Informações da Disciplina

 Preparar para impressão 

Júpiter - Sistema de Gestão Acadêmica da Pró-Reitoria de Graduação


Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
 
Antropologia
 
Disciplina: FLA0407 - Semânticas da criação: ars, artesanias
Semantics of creation: ars, crafts

Créditos Aula: 4
Créditos Trabalho: 1
Carga Horária Total: 90 h
Tipo: Semestral
Ativação: 01/01/2021 Desativação:

Objetivos
O curso tem como objetivo central lançar uma reflexão ampliada sobre a noção de criação, afastando-a das trilhas correntes que tendem a associá-la ao engenho inventivo de um sujeito (individual ou coletivo), e à elaboração de coisas novas em função de projetos que incidem sobre o mundo ao redor. O intuito é testar os rendimentos analíticos da noção quando experimentada em domínios outros, alargando-a com o auxílio de pesquisas realizadas em terrenos variados: criação de gentes, animais, roças, objetos etc. Em um segundo tempo, trata-se de focalizar as artesanias que, interpretadas à luz dessa série semântica ampliada, logram separar-se de vias interpretativas usuais que as associam, de um lado, à “tradição” e, de outro, às identidades e resistências. Menos do que negar a importância das discussões existentes, o intuito é deslocar a reflexão, com o auxílio de análises variadas, que auxiliarão, entre outras coisas, a que procedamos ao escrutínio crítico de categorias tais como “arte popular”, “arte primitiva”, “folclore”, “artesanato”, “tradição” etc.
 
 
 
Docente(s) Responsável(eis)
2091991 - Fernanda Arêas Peixoto
 
Programa Resumido
Criação, criatividade, invenção, imaginação
Artes da criação, artes da memória
Criar, transformar, recriar
Técnica, trabalho, materiais, materialidades
Paisagens e cartografias criadoras
O agricultor, o artesão, o artista
Produção, circulação, exibição
 
 
 
Programa
O trabalho a ser realizado no semestre pretende recuperar discussões clássicas, modernas e contemporâneas sobre criação, invenção e criatividade; criação e imaginação; criação e memória; técnica e trabalho. A ideia é associar textos de timbre mais teórico a leituras de etnografias que se debruçam sobre o problema da criação, ou que tocam nele, lançando sugestões para uma reflexão que se quer ampliada, e que coloca a sua atenção nos processos criadores (making e becoming). Afinal, as ars da criação obrigam a considerarmos múltiplos agentes, capacidades, ações, composições; envolve humanos e não humanos, corpos e gestos, concepções e elaborações que se mostram inseparáveis dos fazeres, das paisagens e do trato com materiais específicos. Nesse sentido, e assim consideradas, elas nos obrigam a borrar diversos divisores, como aqueles que separam não apenas o “popular” e o “erudito”, mas também as artes e ofícios, a prática e o pensamento.
 
 
 
Avaliação
     
Método
Aulas expositivas; seminários; filmes e materiais audiovisuais; leituras dirigidas.
Critério
A avaliação dos alunos compreenderá atividades escritas e seminários.
Norma de Recuperação
A recuperação prevê um exercício escrito que deverá contemplar todo o conteúdo do curso.
 
