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Júpiter - Sistema de Gestão Acadêmica da Pró-Reitoria de Graduação


Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto
 
Enf Psiquiátrica e Ciências Humanas
 
Disciplina: ERP0233 - Antropologia da Saúde
Anthropological approach of Health and Disease

Créditos Aula: 2
Créditos Trabalho: 0
Carga Horária Total: 30 h
Tipo: Semestral
Ativação: 15/07/2023 Desativação:

Objetivos
Possibilitar à/ao estudante o reconhecimento do corpo e do processo saúde-doença como realidades bioculturais, uma vez que articulam o plano orgânico e o cultural como elementos indissociáveis na construção social das representações e das experiências relativas a tais fenômenos. A partir dessa perspectiva, busca-se desenvolver no/a estudante competências profissionais marcadas por posturas de descentramento que lhes permitam mapear e entender as múltiplas concepções e práticas de saúde e doença. Com isso, a disciplina contribui para a produção de uma crítica às concepções e práticas de saúde e doença biomédicas e, por isso, hegemônicas nos sistemas de saúde, como forma de compreender a biomedicina a partir de uma perspectiva de simetrização e ecologização dos saberes. Sendo assim, ao final da disciplina a/o estudante deverá compreender como essas diferentes concepções e práticas de saúde e doença convivem, às vezes disputando, às vezes se integrando, com interesses múltiplos que buscam pensar o cuidado em saúde como uma forma de “anestesiar” as subjetividades, os corpos e as possibilidades de engajamentos coletivos voltados à transformação social num mundo marcado pelos efeitos devastadores do Antropoceno. Assim, o propósito final desta disciplina é possibilitar o desenvolvimento de uma sensibilidade outra e de afetações que permita à/ao enfermeira/o em formação se engajar no mundo do trabalho em saúde e enfermagem aprendendo a ler os outros a sério.
 
 
 
Docente(s) Responsável(eis)
6891361 - Lucas Pereira de Melo
 
Programa Resumido
A disciplina aborda conceitos básicos da antropologia e temas que animam o debate na antropologia da saúde, como aqueles relativos a saúde, doença, corpo, cuidado, práticas de saúde e políticas de saúde.
 
 
 
Programa
A disciplina está organizada em dois momentos: o primeiro, destinado à abordagem de conceitos básicos da antropologia; e o segundo, voltado às análises antropológicas que tomam o corpo, a saúde e a doença como objeto.
1. Antropologia e etnografia: sobre levar os outros a sério.
2. A Antropologia do Corpo e da Saúde no Brasil.
3. Natureza e cultura.
4. Diferença, relativismo cultural e etnocentrismo.
5. Cultura, saúde e doença.
6. Corpo, cultura e sociedade.
7. A produção social dos corpos do “paciente” e da enfermeira.
8. Cultura, cuidado e práticas de saúde.
9. Diversidade cultural dos sistemas de cura e de tratamento.
10. Antropologia, Estado e políticas de saúde.

Saberes Cognitivos:
Antropologia e etnografia: sobre levar os outros a sério. A Antropologia do Corpo e da Saúde no Brasil. Natureza e cultura. Diferença, relativismo cultural e etnocentrismo. Cultura, saúde e doença. Corpo, cultura e sociedade. A produção social dos corpos do “paciente” e da enfermeira. Cultura, cuidado e práticas de saúde. Diversidade cultural dos sistemas de cura e de tratamento. Antropologia, Estado e políticas de saúde.


Saberes Procedimentais:
1. Realiza atividades e discussões que lhe possibilita o exercício da reflexão, da autorreflexão e do raciocínio crítico sobre as situações vivenciadas nas interações sociais relacionadas à prática profissional da enfermagem.
2. Exercita a empatia na relação estudante-profissional da saúde, estudante-estudante, estudante-usuário dos serviços de saúde, estudante-docente.
3. Utiliza os saberes cognitivos socializados na disciplina para o aprimoramento das suas habilidades de comunicação na relação estudante-profissional da saúde, estudante-estudante, estudante-usuário dos serviços de saúde, estudante-docente.
4. Compreende a importância das narrativas das pessoas (usuários, profissionais, familiares, etc.) para a compreensão de sua história e contexto de vida.
5. Constrói modelos explicativos das doenças a partir do ponto de vista da pessoa adoecida e de sua rede de apoio social.
6. Relaciona-se em sala de aula adotando posturas de respeito e tolerância às diferenças das pessoas. 
7. Participa de atividades e discussões em sala de aula sobre a identificação de posturas etnocêntricas e de imposição cultural nas relações pessoais e profissionais.
8. Participa de atividades simuladas (role playing, por exemplo) sobre negociar com o usuário e sua rede de apoio social em situações de produção de cuidados de enfermagem.

