilização do conceito de subjetividade no atendimento em saúde e enfermagem. 13) Reconhecer as diferentes interpretações de APS (porta de entrada, organização de serviços e sistemas, sistema e como direito). 14) Aplicar os princípios da APS em situações problema em sala de aula. 15) Reconhecer a saúde como direito fundamental e direito de cidadania como base para o conceito de APS renovada. 16) Reconhecer a utilização do conceito de subjetividade no atendimento em saúde e enfermagem. 17) Reconhecer os princípios organizativos e diretivos do SUS, e os fundamentos que lhe dão sustentação (saúde como direito, APS renovada, direito de cidadania). 18) Exercitar a partir da realidade do município de Ribeirão Preto, o reconhecimento da organização dos sistema de saúde, com ênfase nas estruturas de saúde do SUS. Saberes Atitudinais: 1) Manter uma postura receptiva a possibilidade de diferentes olhares sob o mesmo tema ao diferenciar as interpretações do que é saúde e o que é doença. 2) Analisar criticamente as diferentes teorias unicausais e relacionar como elementos destas concepções se fazem presentes no dia a dia do atendimento em saúde. 3) Manter escuta atenta e não preconceituosa quando em contato com usuários que manifestam estas compreensões de saúde e doença. 4) Relacionar criticamente como os elementos da concepção multicausal se fazem presente no dia a dia do atendimento em saúde e de enfermagem, distinguindo os níveis de prevenção e níveis de atendimento. 5) Analisar criticamente o modelo de determinação do processo saúde-doença e de como este se faz presente na prática dos serviços de saúde. 6) Refletir sobre sua (como aluno) própria condição de ser social e dos processos de produção e reprodução social em que se encontra inserido. 7) Analisar criticamente como elementos da concepção do modelo da determinação social do processo saúde-doença se fazem presentes no dia a dia do atendimento em saúde e de enfermagem. 8) Analisar criticamente acerca das interpretações de APS e como cada uma destas se conforma na prática dos serviços de saúde. 9) Articular os conceitos e atributos da APS à vivência nos serviços de saúde em que o aluno passa a ter contato. 10) Analisar criticamente e de forma menos preconceituosa as características pessoais e familiares dos usuários e que lhes conferem singularidade no atendimento em saúde e enfermagem. 11) Relacionar como elementos da concepção de APS, segundo a perspectiva da saúde como direito, se fazem presente no dia a dia do atendimento em saúde e de enfermagem. 12) Analisar criticamente as concepções sobre o SUS (dos alunos, dos usuários, dos professores) e a aplicação de seus princípios. Método de ensino: Realização de seminários, estudos em grupo, atividades em sala de aula, discussão de textos e exercícios. Aulas teóricas dialogadas. Os alunos deverão elaborar seminários a serem planejados e apresentados em sala de aula, com a supervisão do docente responsável, visando uma maior aproximação do aluno com a realidade prática do tema abordado. Serão utilizados recursos audiovisuais diversificados para cada tema abordado e técnicas de dinâmica de grupo.
BARATA, R. B. Desigualdades sociais e saúde. In: CAMPOS, G. W. S.; MINAYO, M. C. S.; AKERMAN, M.; DRUMOND JÚNIOR, M.; CARVALHO, Y. M. Tratado de saúde coletiva. Rio de Janeiro: Hucitec/Editora Fiocruz, 2006. p. 457-486. BATISTELLA, C. Abordagens contemporâneas do conceito de saúde. In: FONSECA, A.F.; CORBO, A.M.D. (orgs) O território e o processo saúde doença. Rio de Janeiro. Escola Politécnica de Saúde João Venâncio. FIOCRUZ, 2007. http://www.epsjv.fiocruz.br/index.php?Area=Material&MNU=&Tipo=8&Num=24. BERTOLLI FILHO, C. História da Saúde Pública no Brasil.4.ed. São Paulo, Editora Ática 2001. