O curso permitirá o exame crítico da lei e do Estado como princípio de inteligibilidade do fenômeno político e jurídico no pensamento antropológico; da política como domínio substantivo da vida social; e a proposição da precedência analítica do conflito em relação à ordem.
O curso tem por propósito de examinar e colocar em discussão, através de postulados e objeções etnográfica ou teoricamente construídos, duas suposições implícitas ao pensamento político dominante nas ciências sociais e no senso comum. Um deles corresponde à ideia da política como um domínio próprio da vida social, idéia indissociável de um ideal democrático despojado de toda impureza impeditiva de sua realização. Outro confere ou atribui ao Estado a centralidade e chave de inteligibilidade de todo fenômeno político. O curso privilegiará, nesse duplo intuito, abordagens que de qualquer forma discutam concepções de política e de poder e enfoquem relações entre política, parentesco, indivíduo e comunidade, todas essas noções que se colocarão em discussão no mesmo processo e em razão do mesmo procedimento.
Os sucessivos deslocamentos do político e da política como objeto antropológico operados por diferentes autores, em diversos momentos e escolas da disciplina.
ABÈLES, Marc 1991. "Avoir du Pouvoir Politique". In: Martine Segalen (org.) Jeux de Familles. Paris, CNRS Éditions. pp. 79-99. BAILEY, F. G. 1871. Gift and poison. The Politics of Reputation. Oxford: Basil Blackwell. PP 1-21; 182-201. BOURDIEU, Pierre. 1989. “A representação política. Elementos para uma teoria do campo político”. In. O Poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand. PP. 131-151. BEZERRA, Marcos O. 2004. “La Politique vue d’en Bas”. Critique LX, 680-1, pp. 66-76. CAÑEDO, Letícia B. 1994. “Caminhos da memória: parentesco e poder”. Textos de História 2(3): 85-122. ________ 1998. La production généalogique et les modes de transmission d'un capital politique familial dans le Minas Gerais brésilien. Genèses ,2 (31): 4-28. ________. 2002. “Herança na política ou como adquirir disposições e competências necessárias às funções de representação política (1945-1964)". Pró-Posições, 13 (3): 169-198 CARVALHO, José. M. 1997. “Mandonismo, Coronelismo, Clientelismo: uma discussão conceitual”. Dados, 40 (2): 229-251. CHAMPAGNE, Patrick. 1990. Faire l’Opinion. Paris: Lês editions de minuit CLASTRES, Pierre. 2003 [1974]. A Sociedade contra o Estado. São Paulo: Cosac & Naify.Pp: 45-62. CLASTRES, Pierre. 2004. Arqueologia da Violência. São Paulo: Cosac & Naify.Pp: 231-270. CURTIS, J.; SPENCER, J. 2012. “Anthropology and the Political”. In: R. Fardon et al. (Eds..) Sage Handbook of social Anthropology vol. 1. Londres: Sage. DONZELOT, Jacques. 1986. A Policia das Famílias. Rio de Janeiro: Graal. EISENSTADT, S.N. ET RONIGER, L. 1984. Patrons, Clients and Friends. Cambridge, Cambridge University Press. EVANS-PRITCHARD, Edward 1940. The Nuer. Oxford: Clarenton Press. FOUCAULT, Michel. 1994. Dits et Ecrits (4 vols). Gallimard, Paris. “As malhas do pode” (vol IV – 182-201). ____. 1984 [1975]. Vigiar e Punir. Petrópolis: Vozes. Pp: 125-152; 153-172; 173-179. ____. 1994. Dits et Ecrits (4 vols). Gallimard, Paris. “L’Oeil Du Pouvoir. ____. 1976. Cours au Collége de France. Paris: Gallimard. Il fault défendre La société; sécurité, territoire, population”. Naissance de la biopolitique”, “Du gouvernement dês vivants”. GAXIE, Daniel (org). 1989. Explication Du vote.Un bilan dês Études lectreales en France. Paris: Presses FNPS. GEERTZ, Clifford. 1991 [1980]. Negara: o Estado Teatro no Século XIX. Lisboa: Difel. GOLDMAN, Marcio; PALMEIRA, Moacir. 1996 . "Apresentação". In: Palmeira, Moacir; Goldman, Marcio. (Orgs.). Antropologia, Voto e Representação Política. Rio de Janeiro: Contra Capa Livraria, 1996, v. 1, p. 1-12. GOLDMAN, Marcio. 