Saberes Atitudinais:
1. Pratica a reflexão, a autorreflexão e o raciocínio crítico sobre as situações vivenciadas nas interações sociais relacionadas à prática profissional da enfermagem.
2. Adota posturas de empatia na relação estudante-profissional da saúde, estudante-estudante, estudante-usuário dos serviços de saúde, estudante-docente.
3. Aprimora as habilidades de comunicação na relação estudante-profissional da saúde, estudante-estudante, estudante-usuário dos serviços de saúde, estudante-docente.
4. Demonstra interesse nas narrativas das pessoas (usuários, profissionais, familiares, etc.) com vista à compreensão de sua história e contexto de vida.
5. Demonstra interesse em compreender os modelos explicativos das doenças a partir do ponto de vista da pessoa adoecida e de sua rede de apoio social.
6. Demonstra posturas de respeito e tolerância às diferenças das pessoas (usuários, profissionais, familiares, colegas de turma, docentes, etc.). 
7. Evita posturas etnocêntricas e imposição cultural nas relações pessoais e profissionais.
8. Demonstra capacidade de negociar com o usuário e sua rede de apoio social em situações de produção de cuidados de enfermagem.

Método de Ensino:
Aulas expositivas e dialogadas, seminários, leituras dirigidas, trabalhos em pequenos grupos, discussões de vídeos, documentários e filmes, role playing, júris simulados, produção de trabalhos escritos e outras estratégias de ensino-aprendizagem centradas no estudante.
 
 
 
Avaliação
     
Método
A avaliação se dará de forma contínua e sistemática, por meio de instrumentos de avaliação formativa e somativa. Como instrumento de avaliação formativa será empregado o feedback oral, em atividades coletivas, e por escrito em atividades individuais. Como instrumentos de avaliação somativa, serão realizadas atividades em pequenos grupos, seminários, produção de textos ou avaliações cognitivas. Diante disso, a nota dos estudantes terá a seguinte composição e pesos: 1) Atividades em grupo (peso 3); 2) Avaliação cognitiva escrita (peso 7).
Critério
Será aprovado o aluno que obtiver nota igual ou superior a 5,0 (cinco) e frequência mínima de 70%.
Norma de Recuperação
Os alunos que não obtiverem média final 5,0 realizarão uma prova de recuperação, cujo conteúdo será todos os textos programados para a disciplina.
 
Bibliografia
     
ADAM, Philipe; HERZLICH, Claudine. Sociologia da doença e da medicina. Bauru (SP): EDUSC, 2001. (Coleção Saúde & Sociedade).

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BARSAGLINI, Reni; PORTUGAL, Silvia; MELO, Lucas (orgs.). Experiência, Saúde, Cronicidade: um olhar socioantropológico. Rio de Janeiro; Coimbra: Ed. Fiocruz; Imprensa da Universidade de Coimbra, 2021. (Coleção Antropologia e Saúde).

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GOFFMAN, Erving. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. 4 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2008.

HELMAN, C.G. Cultura, saúde e doença. 5 ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. 

HELMAN, Cecil G. Doença versus enfermidade na clínica geral. Campos – revista de Antropologia. 2009; 10(1):119-128.

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INGOLD, Tim. Antropologia: para que serve? Petrópolis: Ed. Vozes, 2019.

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MELO, Lucas Pereira de. Por uma Antropologia da Saúde politicamente posicionada: entrevista com Chiara Pussetti. Interface – Comunicação, Saúde, Educação, Botucatu, v. 25, p. 1-13, 2021.

MELO, Lucas Pereira de; PERES, Marina Gruenwald; SOUZA, Jared Wanderson Moura de; CORTEZ, Lumena Cristina de Assunção. Do “HIV-profecia” ao “HIV-território”: um estudo de caso sobre juventude, subjetividade e ativismo em HIV/aids. Physis – Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 31, n. 4, p. e310406, 2021.

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SOUZA, N.A.; PITANGUY, J. (orgs.). Saúde, corpo e sociedade. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2014. 

SANTOS, Rafael José. Antropologia para quem não vai ser antropólogo. Porto Alegre: Tomo Editorial, 2005.

SEGATA, Jean. Covid-19: escalas da pandemia e escalas da antropologia. Boletim Cientistas Sociais e o coronavírus, n. 2, março 2020.
 

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