O tema geral do curso – o lugar que a natureza e a sociedade ocupam na teoria antropológica – esta presente desde cedo na disciplina. No século passado, o dualismo Natureza/Cultura marcou a antropologia moderna, servindo para definir o próprio campo de atuação da disciplina, o que se pode observar nas formulações do estruturalismo. O tema volta com nova ênfase na virada do século com os trabalhos de P. Descola, Tim Ingold, Bruno Latour e E. Viveiros de Castro que propõem a necessidade de revisão da teoria social de forma a se avançar na construção de um instrumental analítico que nos permita falar em termos de simetria, trans-ecologia e multinaturalismo.Embora não deixe de recorrer à amplitude da questão que envolve os temas Natureza, Sociedade e Cultura no mundo contemporâneo, esta programação tem um caráter bastante dirigido. Detém-se na bibliografia etnológica, dando principal destaque à discussão que emerge das etnografias produzidas sobre populações ameríndias, que dispõem natureza e cultura em relação de contigüidade.
-Discutir a bibliografia recente relativa às críticas ao uso universal do dualismo Natureza/Cultura, tomando como referência, de um lado os paradigmas da antropologia social e de outro, trabalhos etnográficos das três últimas décadas, nos quais tal distinção se mostrou inadequada;-Propiciar ao aluno de Ciências Sociais uma reflexão sobre etnografias recentes relativas às populações ameríndias.
Embora não deixe de recorrer à amplitude da questão que envolve os temas Natureza, Sociedade e Cultura no mundo contemporâneo, esta programação tem um caráter bastante dirigido. Detém-se na bibliografia etnológica, dando principal destaque à discussão que emerge das etnografias produzidas sobre populações ameríndias, que dispõem natureza e cultura em relação de contigüidade. A crítica interna da metafísica e das epistemologias ocidentais: I. Stengers, B. Latour e T. Ingold - as concepções de Natureza são construídas socialmente- o dualismo Natureza/Cultura é uma das visões possíveis do universoII. Imagens de Natureza e Sociedade na Amazônia - o “modo anímico” – P. Descola - o perspectivismo – E. Viveiros de Castro e Tânia Stolze Lima
Unidade I - A crítica interna da metafísica e das epistemologias ocidentais.- LATOUR, Bruno. [1994] 1994. Jamais Fomos Modernos. Ensaio de Antropologia Simétrica. Tradução de Carlos Irineu da Costa. RJ: Editora 34.- STENGERS, Isabelle. 2002. A invenção das ciências modernas. São Paulo: Editora 34.Seminário: KAJ ARHEM. 2001 [1996]. “La red cósmica de la alimentación. La interconexión de la humanos y la naturaleza en el noroeste de la Amazonia”, In: Descola, P.& Pálsson, G. (Coordenadores) Naturaleza e Sociedad. Perspectivas Antropológicas. México: Siglo Veintiuno Editores.Unidade II - Conceitos de Sociedade- INGOLD, Tim. [1994]. “Humanidade e Animalidade” Revista Brasileira de Ciências Sociais n. 28, ano 10, p. 39-54.Seminário: RIVAL, Laura. 2001 [1996]. “Cerbatanas e lanzas. La significación social de las elecciones tecnológicas de los Huaorani”, In: Descola, P.& Pálsson, G. (Coordenadores) Naturaleza e Sociedad. Perspectivas Antropológicas. México: Siglo Veintiuno Editores.- INGOLD, T. [1998] 2003 “A Evolução da Sociedade”, in C. Fabian (org.) Evolução: Sociedade, Ciência e Universo, Bauru: EduscBARTH, Fredrik. 2000. “Por um maior naturalismo na conceptualização das sociedades”, in: Fredrik Barth O guru, o iniciador e outras variações antropológicas. Rio de Janeiro: Contra Capa Livraria.Seminário: GONÇALVES, Marco Antonio. 2001. O mundo inacabado. Ação e criação em uma cosmologia amazônica. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ.- KUPER, Adam. 1992.