Bibliografia
     
APPADURAI, ARJ. A vida social das coisas. As mercadorias sob uma perspectiva cultural. Tradução Agatha Bacellar, Niterói, EDUFF, 2008
BENJAMIN, Walter. Rua de mão única. Obras escolhidas, vol. II. Tradução Rubens R. T. Filho e José Carlos M. Barbosa. Brasiliense, 1995
BOAS, F. Primitive art, New York, Dover Pub. Inc., 1955
BURKE, P. Cultura popular na idade moderna, São Paulo, Companhia das letras, 1999
CARVALHO, V.  Gênero e artefato, São Paulo, EDUSP, 2008
CERQUEIRA, A. C. O ‘povo’ parente dos Buracos, mexida de prosa e cozinha no cerrado mineiro. Tese de doutorado, Museu Nacional, PPGAS, 2010
CERTEAU, M. de. L’Invention du quotidien, Paris, 1980
CLASTRES, P. “O arco e o cesto” In: A sociedade contra o Estado, São Paulo, Cosac Naify, 2003
CURRUTHERS, Mary. A técnica do pensamento. Tradução José Emílio Maiorino. Campinas, editora da Unicamp, 2011
CURRUTHERS, Mary. Le livre de la mémoire. Traduit par Diane Meur. Paris, Macula, 2002
DETIENNE, Marcel & VERNANT, J.P. Les ruses de l’intelligence. La mètis des Grecs, Paris, Flammarion, 1974
DESCOLA, P. “Genealogia de objetos e antropologia da objetivação”, Horizontes antropológicos, vol. 8, n.18, 2002, p. 93-112
DIDEROT, D. & Jean L.R., D’ALEMBERT. Encyclopédie (https://gallica.bnf.fr/conseils/content/lencyclopédie-de-diderot-et-d’alembert) 
FABIAN, J. Remembering the presente. Painting and popular history in Zaire, University of California Press, 1996
FABIAN, J. “On recognizing things: the ‘ethnic artefact’ and the  ‘ethnographic objetc’”, L’Homme, 70, p. 47-60, 2004
GARCIA, U. Crônicas de caça e criação, São Paulo, Hedra, 2018
GELL, Alfred. Art and agency.  An anthropological theory, Oxford, Clarendon Press, 1998
GELL, Alfred. “A tecnologia do encanto e o encanto da tecnologia”,  Ilha, n. 1, n. 8, 2005
GOW, P. 1995. Creations of the rainbow serpent: polychrome ceramic designs from ancient   Panama. Albuquerque, University of New Mexico Press
GLOWCZEWSKI, B. Rêves en colère avec les aborigènes australiens, Paris, Plon 2004
GLOWCZEWSKI, B. Devires totêmicos, São Paulo, N-1, 2015
HALLAM, E. & INGOLD, T. Making and growing, Ashgate, 2014
HAUDRICOURT, A. Des gestes aux techniques, Versailles, Quae
HEIDEGGER, M. “A questão da técnica”, Scientiae Studia 5 (3), p. 369-374
HENARE, A., HOLBRAAD, M.& WASTELL, S. (eds). Thinking throught things: theorising artefacts ethnographically, London, Routledge, 2007
HERZFELD, M. The body impolitic. Artisans and artifices in the global hierachy of value, The University of Chicago Press, 2004
INGOLD. T. The perception of environment, essays in livelihood, dwelling and skill, London, Routledge, 2000
LAGROU, Els. A fluidez da forma: arte, alteridade e agência em uma sociedade amazônica, Rio de Janeiro, Topbooks, 2007
LEACH, J.  “Modes of creativity” In: HIRSCH E. & STRATHERN, M. (eds). Transactions and creations: property debates adn the stimulus of Melanesia, New York, Bergan Books, 2004
LEROI-GOURHAM, A. Le geste et la parole, Paris, Albin Michel, 1964, 2 vols. 
LÉVI-STRAUSS, C.  Tristes tropiques, Plon, 1955
LÉVI-STRAUSS, C. A via das máscaras, Lisboa, editorial presença, 1979
LÉVI-STRAUSS, C. Regarder, écouter, lire, Paris, Plon, 1993
LOHMANN, R. I. “The anthropology of creations”, Anthropological forum, vol. 20, n.3, 2010, p. 215-234
MALINOWSKI, M. Coral gardens and their magic, London, George Allen & Unwin ltd., 1935
MARGIOTTI, M. “Clothing Sociality: Materiality and the Everyday Among the Kuna of Panama. Journal of Material Culture, 18(4), 2013, p. 89-407
MARQUES, A. C. & LEAL, N. S. (orgs). Alquimias do parentesco: casas, gentes, papéis, territórios, São Paulo, Gramma/ Terceiro Nome, 2018
MAUSS, Marcel. “Ensaio sobre a dádiva. Forma e razão da troca nas sociedades arcaicas e 
