Métodos computacionais têm sido intensivamente elaborados e aplicados em várias áreas das Humanidades - como na Sociologia, Ciência Política, História, Geografia e Linguística - para o enfrentamento de problemas que requerem a consideração de uma grande quantidade de dados. Seu emprego na Antropologia Social, bem mais recente e discreto que nessas outras áreas, é o que se pretende aqui explorar. Esta disciplina corresponde a uma atividade de laboratório, ou seja, a um espaço experimental, em que se aprende fazendo. Os conceitos de rede e suas aplicações, assim como as ferramentas e métodos computacionais serão apresentados com o apoio de exercícios e estudos de casos supervisionados. Espera-se que, ao final, os estudantes tenham adquirido conhecimentos e habilidades necessárias para começar a experimentar o tratamento informático em temas antropológicos de seu interesse. Em suma, este programa, definido em região de fronteira interdisciplinar, se defronta permanentemente com um duplo desafio: o de elaborar questões antropológicas que satisfaçam os requisitos de uma análise computacional e o de elaborar métodos computacionais que satisfaçam os requisitos de uma análise antropológica.
Introdução a conceitos básicos de rede, a aplicativos computacionais de gerenciamento de bancos de dados e a ferramentas de análise exploratória de redes, em região de fronteira interdisciplinar. Armazenamento, modelagem de dados antropológicos, manuseio e visualização de redes. Exploração de métodos informáticos no desenvolvimento da pesquisa etnográfica. Retomada de desafios teóricos da Antropologia Social, com o emprego de métodos computacionais.
I. Introdução a sistemas de gerenciamento de banco de dados antropológicos. II. Modelagem, manuseio e visualização de redes documentadas na pesquisa etnográfica, com o emprego de ferramentas computacionais. III. Elaboração de métodos computacionais para teste de hipóteses antropológicas. IV. Familiarização no uso de três ferramentas informáticas: (a) MS Access, para a construção e armazenamento de dados etnográficos, (b) Pajek, para a análise e visualização de redes reveladas na pesquisa de campo e (c) MaqPar, para a exploração de questões de parentesco e temas relacionados.
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