“Introduction”. In: Conceptualizing society. Londres: Routledge and Kegan Paul. Pp. 1-14.VIVEIROS DE CASTRO, E. (2002) “O Conceito de sociedade em antropologia”, in: A inconstância da alma selvagem e outros ensaios de antropologia. São Paulo: Cosac & Naify.Seminário: VILAÇA, Aparecida. 1992. Comendo como gente: formas do canibalismo Wari’. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ.Unidade III – Ambiente e Percepção: Habitação, Habilidades e Socialidades- INGOLD, Tim. 2000. The Perception of the Environment. Essays on livilihood, dwelling and skill. London & New York: Routledge. Seminário: FAUSTO, Carlos. 2008. Donos demais. Maestria e domínio na Amazônia MANA 14(2): 329-366, 2008____. 2002. “Banquete de gente: comensalidade e canibalismo na Amazônia”. Mana 8 (2): 7-44.- INGOLD, Tim. 2000. The Perception of the Environment. Essays on livilihood, dwelling and skill. London & New York: Routledge. Seminário: PISSOLATO, Elizabeth. 2006. A Duração da Pessoa. Mobilidade, Parentesco e Xamanismo Mbya (Guarani). São Paulo: NUTI/UNESP/ISA- BATESON, Gregory. [1972] 1985. Pasos Hacia una Ecologia de la Mente. Una aproximatión revolucionaria de la autocompreensión del hombre. Buenos Aires: Lohlé-Lumen.Seminário: GALLOIS, Dominique T.. 1984-85. “O pajé waiãpi e seus espelhos”, Revista de Antropologia, 27-28: 179-196.____. 1996. “Xamanismo waiãpi: nos caminhos invisíveis, a relação i-paie”. In: E.J.M. Langdon (ed.) Xamanismo no Brasil: novas perspectivas. Florianópolis Editora de UFSC.Unidade IV - Imagens de Natureza e Sociedade na Amazônia- DESCOLA, Ph. 1986. La Nature Domestique: symbolisme et práxis dans l’ecologie dês Achuar. Paris: Ed. De la Maison des sciences de l’homme. Cap. 5 “Le monde des jardins” (Traduzido para o espanhol: “El mondo de los huertos” Pp. 195-302).____. 1992. “Societies of nature and nature of society”, in: KUPER, A. Conceptualizing society. London: Routledge.DESCOLA, Ph. & PÁLSSON, G. [1996] 2001 “Introducción”, in: Descola, P. & Pálsson, G. (Coordenadores) Naturaleza e Sociedad. Perspectivas Antropológicas. México: Siglo Veintiuno Editores.Seminário: SZTUTMAN, Renato. 2005. O profeta e o principal. A ação política ameríndia e seus personagens. Tese de doutorado defendida no PPGAS/USP Partes II e III.- DESCOLA, Ph. [1996] 2001 “Construyendo naturalezas. Ecologia simbólica y práctica social”, In: Descola, P. & Pálsson, G. (Coordenadores) Naturaleza e Sociedad. Perspectivas Antropológicas. México: Siglo Veintiuno Editores._____. 1998. “Estrutura ou sentimento: a relação com os animais na Amazônia” MANA. Estudos de Antropologia Social 4 (1) : 23-45.____. 2002. “Genealogia de Objetos e Antropologia da Objetivação”, Horizontes Antropológicos Porto Alegre, ano 8, n. 18, p. 93-112 Dezembro.Seminário: DESCOLA, Ph.. 2005. Par-delá nature et culture, Paris: Éditions Gallimard.- LIMA, Tânia Stolze. 1996. “O Dois e seu Múltiplo: Reflexões sobre o Perspectivismo em uma Cosmologia Tupi”, in: Mana 2 (2): 21-47.Seminário: LIMA, Tânia Stolze. 1999. “Para uma teoria etnográfica da distinção entre natureza e cultura na cosmologia juruna”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 14(40):43-52.- VIVEIROS DE CASTRO, E. 2002. “Imagens da Natureza e da Sociedade” e “Perspectivismo e multinaturalismo na América indígena”, in: A inconstância da alma selvagem e outros ensaios de antropologia. São Paulo: Cosac & Naify.Seminário: VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. 2006. “A floresta de cristal. Notas sobre a ontologia dos espíritos amazônicos”, Cadernos de Campo. Revista dos Alunos do PPGAS/USP n. 14/15, p. 319-338.ALBERT, Bruce. 1998. La fumée du metal: histoire et representations du contact chez les Yanomami (Brésil). L´Homme, 106-107 XXVIII: 87-119.____. 2002. “O ouro canibal e a queda do céu”. In: B. Albert & A. R. Ramos (Organizadores) Pacificando o branco. Cosmologias do contato no Norte-Amazônic. São Paulo: Editora UNESP: Imprensa Oficial do Estado.