O objetivo da disciplina é examinar como a crítica do capitalismo no século XX inspirou concepções específicas da história. Na sua vertente marxista, essa crítica discute percepções consagradas da temporalidade histórica, tais como progresso, ciclo e crise, vinculadas ao capitalismo e à autocompreensão da vida ensejada por ele. A disciplina procurará entender o enraizamento dessas formas de percepção do tempo em grande parte da historiografia dos séculos XIX e XX como produto do domínio do capital sobre a vida social.
A disciplina examinará as concepções de história elaboradas no século XX no contexto da crítica ao capitalismo de inspiração marxista. A obra de vários autores será estudada do ponto de vista de sua concepção de história, começando com História e Consciência de Classe, de Lukács, que propõe uma releitura da dialética hegeliana logo incorporada pelo grupo associado ao Instituto de Pesquisa Social de Frankfurt, como Horkheimer, Benjamin, Adorno e Marcuse. Além das figuras específicas de que a dialética se reveste nessas obras, um tema fundamental do curso será a relação entre a história e a teoria da reificação pensada como diagnóstico crítico da modernidade capitalista dominada pelo fetichismo e pela indústria cultural.
1-O contexto histórico do fim do século XIX e início do século XX: o desenvolvimento do capitalismo, a Primeira Guerra Mundial e o impacto da Revolução Russa. 2-O contexto intelectual: a sociologia alemã, o retorno a Hegel e os debates sobre a obra de Marx. 3-A teoria da história da crítica ao capitalismo: 3.1 A dimensão dialética do materialismo 3.2 Ideologia, arte e ciência 3.3 Reificação e consciência revolucionária. 3.4 Narrativa e experiência 3.5 Dialética e interpretação 3.6. A crítica ao teorema “base-superestrutura” 3.7. O marxismo como Filosofia da Práxis 4-Crítica do capitalismo e história: conclusões.
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