“As técnicas do corpo” In: Sociologia e antropologia, São Paulo, Cosac & Naify, 2003
MILLER, D. (ed). Material cultures: how things matter, UCL Press, 1998
OVERING, J. “A estética da produção: o sentido de comunidade entre os Cubeo e os Piaroa”,  Revista de Antropologia, n. 34, São Paulo, USP, 1991, p. 7-33 
OVERING, J.  “Elogio do cotidiano: a confiança e a arte da vida social em uma comunidade amazônica”, MANA 5 (1), 1999, p. 81-107
OVERING, J.  “O fétido odor da morte e os aromas da vida. Poética dos saberes e processo sensorial entre os Piaroa da Bacia do Orinoco”, Revista de Antropologia, USP, São Paulo, vol. 49, n. 1, 2006, p. 19-54
PAZ, O. “El uso y la contemplación”, Revista colombiana de psicologia, 1988, p. 120-125
ROSSER, Gervase, “Crafts, guilds and the negociation of work in the medieval town”, Past and present, n. 154, 1997
SENNETT, Richard. The craftman, Yale University Press, 2008
SAUTCHUK, Carlos E. “Aprendizagem como gênese: prática, skill, individuação”, Horizontes   antropológicos,  21 (44), 2015, p. 109-139
SAUTCHUK, Carlos E. (org). Técnica e transformação: perspectivas antropológicas, Brasília, ABA Publicações, 2017
SIMONDON, G. Du mode d’existence des objets techniques, Paris, Aubier, 1958
SIMONDON, G. L’invention dans les techniques. Cours et conférences. Paris, Seuil, 2005
SIMONDON, G. Imagination et invention (1965-1966), Paris, Les éditions de la transparence, 2008
SIMONDON, G. Sur la technique, Paris, PUF, 2014
TAYLOR, A-C. & DUFRÈNE, T.  Cannibalismes disciplinaires. Quand l’histoire de l’art et l’anthropologie se rencontrent, Paris, INHA/ Musée du quay Branly, 2007
TSING, A. The mushroom at the end of the world, Pricenton University Press, 2015
VANDER VELDEN, F.F. Inquietas companhias: sobre os animais de criação entre os Karitiana, São Paulo, Alameda, 2012
VERNANT, Jean-Pierre. “O trabalho e o pensamento técnico” in: Mito e pensamento entre os gregos. Tradução Haiganuch Sarian. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1990
WAGNER, R. A invenção da cultura, São Paulo,  Cosac Naify, 2010
 WARNIER, Jean-Pierre. Construire la culture matérielle. L'homme qui pensait avec ses doigts,  Paris, PUF, 1999
DETIENNE, Marcel & VERNANT, J.P. Les ruses de l’intelligence. La mètis des Grecs, Paris, Flammarion, 1974
DESCOLA, P. “Genealogia de objetos e antropologia da objetivação”, Horizontes antropológicos, vol. 8, n.18, 2002, p. 93-112
DIDEROT, D. & Jean L.R., D’ALEMBERT. Encyclopédie (https://gallica.bnf.fr/conseils/content/lencyclopédie-de-diderot-et-d’alembert) 
FABIAN, J. Remembering the presente. Painting and popular history in Zaire, University of California Press, 1996
FABIAN, J. “On recognizing things: the ‘ethnic artefact’ and the  ‘ethnographic objetc’”, L’Homme, 70, p. 47-60, 2004
GARCIA, U. Crônicas de caça e criação, São Paulo, Hedra, 2018
GELL, Alfred. Art and agency.  An anthropological theory, Oxford, Clarendon Press, 1998
GELL, Alfred. “A tecnologia do encanto e o encanto da tecnologia”,  Ilha, n. 1, n. 8, 2005
GOW, P. 1995. Creations of the rainbow serpent: polychrome ceramic designs from ancient   Panama. Albuquerque, University of New Mexico Press
GLOWCZEWSKI, B. Rêves en colère avec les aborigènes australiens, Paris, Plon 2004
GLOWCZEWSKI, B. Devires totêmicos, São Paulo, N-1, 2015
HALLAM, E. & INGOLD, T. Making and growing, Ashgate, 2014
HAUDRICOURT, A. Des gestes aux techniques, Versailles, Quae
HEIDEGGER, M. “A questão da técnica”, Scientiae Studia 5 (3), p. 369-374
HENARE, A., HOLBRAAD, M.& WASTELL, S. (eds). Thinking throught things: theorising artefacts ethnographically, London, Routledge, 2007
HERZFELD, M. The body impolitic. Artisans and artifices in the global hierachy of value, The University of Chicago Press, 2004