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão da Educação na Saúde. Curso de Formação de facilitadores de educação permanente em saúde: unidade de aprendizagem – análise de contexto da gestão e das práticas de saúde. Brasil. Ministério da Saúde. Rio de Janeiro: Brasil. Ministério da Saúde/FIOCRUZ, 2005. Texto 1: Saúde e Doença: dois fenômenos da vida. p. 27-35. http://www.urca.br/peps/downloads/curso_ facilitadores_analise_4.pdf BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão da Educação na Saúde. Curso de Formação de facilitadores de educação permanente em saúde: unidade de aprendizagem – trabalho e relações na produção do cuidado em saúde. Brasil. Ministério da Saúde. Rio de Janeiro: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão da Educação na Saúde. Curso de Formação de facilitadores de educação permanente em saúde: unidade de aprendizagem – trabalho e relações na produção do cuidado em saúde. Brasil. Ministério da Saúde. Rio de Janeiro: Brasil. Ministério da Saúde/FIOCRUZ, 2005. Texto 1: Saúde e Doença: dois fenômenos da vida. p. 23-36. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/curso_ facilitadores_unidade_trabalho.pdf BREILH, J.; GRANDA, E. Saúde na Sociedade. São Paulo, Instituto de Saúde/Abrasco, 1986. BUSS, P. M.; PELLEGRINI FILHO, A. A saúde e seus determinantes sociais. Physis, Abr 2007, vol.17, no.1, p.77-93. http://www.scielo.br/pdf/physis/v17n1/v17n1a06.pdf CNDSS - Comissão Nacional sobre Determinantes Sociais da Saúde. As causas sociais das iniquidades em saúde no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2008. Filme A senhora e a morte. https://www.youtube.com/watch?v=VckGen2_E64 Filme – Sicko: SOS Saúde - https://www.youtube.com/watch?v=VoBleMNAwUg FOUCAULT, M. Microfísica do poder. Organização e Tradução Roberto Machado. 16. ed. Rio de Janeiro: Edições Graal, 2001. Cap. V, p.79-98. INNOCÊNCIO G, MENDONÇA, M A. O sofrimento psíquico na sociedade capitalista e neoliberal sob a ótica da determinação social do processo saúde-doença. Revista Mosaico, v12, n3, 2021. Disponível em: http://editora.universidadedevassouras.edu.br/index.php/RM/article/view/2779 LEAVELL, H.; CLARK, E.G. Medicina Preventiva. São Paulo, McGrawHill do Brasil: Rio de Janeiro, 1977. Capítulo 2. MINAYO, M.C.S. Saúde-doença: uma concepção popular da etiologia. Cadernos de Saúde Pública, RJ, v.4, n.4, p. 363-381, 1988. http://www.scielo.br/pdf/csp/v4n4/03.pdf MISHIMA, S. M. et al. O processo saúde-doença. In: FORTUNA, C. M. (org). O cuidado integral na atenção primária à Saúde: saberes e práticas. São Paulo: EDUSP, 2022. Cap. 4, p. 89-115. OPAS. Marco de Referência sobre a Dimensão Comercial dos Determinantes Sociais da Saúde na Agenda de Enfrentamento das Doenças Crônicas não Transmissíveis. OPAS: Brasília-DF. 2020. ROCHA, M.B., SEVERO, A.K.S., FÉLIX-SILVA A.V. Nos batuques dos quintais: as compreensões dos povos de Umbanda sobre saúde, adoecimento e cuidado. Physis: Revista de Saúde Coletiva [online]. v. 29, n. 03 [Acessado 11 Março 2023], e290312. Disponível em: . ISSN 1809-4481. https://doi.org/10.1590/S0103-73312019290312. ROUQUAYROL, M.Z. Epidemiologia e Saúde. Ed. Medsi, 1999. Capítulo 2. SCLIAR, M. Do Mágico ao Social: A trajetória da Saúde Pública. São Paulo, Editora Senac, 2002. SILVA, M. E. H.; ZACARON, S. S.; BEZERRA, M. O. A. Determinantes sociais da saúde e iniquidades no Brasil: um debate necessário. Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais, v.16, n.1, 2019. Disponível em: https://broseguini.bonino.com.br/ojs/index.php/CBAS/article/view/742/723. STARFIELD, B. Atenção Primária à Saúde. Equilíbrio entre necessidades de saúde, serviços e tecnologia. Brasília: UNESCO, Ministério da Saúde, 2002 727p. Capítulos:1; 7; 8; 9; 10 e 11.. https://www.nescon.medicina.ufmg.br/ biblioteca/imagem/0253.pdf THORWALD, J. O século dos cirurgiões. CuImprenta Curitiba:Hemus Editora, 2002. p. 223 246 (Mãos sujas).