O curso se debruçará sobre produções etnográficas e sobre teorias antropológicas que, em abstrato, problematizam as múltiplas e variadas formas de manifestação da memória em diferentes formações sociais. Os debates concernentes ao relativismo ou universalismo conceituais do tempo e da história situam-se aí de maneira tributária. Este curso propõe, assim, um recorte bastante específico sobre temas que são tão amplos quanto controversos, dentro e fora da Antropologia. Com algumas digressões pela Sociologia, pela História e pela Filosofia, o propósito do curso é a busca de instrumentos analíticos para dar conta de diferentes apreensões, representações, elaborações e sentidos de memória, tempo e história que os antropólogos percebem e procuram descrever entre os sujeitos que estudam. Da mesma forma que pretende refletir sobre os alcances e limites desses mesmos instrumentais.
a) Práticas sociais e representações do tempo b) Tempo e espaço c) Formas e sentidos de História d) Faculdade da memória, memória coletiva e concepção de pessoa e) Materialidades e substâncias da memória f) Memória e narrativas
BENJAMIN, Walter. 1996. “O Narrador: considerações sobre a obra de Nikolai Leskov” In. Obras escolhidas. Magia e técnica, arte e política. Tradução: Sérgio Paulo Rouanet. Editora Brasiliense São Paulo, Pp. 197-221. BERGSON, H. 1988 [1889]. Ensaio Sobre os Dados Imediatos da Consciência. 2008 [1910]. Lisboa: Ed. 70.”Da multiplicidade dos estados de consciência: a ideia de duração”. Pp. 57-98. BERGSON, H. Matéria e Memória. Ensaio sobre a relação do corpo com o espírito. São Paulo: Martins Fontes, 2006. Pp. 155-208. DELEUZE, G. [1966]. Bergsonismo. São Paulo: Editora 34. 2012. 2a Ed.(Pp. 9-78) ELIAS, Norbert. 1998. Sobre o tempo. Trad. Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. FABIAN, J. 2002. [1983]. O Tempo e o outro: como a antrpologia estabelece seu objeto. São Paulo: Vozes. “Capítulo 1”. GELL, A. 2014. A Antropologia do Tempo. Petrópolis: Vozes. Parte III “Tempo e Prática”. Pp. 243-303.) GEERTZ, C. 1989. “Pessoa, tempo e cultura em Bali”. In. A Interpretação das Culturas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. Pp. 225-277. GOLDMAN, M. 1999. Alguma Antropologia. Rio de Janeiro: Relume Dumará. “Lévi-Strauss e os sentidos da história”. Pp. 55-64. GOW, P. [1991] Of mixed blood: kinship and history in Peruvian Amazonia. Oxford: Clarendon Press. Cap. 9 (pp.252-274). Tradução da Introdução e Conclusão Cadernos de Campo, 14/15, jan-dez. 2006, pp.197-226) HALBWACHS, M. 2004. A Memória Coletiva. São Paulo: Editora Centauro, 2004. Cap. III “A memória e o tempo”. Pp. 90-130. HARTOG, François. 2003. “Tempo, história e a escrita da história: a ordem do tempo”. Trad. Francisco Murari Pires. Revista de História, São Paulo, n. 148, p. 9-34. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/ view/18952/21015 HERZFELD, M. 2014. Antropologia: Prática Teórica na Cultura e na Sociedade. Petrópolis: Vozes. “Histórias”. Pp. 80-120. HUBERT, H. 2015. "Estudo Sumário da representação do tempo na religião e na magia", in: Benthien, Rafael Faraco; Palmeira, Miguel; Turin, Rodrigo (orgs.) Edição bilíngue e crítica. Estudo sumário da representação do tempo na religião e na magia. Coleção Durkheiniana, vol. II. São Paulo: Edusp. Pp. 27-89. LEACH, E. 1974 [1961]. “Dois ensaios a respeito da representação simbólica do tempo”. In. Repensando a Antropologia. São Paulo: Perspectiva. Pp. 191-210. LE GOFF, J. 1990. História e memória. Campinas: Editora da Unicamp. “Passado/presente”. Pp. 207-233. LÉVI-STRAUSS, C. 1989 [1962]. O Pensamento Selvagem. Campinas: Papirus. “O tempo recuperado” e “História e dialética”. Pp. 243-298. LÉVI-STRAUSS. 1976. “Raça e história”. In. Antropologia Estrutural Dois. Pp. 328-366. MARQUES, Ana Claudia. 2013. “Fundadores, Ancestrais e Inimigos” In. Percurso e Destino. Parentesco e família no sertão de Pernambuco e Médio-Norte do Mato Grosso. Tese de Livre-Docência, Departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo. 2015. Pp. 180-203 PALMEIRA, M. 2001. “Política e tempo: nota exploratória”. In. M. Peirano (org.). O Dito e o Feito. Ensaios de Antropologia do Ritual. Rio de Janeiro: Relume Dumará. Pp. 171-178. RICOEUR, P. “Entre o tempo vivido e o tempo universal: o tempo histórico”. In: Tempo e narrativa: 3: o tempo narrado. Trad. Claudia Berliner. Revisão de Márcia Valéria Martinez de Aguiar. São Paulo: WMF Martins Fontes. Pp. 176-213. SCHWARCZ, L. Entre a etnografia e a história: Lévi-Strauss e os debates em região de fronteira. Revista de Antropologia, 1999. VERNANT, Jean-Pierre. 1990. Mito e pensamento entre os gregos: estudos de psicologia histórica. Trad. Haiganuch Sarian. Ed. revista e ampliada. Rio de Janeiro: Paz e Terra “Aspectos míticos da memória”. Pp. 107-131.