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Júpiter - Sistema de Gestão Acadêmica da Pró-Reitoria de Graduação


Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto
 
Enf Psiquiátrica e Ciências Humanas
 
Disciplina: ERP0125 - Abordagem Antropológica de Saúde e Doença
Anthropological approach of Health and Disease

Créditos Aula: 3
Créditos Trabalho: 0
Carga Horária Total: 45 h
Tipo: Semestral
Ativação: 01/01/2019 Desativação: 14/07/2023

Objetivos
Possibilitar ao estudante o reconhecimento do corpo e do processo saúde-doença como realidades bioculturais, uma vez que articulam o plano orgânico e o cultural como elementos indissociáveis na construção social das representações e das experiências relativas a tais fenômenos. A partir dessa perspectiva, busca-se desenvolver no estudante competências profissionais marcadas por posturas de descentramento e de relativização da saúde e da doença, na medida em que estas deixam de ser apenas condições clínicas com características biológicas ou psicológicas definidas. Sendo assim, ao final da disciplina o estudante deverá compreender os aspectos relacionados à produção social e aos significados culturais do corpo e do processo saúde-doença, bem como os elementos que orientam e modelam as formas como cada grupo social organiza suas práticas de cuidado em saúde com vistas ao bem-estar, ao enfrentamento dos infortúnios ou em face de debilidades físicas, psicossociais e da morte.
 
 
 
Docente(s) Responsável(eis)
6891361 - Lucas Pereira de Melo
 
Programa Resumido
Compreensão da importância dos aspectos culturais na concepção de corpo, saúde, adoecimento e na escolha dos tratamentos em saúde.
 
 
 
Programa
A disciplina está organizada em dois momentos: o primeiro, destinado à abordagem de conceitos básicos da antropologia; e o segundo, voltado às análises antropológicas que tomam o corpo, a saúde e a doença como objeto.
1. O campo da Antropologia.
2. A Antropologia do Corpo e da Saúde no Brasil.
3. Natureza e cultura.
4. Diferença e diversidade cultural.
5. Etnocentrismo e relativismo cultural.
6. Cultura, saúde e doença.
7. Corpo, cultura e sociedade.
8. A produção social dos corpos do “paciente” e da enfermeira.
9. Cultura, cuidado e práticas de saúde.
10. Diversidade cultural dos sistemas de cura e de tratamento.

Saberes Cognitivos:
1. O campo da Antropologia: 
•	Definições;
•	Breve histórico;
•	A questão do outro em antropologia (alteridade; estranhamento);
•	Contribuições e limitações atribuídas à antropologia como disciplina científica.
2. A Antropologia do Corpo e da Saúde no Brasil: 
•	Definição ou escopo;
•	Breve histórico;
•	As relações entre enfermagem e antropologia no Brasil em análise comparada com Estados Unidos, Inglaterra e Espanha;
•	A produção científica brasileira a partir dos anos 1980;
•	Contribuições da antropologia para o campo da saúde, em geral, e da enfermagem, particular.
3. Natureza e cultura.
•	Natureza humana.
•	Você tem cultura?
•	Natureza e cultura.
•	Cultura e história.
4. Diferença e diversidade cultural: 
•	Ênfase nos marcadores sociais de gênero, classe, raça, etnia, lugar de origem/moradia, sexualidade, orientação sexual, identidade de gênero, geração/idade, renda, deficiência.
•	Desigualdades e privilégios.
5. Etnocentrismo e relativismo cultural.
•	Conceito de etnocentrismo;
•	Níveis e consequências do etnocentrismo;
•	Relativismo cultural.
6. Cultura, saúde e doença.
•	As interpretações sociais e culturais da saúde e da doença (realidade biocultural);
•	A doença como experiência;
•	Concepções e modelos explicativos populares e eruditas de saúde e doença.
7. Corpo, cultura e sociedade.
•	Historiando o (desencantamento) do corpo;
•	Corpo como realidade biocultural ou físico-moral;
•	Lógicas sociais e culturais do corpo: as técnicas do corpo, a gestualidade, a etiqueta corporal, a expressão dos sentimentos, as percepções sensoriais, as técnicas de tratamento, as inscrições corporais, a má conduta corporal.
•	O corpo rascunho em tempos de epidemia do fitness.
8. A produção social dos corpos do “paciente” e da enfermeira.
•	Corpo e formação profissional em saúde: o corpo objetificado.
9. Cultura, cuidado e práticas de saúde.
•	Cuidado e cultura
•	Cuidado popular e cuidado profissional
•	Cuidado profissional e imposição cultural
•	O conceito de cuidado cultural de Madeleine Leininger
•	O cuidado e as práticas de saúde na sociedade contemporânea (autorresponsabilização, vida saudável, aprimoramento, mudanças nos rituais, etc.)
10. Diversidade cultural dos sistemas de cura e de tratamento.
•	Sistemas culturais e sociais de saúde
•	Pluralismo na assistência à saúde
•	Itinerários terapêuticos
•	Os setores dos cuidados à saúde: informal; popular; e profissional - paradigmas; noções de corpo, saúde e doença; formas de classificação das enfermidades e infortúnios; formas de tratar as enfermidades e infortúnios; agentes e instituições de cura.
•	A prática profissional do enfermeiro em contexto de pluralismo na assistência em saúde – contribuições da Enfermagem Transcultural;
•	Modelo do Sol Nascente de Madeleine Leininger.

