O objetivo do curso é estabelecer um diálogo interdisciplinar, realizando uma leitura, ao mesmo tempo, histórica, antropológica e social de determinadas telas e imagens pictóricas. O material para reflexão se concentrará nas pinturas neoclássicas do gênero de história (com algumas inclusões de outros modelos de pintura e suportes de imagens) produzidas pela, assim chamada, “Missão francesa” e pela futura Academia Imperial de Belas Artes, fundada em 1826. É justamente nos trópicos que esse gênero vivenciará uma espécie de “mal-entendido”, uma vez que a realidade pouco se adequava ao motivo nobre da escola. Em questão estará, portanto, não só recuperar uma leitura original e local, como a noção de que a imagem representa um suporte fundamental na produção de representações sociais, amplamente negociadas.
- Análise de pinturas neoclássicas produzidas no século XIX no Brasil- Reflexão teórica sobre antropologia da arte e história social da arte.
UNIDADE1: Limites e possibilidades de uma história social da arte-Uma leitura de fontes e uma análise social da arte. GINZBURG, Carlo. Baxandall. Padrões de intenção. Introdução e Capítulo 1.Seminário 1: Velasquez e a leitura de FoucaultFoucault, Michel. “Las meninas” In Arqueologia do saber. São Paulo, Martins Fontes, 1998. - Uma história social da arte: de Aby Warburg a Carlo Ginzburg.Bibliografia: GINZBURG, Carlo. “De Warburg a Gombrich”. In: Mitos, emblemas e sinais – Morfologia e História. São Paulo, Companhia das Letras, 1990. WIND, Edgar: A eloquência dos símbolos. São Paulo, Edusp, 1997. Cap. 2.Leitura Complementar: BURUCÚA, José Emílio: História, arte, cultura: De Aby Warburg a Carlo Ginzburg. Argentina, Fóndo de Cultura Econômica, 2003.Seminário 2: Piero de La Francesca na leitura de GinzburgGINZBURG, Carlo. Indagações sobre Piero: O Batismo, o ciclo de Arezzo, a Flagelação. São Paulo, Paz e Terra, 1989.- Wolfflin e o elogio de uma escola formalista. WOLFFLIN, Heinrich. Conceitos Fundamentais da História da Arte. São Paulo, Martins Fontes, 2000.Seminário 3: Renascimento e barroco na perspectiva de WolfflinWOLFFLIN, Heinrich. Renascença e Barroco. São Paulo, Perspectiva, 2005. - Erwin Panofsky e a iconologia como método.PANOfSKY, Erwin. “A História da Arte como uma disciplina humanística” e “Iconografia e Iconologia: uma introdução ao estudo da arte da Renascença”. In: Significado nas Artes Visuais. São Paulo, Perspectiva, 1991. Seminário: Nicolas Poussin entre a iconologia e o formalismo PANOFSKY, Erwin: “‘Et in Arcádia Ego’: Poussin e a tradição elegíaca”. In: Significado nas Artes Visuais. São Paulo, Perspectiva, 1991. WEISBACH, Werner: “Et in Arcádia Ego”. In: A Pintura – textos essenciais, vol. 8: Descrição e Interpretação. São Paulo, Ed. 34, 2005.Leitura Complementar: MARIN, Louis: Sublime Poussin. São Paulo, Edusp, 2001. - As telas falam entre siGOMBRICH, Ernst H. Arte e Ilusão – um estudo da psicologia da representação pictórica. São Paulo, Martins Fontes, 1995 Seminário 3: Símbolos da revoluçãoSTAROBINSKY, Jean. Os emblemas da razão. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. - “Pintura neoclássica”.FRIEDLAENDER, Walter. De David a Delacroix. São Paulo, Cosac & Naify, 2001; PEVSNER, Nikolaus. “Introdução à edição brasileira” e “A volta ao antigo, o mercantilismo e as academias de arte”. In: Academias de Arte: passado e presente. São Paulo, Companhia das Letras, 2005, p. 9-20 e p. 191-234. WINCKELMANN, Johann Joachim: Reflexões sobre a Arte Antiga. Porto Alegre: Movimento e Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1975. Seminário 4: David. CLARK, T. J. Modernismos. São Paulo, Cosac & Naify, 2007. Análise da tela “A morte de Marrat”.UNIDADE 2: As virtudes dos trópicos: traduzindo o neoclassicismo no Brasil- Neoclassicismo e os trópicos.MIGLIACCIO, Luciano. “O século XIX”. In: Mostra do Redescobrimento - Arte do Século XIX. São Paulo, Fundação Bienal de São Paulo/Associação Brasil 500 anos Artes Visuais, 2000; NAVES, Rodrigo. “Debret, o Neoclassicismo e a escravidão”. In: A forma difícil: ensaios sobre arte brasileira. São Paulo, Ática, 1996; LIMA, Valéria. Uma viagem com Debret. Rio de Janeiro, Zahar, 2004. Seminário 5: Debret e sua viagemDEBRET, Jean Baptiste. Viagem pitoresca e histórica ao Brasil. Belo Horizonte/São Paulo, Itatiaia/Editora da Universidade de São Paulo, 1989.