A disciplina busca pensar a atuação da classe média não como fenômeno acidental para um país caracterizado pela polarização social, mas como decorrência de um realinhamento das forças produtivas e financeiras. Interessa compreender por que a classe média emerge na historiografia apenas em tempos de crise nacional – a saber, 1889, 1922, 1930, 1961, 1964, 1985, 1991 e, ainda, em 2013 –, à luz de uma releitura dessas datas, sendo esta a contribuição interpretativa da disciplina, pelas tensões produzidas entre o capital agrícola, industrial, financeiro ou tecnológico, por um lado, e o poder público e as Forças Amadas, por outro. Motiva, portanto, entender o grau de alinhamento ou dispersão entre esses capitais, o governo civil e o poder militar, ao longo dos séculos XIX e XX, ponderando a atuação da classe média dentro desse rearranjo, mais estrutural do que acontecimental, relativo às dinâmicas da economia política nacional. Nesse diapasão, especial destaque é conferido ao endosso das reivindicações características da classe média pela caserna.
A disciplina divide-se em três unidades, a saber, I. Classes e estratos sociais na análise sociológica; II. A formação da classe média no Brasil Imperial; III – Padrões de atuação da classe média no Brasil Republicano
1-Apresentação da disciplina: a classe média como atora histórica no Brasil independente Unidade I – Classes e estratos sociais na análise sociológica 2-Max Weber e Karl Marx: a posição de classe e a luta de classes Leitura obrigatória: WRIGHT, Erik Olin. Fundamentos de uma análise de classe neomarxista e Fundamentos de uma análise de classe neoweberiana. In: WRIGHT, Erik Olin (org.). Análise de classe. Abordagens. Rio de Janeiro: Vozes, 2015. 3-Os sucessores de Weber e de Marx: do estrato social à classe política Leituras obrigatórias: WEININGER, Elliot B. Fundamentos de uma análise de classe de Pierre Bourdieu. In: WRIGHT, Erik Olin (org.). Análise de classe. Abordagens. Rio de Janeiro: Vozes, 2015; SØRENSEN, Aage B. Fundamentos de uma análise de classe com base na renda. In: WRIGHT, Erik Olin (org.). Análise de classe. Abordagens. Rio de Janeiro: Vozes, 2015; WRIGHT, Erik Olin. Classe, crise e Estado. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1979. 4-Classe média, classes médias Leituras obrigatórias: MANN, Michael. Las fuentes del poder social, II. El desarrollo de las clases y los Estados nacionales, 1760-1914. Madrid: Alianza Editorial, 1997. Capítulo 16: La nación de la clase media; KOCKA, Jürgen. The Middle Classes in Europe. The journal of Modern History, vol. 67, no. 4 (Dec.1995), pp. 783-806; PORTELLI, Hugues. Gramsci e o bloco histórico. Rio de Janeiro: Paz & Terra, 1977. Unidade II – A formação da classe média no Brasil Imperial 5-A abolição do tráfico negreiro e a diversificação da estrutura social Leitura obrigatória: GOYENA SOARES, Rodrigo. Estratificação profissional, desigualdade econômica e classes sociais na crise do Império. Notas preliminares sobre as classes imperiais. Topoi, Rio de Janeiro, v. 20, n. 41, maio/ago.2019, p.446-489. 6-A financeirização da economia imperial e a emergência da classe média Leitura obrigatória: COSTA, Emília Viotti da. Da monarquia à república. São Paulo: UNESP, 2010. Capítulos 10 e 11, Sobre as origens da República e A Proclamação da República. 7-A classe média na crise do Império Leitura obrigatória: HOLANDA, Sérgio Buarque de. História Geral da Civilização Brasileiro. Vol. 7: Do Império à República. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012. Livro Quinto, Capítulo III: A fronda pretoriana. Unidade III – Padrões de atuação da classe média no Brasil Republicano 8-A classe média à época da cafeicultura oligárquica (1889-1920) Leituras obrigatórias: CARONE, Edgar. A República Velha. Instituições e classes sociais. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1970. Parte II: Classes Sociais; OWESNBY, Brian P. Intimate ironies. Modernity and the Making of Middle-Class Lives in Brazil. Stanford, California: Stanford University Press, 1999. 9-A classe média, o tenentismo e a Revolução de 1930 Leitura obrigatória: FAUSTO, Boris. A Revolução de 1930. Historiografia e História. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. Capítulo 2: Revolução de 1930 e classes médias. 10-Industrialização, populismo e classe média no Brasil de Getúlio Vargas (1930-1945) Leitura obrigatória: OWENSBY, Brian P. Domesticating Modernity: Markets, Home, and Morality in the Middle Class in Rio de Janeiro and São Paulo, 1930s and 1940s. In: WALKER, Louise E. and PARKER, David S. Latin America’s Middle Class. Unsettled Debates and New Histories. New York: Lexington Books, 2013. 11-A classe média nas crises de 1955, de 1961 e de 1964 Leituras obrigatórias FERREIRA, Jorge. Crises da República: 1954, 1955 e 1961 e O governo de Goulart e o golpe civil-militar de 1964. In: FERREIRA, Jorge e DELGADO, Lucilia de Almeida Neves. O Brasil Republicano. Vol. 3: O tempo da experiência democrática. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010; SAES, Décio. Classe média e sistema político no Brasil. São Paulo: T. A. Queiroz, 1984. 12-O regime autoritário ao encontro da classe média? Leituras obrigatórias: PRADO, Luiz Carlos Delorme e EARP, Fábio Sá. O milagre brasileiro: crescimento acelerado, integração internacional e concentração de renda (1967-1973). In: FERREIRA, Jorge e DELGADO, Lucilia de Almeida Neves. O Brasil Republicano. Vol. 4: O tempo da ditadura. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010; ROUQUIÉ, Alain. Les partis militaires au Brésil. Paris: Presses de la Fondation Nationale des Sciences Politiques, 1980. 13-A classe média redemocratizada? Leituras obrigatórias: MOTTA, Rodrigo Patto Sá. O lulismo e os governos do PT: ascensão e queda. In: FERREIRA, Jorge e DELGADO, Lucilia de Almeida Neves. O Brasil Republicano. Vol. 5: O tempo da Nova República. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018; SINGER, André. Os sentidos do lulismo. Reforma gradual e pacto conservador. São Paulo: Companhia das Letras, 2012. 14-Prova escrita 15-Encerramento da disciplina Leitura obrigatória: SINGER, André. O lulismo em crise: um quebra-cabeça do período Dilma. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.
