O curso visa a oferecer uma introdução geral à abordagem da sexualidade da perspectiva das ciências sociais, com foco privilegiado (mas não exclusivo) na Antropologia. O ponto de partida é a abordagem clássica do tema na disciplina, centrada na modelagem cultural do sexo, Segue-se um percurso de elaborações cronologicamente posteriores - tendo em vista o impacto do interacionismo simbólico, do estruturalismo, da obra de Foucault, do feminismo e dos estudos sobre homossexualidade - com ênfase na problematização crescente das relações entre natureza e cultura, corporalidades e gênero, corporalidades e identidades sexuais, que se manifestam tanto no debate teórico como em convenções sociais, técnicas corporais e movimentos políticos contemporâneos.
A sexualidade como objeto das ciências sociais. Sexualidade e gênero na antropologia clássica. Sexualidade e gênero na perspectiva estruturalista. A primeira onda de estudos feministas. Desnaturalizando o sexo: impacto da obra de Foucault. Estudos sobre homossexualidade nos anos 1970 e 1980. Corporalidade, gênero e identidades sexuais.
Unidade I: Sexo, Gênero, Família: Universalidade e Diversidade Cultural.1. A construção social da oposição “masculino” e “feminino”- Pierre CLASTRES. “O arco e o cesto”. In: A sociedade contra o Estado. São Paulo: Cosac Naify, 2003, Cap. 5.- Margaret MEAD.Sexo e temperamento. São Paulo: Perspectiva, 2000. “Introdução”; Cap. 17 “A padronização do comportamento sexual”; Cap. 18 “O inadaptado”. “Conclusão”.2. Família, parentesco e vida sexual. - Bronislaw MALINOWSKI. A vida sexual dos selvagens. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1983 (edição esgotada). Cap. 1 “As relações entre os sexos na vida tribal”; Cap. 7 “A procriação e a gravidez segundo as crenças dos nativos”. - Edmund LEACH. “Nascimento Virgem”. In: Roberto da Matta, org. Edmund Leach: Antropologia. São Paulo: Ática, 1983 (edição esgotada). - Marilyn STRATHERN. “Necessidade de pais e necessidade de mães”. Estudos Feministas, v. 3, nº 2, 1995.3. Sexo, Família e Fundamentos da Vida Social.- Claude LÉVI-STRAUSS, “A família”. In: Harry L. Shapiro, org. Homem, cultura e sociedade. São Paulo: Fundo de Cultura, 1956 (edição esgotada).- Claude LÉVI-STRAUSS, “O problema do incesto”. In: As estruturas elementares do parentesco. Petrópolis: Vozes, 2003. Cap. 2.4. Feminismo e Antropologia. Gênero e Patriarcado. Problemas envolvidos na “busca dos universais” da vida social.- Michelle ROSALDO. “O uso e o abuso da antropologia: reflexões sobre o feminismo e o entendimento intercultural”. Horizontes Antropológicos, nº.1. 1995, p.11-36.- Gayle RUBIN com Judith BUTLER. “Tráfico sexual – entrevista”. cadernos pagu, n º 21, 2003, p.157-209. - Donna HARAWAY. “Gênero para um dicionário marxista: a política sexual de uma palavra”. cadernos pagu, nº 22, 2004, p. 201-246.- Adriana PISCITELLI. “Recriando a (categoria) mulher?”. In: Leila Algranti, org.“A prática feminista e o conceito de gênero”. Textos Didáticos, nº 48. Campinas, IFCH-Unicamp, 2002, p. 7-42.Unidade II – O Sexo é Dual e Estável? Sexualidade, corporalidades, erotismo, cultura e política.5. Sexo e poder: Foucault e os estudos de sexualidade- Michel FOUCAULT. História da Sexualidade 1 – A vontade de saber. Rio de Janeiro: Graal, 2003.6. Sexo, gênero, corpo, biologia e cultura: problemas relativos à construção social de pessoas e corpos marcados pelo sexo e pelo gênero.-Anne FAUSTO-STERLING. “Dualismos em duelo”. cadernos pagu, n° 17/18, 2001/02, p. 9-79.-Carole VANCE. “A antropologia redescobre a sexualidade: um comentário teórico”. Physis – Revista de Saúde Coletiva, v. 5, ° 1, p. 7-31.-Jeffrey WEEKS. “O corpo e a sexualidade”. In: Guacira Lopes Louro, org. O corpo educado – pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica, 2000, p.37-82.-Mariza CORRÊA. “Fantasias corporais”.In: Adriana Piscitelli, Maria Filomena Gregori e Sergio Carrara, org. Sexualidade e saberes: convenções e fronteiras. Rio de Janeiro: Garamond, 2004, p. 173-182. (publicado também como “Convenções culturais e fantasias corporais”. In: Fernanda Peixoto, Heloísa Pontes e Lilia M. Schwarcz, org. Antropologia, histórias, experiências. Belo Horizonte, Ed. UFMG, 2004, p.123-134).7. Práticas eróticas e identidades- Peter FRY, “Da hierarquia à igualdade: a construção histórica da homossexualidade no Brasil”. In: Para inglês ver: identidade e política na cultura brasileira. Rio de Janeiro: Zahar, 1981. Cap.4. (edição esgotada).- Maria Luiza HEILBORN. “Ser ou estar homossexual: dilemas da construção da identidade social”. In: Richard Parker e Regina Maria Barbosa, org. Sexualidades brasileiras. Rio de Janeiro, Relume Dumará, 1996, p. 136-145. (edição esgotada).-Maria Filomena GREGORI. “Prazer e perigo: notas sobre feminismo, sex-shops e S/M”.In: Adriana Piscitelli, Maria Filomena Gregori e Sergio Carrara, org. Sexualidade e saberes: convenções e fronteiras. Rio de Janeiro: Garamond, 2004, p.235-255.-Isadora Lins FRANÇA, “Cada macaco no seu galho? Arranjos de poder, políticas identitárias e segmentação de mercado no movimento homossexual”. Mimeo.8. Repensando sexo, gênero, família e parentesco- Judith BUTLER. “O parentesco é sempre tido como heterossexual?” cadernos pagu, nº 21, 2003, p.219-260.-Renato SZTUTMAN e Silvana NASCIMENTO. “Antropologia de corpos e sexos: entrevista com Françoise HÉRITIER”. Revista de Antropologia, v. 47, nº 1, 2004, p.235-266.