A disciplina visa oferecer uma discussão ampla sobre alguns marcadores sociais da diferença, com foco em raça, gênero e sexualidade. Em primeiro lugar, problematiza a idéia de diferenças aparentes, mostrando como o corpo é socialmente marcado – diferenças que, a despeito de pareceram marcas corporais, são de fato, marcas sociais. Traz assim uma introdução às teorias sobre raça/cor, gênero e sexualidade, enfatizando ao final a perspectiva que trata da intersecção dessas marcas. O programa utiliza-se majoritariamente de textos da antropologia, mas abarca vários artigos e livros de áreas afins, considerando que se tratam “regiões de fronteira” em que se dá amplo diálogo nas ciências humanas em geral.Proposta (justificativa):Raça, gênero e sexualidade são campos de estudos que cada vez mais operam em inter-relação. Embora cada campo deste tenha tido um desenvolvimento particular e muitas vezes em separado, desde meados dos anos 1980 destaca-se, nas ciências sociais, a importância de compreender como tais diferenças operam na vida social e cultural de forma inter-relacionada. Portanto, a disciplina viabiliza um olhar complexo sobre as sociedades e culturas que estudamos.
Como os temas da raça, do gênero e da sexualidade aparecem na teoria antropológica clássica; o problema da raça na teoria social brasileira; a desconstrução da noção de raça para teoria social contemporânea; gênero na teoria contemporânea; a abordagem da sexualidade nas ciências sociais; interseccionalidades e articulações entre raça, gênero e sexualidade.
APPIAH, Kwame Anthony: Na casa de meu pai, Contraponto, 1997BOAS, Franz. Raça e Progresso. In: Casto, C., org. Antropologia Cultural – Franz Boas. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 2004.BRAH, Avtar: “Diferença, diversidade, diferenciação”, cadernos pagu, 26, 2006, pp. 329-376BUTLER, Judith. Problemas de Gênero. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira. 2003CLASTRES, Pierre: "O arco e o cesto". A Sociedade Contra o Estado, Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1978. CRAPANZANO, Vincent. “Estilos de Interpretação e a retórica de categorias sociais”. In: Raça como Retórica: a construção social da diferença. (orgs. Maggie, Y. e Rezendo, C.) Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2001.DE LAURETIS, Teresa: "A Tecnologia do Gênero" in: Heloisa Buarque de Hollanda (org.), Tendências e Impasses - O Feminismo como Crítica da Cultura, Rio de Janeiro, Rocco, 1994.DOUGLAS, Mary. Pureza e perigo. São Paulo: Perspectiva, 1976.DUMONT, Louis. “Casta, racismo e estratificação”. In: Homo Hierarquicus: O Sistema de Castas e Sua Implicações: São Paulo, EDUSP, 1992. FOUCAULT, Michel: História da Sexualidade – A vontade de saber, Vol. 1, Rio de Janeiro, Graal, 1977FRASER, Nancy: “Da redistribuição ao reconhecimento? Dilemas da justiça numa era pós-socialista”, Cadernos de Campo 14/15FREYRE, Gilberto. Casa grande & senzala - formação da família brasileira sob o regime de economia patriarcal. Rio de Janeiro: Record Ed., 1992.FRY, Peter. A persistência da “raça”. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2005.HALL, Stuart: “Que ‘negro’ é esse na cultura negra?” in: Da Diáspora: identidades e mediações culturais, Belo Horizonte, Ed. UFMG, 2003HALL, Stuart: A questão da identidade cultural na pós-modernidade, A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro, DP&A, 1999. HARAWAY, Donna: “‘Gênero’ para um dicionário marxista”, cadernos pagu, 22, 2004, pp.201-246LAQUEUR, Thomas: Inventando o sexo: corpo e gênero dos gregos a Freud, Rio de Janeiro, Relume-Dumará, 2001LÉVI-STRAUSS, Claude: Estruturas Elementares do Parentesco, Petrópolis, Vozes, 1982McCLINTOCK, Anne. “Couro imperial. Raça, travestismo e culto da domesticidade”. cadernos pagu, 20 (2003): 7-85.MALINOWSKI, Bronislaw. A vida sexual dos selvagens. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1983MARTIN, Emily. A mulher no corpo: uma análise cultural da reprodução, Rio de Janeiro, Garamond, 2005MAUSS, Marcel: “As Técnicas do Corpo” in: Sociologia e Antropologia, São Paulo, Cosac e Naify, 2003MEAD, Margaret - Sexo e Temperamento, São Paulo, Ed. Perspectiva, 1999. MOORE, Henrietta: "Compreendendo Sexo e Gênero". In- T. Ingold (org.) Companion Encyclopedia of Anthropology, London, Routledge, 1997. (tradução de Júlio Assis Simões).PERLONGHER, Néstor. O negócio do michê. [1987] São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2008. RUBIN, Gayle: “El Tráfico de Mujeres: notas sobre la “economia política” del sexo”, Nueva Antropología, Vol. VIII, n. 30, México, 1986SCOTT, Joan: “Gênero: uma categoria útil de análise histórica”, Educação e Realidade, Porto Alegre, 16 (2), jul-dez 1990, pp. 5-22STOLCKE, Verena: “La mujer es puro cuento: La cultura del género” Estudos Feministas, 12 (2), 2004, PP.77-105STOLCKE, Verena: “Sexo está para gênero assim como raça para etnicidade?”, Estudos Afro-Asiáticos, n. 20, 1991STOLKE, Verena. O enigma das interseções: classe, "raça", sexo, sexualidade: a formação dos impérios transatlânticos do século XVI ao XIX. Revista Estudos Feministas, 2006, vol.14, no.1, pp.15-42STRATHERN, Marilyn: "Necessidade de Pais e Necessidade de Mães", Estudos Feministas, Vol. 3, n. 2, 1995.VALE DE ALMEIDA, Miguel: “Género, Masculinidade e Poder: revendo um caso do sul de Portugal”, Anuário Antropológico/95, RJ, Tempo Brasileiro, 1996VANCE, Carole. “A antropologia redescobre a sexualidade”. Physis, 5 (1995): 7-32.WEEKS, Jeffrey. “O corpo e a sexualidade”. In: Louro, Guacira Lopes, org. O corpo educado. Belo Horizonte: Editora Autêntica, 2000, p. 35-81.YOUNG, Robert. Desejo colonial. Hibridismo em teoria, cultura e raça. São Paulo, Perspectiva, 2005.