Saberes Procedimentais:
1. Realiza atividades e discussões que lhe possibilita o exercício da reflexão, da autorreflexão e do raciocínio crítico sobre as situações vivenciadas nas interações sociais relacionadas à prática profissional da enfermagem.
2. Exercita a empatia na relação estudante-profissional da saúde, estudante-estudante, estudante-usuário dos serviços de saúde, estudante-docente.
3. Utiliza os saberes cognitivos socializados na disciplina para o aprimoramento das suas habilidades de comunicação na relação estudante-profissional da saúde, estudante-estudante, estudante-usuário dos serviços de saúde, estudante-docente.
4. Compreende a importância das narrativas das pessoas (usuários, profissionais, familiares, etc.) para a compreensão de sua história e contexto de vida.
5. Constrói modelos explicativos das doenças a partir do ponto de vista da pessoa adoecida e de sua rede de apoio social.
6. Relaciona-se em sala de aula adotando posturas de respeito e tolerância às diferenças das pessoas. 
7. Participa de atividades e discussões em sala de aula sobre a identificação de posturas etnocêntricas e de imposição cultural nas relações pessoais e profissionais.
8. Participa de atividades simuladas (role playing, por exemplo) sobre negociar com o usuário e sua rede de apoio social em situações de produção de cuidados de enfermagem.

Saberes Atitudinais:
1. Pratica a reflexão, a autorreflexão e o raciocínio crítico sobre as situações vivenciadas nas interações sociais relacionadas à prática profissional da enfermagem.
2. Adota posturas de empatia na relação estudante-profissional da saúde, estudante-estudante, estudante-usuário dos serviços de saúde, estudante-docente.
3. Aprimora as habilidades de comunicação na relação estudante-profissional da saúde, estudante-estudante, estudante-usuário dos serviços de saúde, estudante-docente.
4. Demonstra interesse nas narrativas das pessoas (usuários, profissionais, familiares, etc.) com vista à compreensão de sua história e contexto de vida.
5. Demonstra interesse em compreender os modelos explicativos das doenças a partir do ponto de vista da pessoa adoecida e de sua rede de apoio social.
6. Demonstra posturas de respeito e tolerância às diferenças das pessoas (usuários, profissionais, familiares, colegas de turma, docentes, etc.). 
7. Evita posturas etnocêntricas e imposição cultural nas relações pessoais e profissionais.
8. Demonstra capacidade de negociar com o usuário e sua rede de apoio social em situações de produção de cuidados de enfermagem.

Método de Ensino:
Aulas expositivas, seminários, leituras dirigidas, trabalhos em pequenos grupos, discussões de vídeos e filmes, role playing, júris simulados, produção de trabalhos escritos e outras estratégias de ensino-aprendizagem centradas no estudante.
 
 
 
Avaliação
     
Método
A avaliação se dará de forma contínua e sistemática, por meio de instrumentos de avaliação formativa e somativa. Como instrumento de avaliação formativa será empregado o feedback oral, em atividades coletivas, e por escrito em atividades individuais. Como instrumentos de avaliação somativa, serão realizadas atividades em pequenos grupos, seminários, produção de textos ou avaliações cognitivas. Diante disso, a nota dos estudantes terá a seguinte composição e pesos: 1) Atividades em grupo (peso 3); 2) Avaliação cognitiva escrita (peso 7).
Critério
Será aprovado o aluno que obtiver nota igual ou superior a 5,0 (cinco) e frequência mínima de 70%.
Norma de Recuperação
Os alunos que não obtiverem média final 5,0 realizarão uma prova de recuperação, cujo conteúdo será todos os textos programados para a disciplina.
 
Bibliografia
     
ADAM, Philipe; HERZLICH, Claudine. Sociologia da doença e da medicina. Bauru (SP): EDUSC, 2001. (Coleção Saúde & Sociedade).

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GERHARDT, T.E. et al. (orgs.). Itinerários terapêuticos: integralidade no cuidado, avaliação e formação em saúde. Rio de Janeiro: CEPESC; IMS/UERJ; ABRASCO, 2016. 

BARSAGLINI, Reni; PORTUGAL, Silvia; MELO, Lucas (orgs.). Experiência, Saúde, Cronicidade: um olhar socioantropológico. Rio de Janeiro; Coimbra: Ed. Fiocruz; Imprensa da Universidade de Coimbra, 2021. (Coleção Antropologia e Saúde).

BOLTANSKI, Luc. As classes sociais e o corpo. 4 ed. São Paulo: Graal, 2004. 

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FLEISCHER, Soraya. Descontrolada: uma etnografia dos problemas de pressão. São Carlos: EDUFSCar, 2018.

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GOFFMAN, Erving. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. 4 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2008.

HELMAN, C.G. Cultura, saúde e doença. 5 ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. 

HELMAN, Cecil G. Doença versus enfermidade na clínica geral. Campos – revista de Antropologia. 2009; 10(1):119-128.

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INGOLD, Tim. Antropologia: para que serve? Petrópolis: Ed. Vozes, 2019.

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QUEIROZ, M.S. A lógica do quente e frio: uma manifestação da medicina popular em uma aldeia de pescadores do litoral sul do Estado de São Paulo. Revista IEB, São Paulo, v. 21, p. 123-36, 1979.

QUEIROZ, M.S. Curandeiros do mato, curandeiros da cidade e médicos: um estudo antropológico dos especialistas em tratamento de doenças na região de Iguape. Revista Ciência e Cultura, São Paulo, v. 32, n. 1, p. 31-47, jan., 1980.

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SOUZA, N.A.; PITANGUY, J. (orgs.). Saúde, corpo e sociedade. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2014. 

SANTOS, Rafael José. Antropologia para quem não vai ser antropólogo. Porto Alegre: Tomo Editorial, 2005.

SEGATA, Jean. Covid-19: escalas da pandemia e escalas da antropologia. Boletim Cientistas Sociais e o coronavírus, n. 2, março 2020.

 

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