CARONE, Edgar. A República Velha. Instituições e classes sociais. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1970. Parte II: Classes Sociais COSTA, Emília Viotti da. Da monarquia à república. São Paulo: UNESP, 2010. Capítulos 10 e 11, Sobre as origens da República e A Proclamação da República. FAUSTO, Boris. A Revolução de 1930. Historiografia e História. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. Capítulo 2: Revolução de 1930 e classes médias. FERREIRA, Jorge. Crises da República: 1954, 1955 e 1961 e O governo de Goulart e o golpe civil-militar de 1964. In: FERREIRA, Jorge e DELGADO, Lucilia de Almeida Neves. O Brasil Republicano. Vol. 3: O tempo da experiência democrática. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010 GOYENA SOARES, Rodrigo. Estratificação profissional, desigualdade econômica e classes sociais na crise do Império. Notas preliminares sobre as classes imperiais. Topoi, Rio de Janeiro, v. 20, n. 41, maio/ago.2019, p.446-489. HOLANDA, Sérgio Buarque de. História Geral da Civilização Brasileiro. Vol. 7: Do Império à República. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012. Livro Quinto, Capítulo III: A fronda pretoriana. KOCKA, Jürgen. The Middle Classes in Europe. The journal of Modern History, vol. 67, no. 4 (Dec.1995), pp. 783-806 MANN, Michael. Las fuentes del poder social, II. El desarrollo de las clases y los Estados nacionales, 1760-1914. Madrid: Alianza Editorial, 1997. Capítulo 16: La nación de la clase media. MOTTA, Rodrigo Patto Sá. O lulismo e os governos do PT: ascensão e queda. In: FERREIRA, Jorge e DELGADO, Lucilia de Almeida Neves. O Brasil Republicano. Vol. 5: O tempo da Nova República. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018 OWENSBY, Brian P. Domesticating Modernity: Markets, Home, and Morality in the Middle Class in Rio de Janeiro and São Paulo, 1930s and 1940s. In: WALKER, Louise E. and PARKER, David S. Latin America’s Middle Class. Unsettled Debates and New Histories. New York: Lexington Books, 2013. OWESNBY, Brian P. Intimate ironies. Modernity and the Making of Middle-Class Lives in Brazil. Stanford, California: Stanford University Press, 1999. PORTELLI, Hugues. Gramsci e o bloco histórico. Rio de Janeiro: Paz & Terra, 1977. PRADO, Luiz Carlos Delorme e EARP, Fábio Sá. O milagre brasileiro: crescimento acelerado, integração internacional e concentração de renda (1967-1973). In: FERREIRA, Jorge e DELGADO, Lucilia de Almeida Neves. O Brasil Republicano. Vol. 4: O tempo da ditadura. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010. ROUQUIÉ, Alain. Les partis militaires au Brésil. Paris: Presses de la Fondation Nationale des Sciences Politiques, 1980. SAES, Décio. Classe média e sistema político no Brasil. São Paulo: T. A. Queiroz, 1984. SINGER, André. Os sentidos do lulismo. Reforma gradual e pacto conservador. São Paulo: Companhia das Letras, 2012. SINGER, André. O lulismo em crise: um quebra-cabeça do período Dilma. São Paulo: Companhia das Letras, 2018. SØRENSEN, Aage B. Fundamentos de uma análise de classe com base na renda. In: WRIGHT, Erik Olin (org.). Análise de classe. Abordagens. Rio de Janeiro: Vozes, 2015 WEININGER, Elliot B. Fundamentos de uma análise de classe de Pierre Bourdieu. In: WRIGHT, Erik Olin (org.). Análise de classe. Abordagens. Rio de Janeiro: Vozes, 2015 WRIGHT, Erik Olin. Classe, crise e Estado. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1979. WRIGHT, Erik Olin. Fundamentos de uma análise de classe neomarxista e Fundamentos de uma análise de classe neoweberiana. In: WRIGHT, Erik Olin (org.). Análise de classe. Abordagens. Rio de Janeiro: Vozes, 2015.