- Missão ou a colônia de artistas franceses. Impasses com a historiografia.TAUNAY, Afonso de E. A missão artística de 1816. Rio de Janeiro, Ministério da Educação e Cultura, 1956. (cap. 1 e 2); SCHWARCZ, Lilia M. A Colônia Lebreton. (mimeo)Leitura Complementar: PEDROSA, Mário. “Da Missão Francesa - seus obstáculos Políticos”. In: ARANTES, O. (org.). Acadêmicos e Modernos: textos escolhidos de Mário Pedrosa, v. III. São Paulo: EDUSP, 1998, p. 39-114.Aula: “Taunay e seus trópicos”. - A escravidão como limite da tela neoclássica.SCHWARZ, Roberto. “As idéias fora do lugar”. In: Ao vencedor as batatas: forma literária e processo social nos inícios do romance brasileiro. São Paulo, Duas Cidades/Editora 34, 2003, p. 11-31; SCHWARZ, Roberto. “Nacional por subtração”. In: Que horas são? Ensaios. São Paulo, Companhia das Letras, 2002, p. 29-48; ALENCASTRO, Luis Felipe. (org.) “Epílogo”. In: História da vida privada v. 2 - Império: a corte e a modernidade nacional São Paulo, Companhia das Letras, 1998.- A Escola Imperial de Belas Artes.DE LOS RIOS FILHO, Adolfo Morales. “O ensino artístico. Subsídio para a sua história. Um capítulo: 1816-1916”. In: III Congresso de História Nacional. Rio de Janeiro, IHGB, 1938. Reproduzido em Anais do III Congresso de História Nacional. Rio de Janeiro, v. 8, 1942, p. 3-429.Seminário 6: “Independência ou morte”. MATOS, Cláudia Valadão de. “Independência ou Morte! O Quadro, a Academia e o Projeto. Nacionalista do Imperador”. In: OLIVEIRA, Cecília Helena Sales de & MATOS, Cláudia Valladão (orgs). O Brado do Ipiranga. São Paulo, EDUSP, 1999.- A Escola Imperial de Belas Artes e d. Pedro II: Um mecenato oficial.SCHWARCZ, Lilia. As barbas do Imperador. São Paulo, Companhia das Letras, 1998, p. 125-157 (capítulo 7).Seminário 7: “A primeira missa”. COLI, Jorge. “A Primeira Missa”. Nossa História. Rio de Janeiro, n. 1, nov. 2003, p. 19-24.UNIDADE 3: Novos nacionalismos, novos regionalismos.- Almeida Junior: nacionalidade e regionalismos. (Aula Daniela Perutti)NAVES, Rodrigo. “O sol no meio do caminho”. Novos estudos CEBRAP. São Paulo, n. 73, nov. 2005, p. 135-148; COLI, Jorge. “A violência e o caipira (Sobre Almeida Júnior)”. Estudos Históricos. Rio de Janeiro, v. 30, 2003, p. 23-32. SOUSA, Gilda de Melo e. “Pintura Brasileira Contemporânea: os precursores”. In: Exercícios de leitura. São Paulo, Duas Cidades, 1980.Seminário 8: “As fissuras da Academia”.ALVES, Caleb Faria. “Introdução”, Cap. 2: “Um caiçara em Paris”, Cap. 3: “As fissuras da Academia” e Cap. 4: “Imagens da Transformação”. In: Benedito Calixto e a construção do imaginário republicano. Bauru, Edusc, 2003.Leitura Complementar: ARRUDA, Maria Arminda do Nascimento: A temática regional. In: Anais do Museu Paulista, São Paulo, nº 35, 1987. - A decadência do modelo: outros mecenatos.ARRUDA, Maria Arminda do Nascimento . “Fronteiras da sociologia da cultura no Brasil. Temas e Problemas”. In: César Barreira, Rubem Murilo Leão Rego, Tom Dwyer. (Org.). Sociologia e conhecimento além das fronteiras. Porto Alegre: Tomo Editorial, 2006, v. 1, p. 65-77ARRUDA, Maria Arminda do Nascimento . Pensamento brasileiro e sociologia da cultura: questões de interpretação. In: Maria Arminda do Nascimento Arruda. (Org.). História e Sociologia: O Brasil entre dois séculos. 01 ed. Lisboa: Centro de História da Universidadede Lisboa, 2006, v. 14/15, p. 131-141. LOURENÇO, Maria Cecília França: A maioridade do moderno em São Paulo: anos 30 e 40. Tese de Doutorado, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, 1990.Seminário 9: Retratos do ModernismoMICELI, Sérgio. Imagens negociadas: retratos da elite brasileira (1920-1940). São Paulo, Companhia das Letras, 1996.