INGOLD. T. The perception of environment, essays in livelihood, dwelling and skill, London, Routledge, 2000
LAGROU, Els. A fluidez da forma: arte, alteridade e agência em uma sociedade amazônica, Rio de Janeiro, Topbooks, 2007
LEACH, J.  “Modes of creativity” In: HIRSCH E. & STRATHERN, M. (eds). Transactions and creations: property debates adn the stimulus of Melanesia, New York, Bergan Books, 2004
LEROI-GOURHAM, A. Le geste et la parole, Paris, Albin Michel, 1964, 2 vols. 
LÉVI-STRAUSS, C.  Tristes tropiques, Plon, 1955
LÉVI-STRAUSS, C. A via das máscaras, Lisboa, editorial presença, 1979
LÉVI-STRAUSS, C. Regarder, écouter, lire, Paris, Plon, 1993
LOHMANN, R. I. “The anthropology of creations”, Anthropological forum, vol. 20, n.3, 2010, p. 215-234
MALINOWSKI, M. Coral gardens and their magic, London, George Allen & Unwin ltd., 1935
MARGIOTTI, M. “Clothing Sociality: Materiality and the Everyday Among the Kuna of Panama. Journal of Material Culture, 18(4), 2013, p. 89-407
MARQUES, A. C. & LEAL, N. S. (orgs). Alquimias do parentesco: casas, gentes, papéis, territórios, São Paulo, Gramma/ Terceiro Nome, 2018
MAUSS, Marcel. “Ensaio sobre a dádiva. Forma e razão da troca nas sociedades arcaicas e 
“As técnicas do corpo” In: Sociologia e antropologia, São Paulo, Cosac & Naify, 2003
MILLER, D. (ed). Material cultures: how things matter, UCL Press, 1998
OVERING, J. “A estética da produção: o sentido de comunidade entre os Cubeo e os Piaroa”,  Revista de Antropologia, n. 34, São Paulo, USP, 1991, p. 7-33 
OVERING, J.  “Elogio do cotidiano: a confiança e a arte da vida social em uma comunidade amazônica”, MANA 5 (1), 1999, p. 81-107
OVERING, J.  “O fétido odor da morte e os aromas da vida. Poética dos saberes e processo sensorial entre os Piaroa da Bacia do Orinoco”, Revista de Antropologia, USP, São Paulo, vol. 49, n. 1, 2006, p. 19-54
PAZ, O. “El uso y la contemplación”, Revista colombiana de psicologia, 1988, p. 120-125
ROSSER, Gervase, “Crafts, guilds and the negociation of work in the medieval town”, Past and present, n. 154, 1997
SENNETT, Richard. The craftman, Yale University Press, 2008
SAUTCHUK, Carlos E. “Aprendizagem como gênese: prática, skill, individuação”, Horizontes   antropológicos,  21 (44), 2015, p. 109-139
SAUTCHUK, Carlos E. (org). Técnica e transformação: perspectivas antropológicas, Brasília, ABA Publicações, 2017
SIMONDON, G. Du mode d’existence des objets techniques, Paris, Aubier, 1958
SIMONDON, G. L’invention dans les techniques. Cours et conférences. Paris, Seuil, 2005
SIMONDON, G. Imagination et invention (1965-1966), Paris, Les éditions de la transparence, 2008
SIMONDON, G. Sur la technique, Paris, PUF, 2014
TAYLOR, A-C. & DUFRÈNE, T.  Cannibalismes disciplinaires. Quand l’histoire de l’art et l’anthropologie se rencontrent, Paris, INHA/ Musée du quay Branly, 2007
TSING, A. The mushroom at the end of the world, Pricenton University Press, 2015
VANDER VELDEN, F.F. Inquietas companhias: sobre os animais de criação entre os Karitiana, São Paulo, Alameda, 2012
VERNANT, Jean-Pierre. “O trabalho e o pensamento técnico” in: Mito e pensamento entre os gregos. Tradução Haiganuch Sarian. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1990
WAGNER, R. A invenção da cultura, São Paulo,  Cosac Naify, 2010
 WARNIER, Jean-Pierre. Construire la culture matérielle. L'homme qui pensait avec ses doigts,  Paris, PUF, 1999

OBS: A bibliografia é geral e apenas indicativa. Serão escolhidos os títulos a serem trabalhados em sala de aula também em função da tradução para o português.
 

Clique para consultar os requisitos para FLA0407

Clique para consultar o oferecimento para FLA0407

Créditos | Fale conosco
© 1999 - 2024 - Superintendência de Tecnologia da Informação/USP