2006. Como funciona a democracia. Uma teoria etnográfica da política. Rio de Janeiro: 7 Letras. GRAHAM, Richard 1990. Patronage and Politics in Nineteenth Century Brazil. Stanford: Stanford University Press. HARDT, Michael & Negri, Toni. 200. Império. Rio de Janeiro: Record. ____. 2004. Multidão. (parte 1). HARDT, Michael. 2000. “A Sociedade Mundial de Controle”. In: Alliez, Eric (org.). Gilles Deleuze. Uma vida filosófica. Rio de Janeiro: Editora 34. PP. 333-355. HERZFELD, Michael. 1992. The Social Production of Indifference. Exploring the symbolic roots of Western bureaucracy. Chicago: Chicago University Press. ____. 2005. Cultural Intimacy. Social Poetics in the Nation-State. Caps.2, 3 (39-92;201-210) ____. 1985. Lévi-Strauss in the Nation-State. Joural of American Folklore. Vol. 98, n. 388. LEAL, Vitor Nunes 1997 [1949]. Coronelismo, Enxada e Voto – o município e o regime representativo no Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. LEWIN, Linda. 1979. "Some Histrical Implications of Kinship Organization for Family-Based Politics in the Brazilian Northeast". Comparative Studies in Society and History, vol. 21. Pp. 262-292. LOIZOS, Peter 1976. The Greek Gift. Politics in a Cypriot Village. Oxford: Basil-Blackwell. MARQUES, A. C. D. R., COMERFORD, J. & CHAVES, C. 2007. “Traições, Intrigas, Fofocas, Vinganças. Notas para uma abordagem etnográficas do conflito”. In: MARQUES, A. C. D. R. (Org.). 2007. Conflitos, Política e Relações Pessoais. Campinas: Pontes Editores. Pp: 27-55. MARQUES, A. C. D. R. (Org.). 2007. Conflitos, Política e Relações Pessoais. Campinas: Pontes Editores. MICHELUTTI, Lucia 2007. “The Vernacularization of Democracy: political participation and popular and popular politics in North Índia”. Journal of the Royal Anthropological Institute. OFFERLÉ, Michel. 1993. Le vote comme évidence et comme enigme”. Genèses. 12. PP. 131-151. PALMEIRA, Moacir. 1991. “Política, facção e compromisso. Alguns significados do voto”. Encontro de Ciências Sociais do Nordeste. 1: 111-130. ____ . 1995. Apresentação. Antropologia Social Comunicação do Ppgas, Rio de Janeiro, v. 5, p. I-IV. ____. 1992. Voto: Racionalidade Ou Significado ?. REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS SOCIAIS, p. 26-30, 1992. PALMEIRA , M. G. S. ; HEREDIA, B. 1994. Le Temps de La Politique. Etudes Rurales - Revue Trimestrielle Publiée par le Laboratorie d'Antropologie Sociale du Centre National de la Recherche Scientifique, v. 131-32, p. 73-87 ____ . 2006. O Voto como Adesão . Teoria e Cultura, v. 01, p. 35-58. ____. 1992 . Os Comícios e A Política de Facções. Anuário Antropológico, v. 94, p. 31-94, 1995. SARTRE, Jean-Paul. 1973. “Elections, Pieges à Cons”. Lês Temps Modernes 318: 1099-1108. SPENCER, Jonathan 2007. Anthropology, Politics and the State. Cambridge: Cambridge University Press. VERNANT , Jean Pierre. 1987. L’Individu, la mort, l’amour. Paris: Gallimard. “Entre la honte et la gloire. L’Identité Du jeune spartiate.”. “l’Individu dans la cite”. (PP. 173-232) ____. 1987. “L’Individu atteint au coeur par la puissance publique”. In. Paul Veyne et al. Sur lindividu. Paris: Seuil. PP. 7-19 VEYNE, Paul. 1984. “Os gregos conheceram a democracia?”.Diógenes, n. 6. PP. 57-82.\ VILLELA, J. L. M. “Societas Sceleris – cangaço e formação de bandos armados no sertão de Peranambuco”. Civitas. 1 (2): 143-164. ____. O Povo em Armas. Rio de Janeiro. Tese de Doutorado. PPGAS/MN/UFRJ. 2003. ____ . "Família como grupo? Política como agrupmamento?" Revista de Antropologia, 52: 201-246. 2009 VILLELA, J. e MARQUES, A. C. 2006. "Municipal Elections: favor, vote and credit in the Pernambucan Sertão of Brazil”. The Latin Americanist, 49 (2): 25-63.