A disciplina pretende apresentar algumas teorias e métodos de estudo da “sociedade” e da “cultura” desenvolvidos entre meados do século XIX e fins do século XX. Embora reivindicados primordialmente por sociólogos e antropólogos como parte de seus respectivos estoques de conhecimento, esses empreendimentos intelectuais tiveram amplo impacto sobre a prática dos historiadores e foram decisivos nos rumos de movimentos historiográficos diversos ao longo dos últimos cem anos. Trata-se, portanto, de familiarizar as/os estudantes com instrumentos de conhecimento relevantes na formação da disciplina histórica e que ainda abrem perspectivas de trabalho na pesquisa e no ensino de História. A disciplina combinará aulas expositivas com discussões de texto em sala de aula.
Desde a institucionalização da História como disciplina acadêmica, historiadores tiveram de lidar com modelos explicativos da sociedade e da cultura elaborados em disciplinas vizinhas. Este curso propõe uma revisita a alguns desses modelos, de modo a subsidiar sua adoção e/ou sua crítica na pesquisa histórica. Para tanto, faz-se uma introdução sumária à obra de cientistas sociais que contribuíram para moldar o conhecimento histórico ao longo do último século e meio. A ênfase das aulas recairá nas estratégias de conhecimento que presidiram a elaboração de conceitos e a construção de teorias pelos autores e pelas autoras em discussão.
Karl Marx e a história; Émile Durkheim e o social como objeto; Max Weber e a “objetividade” das ciências culturais e sociais; antropologia estrutural; antropologia cultural; sociologia figuracional; antropologia pós-social.
ARON, Raymond. As etapas do pensamento sociológico. São Paulo: Martins Fontes, 2008. BOURDIEU, Pierre. O Poder Simbólico. Lisboa: Difel, 1989. BOURDIEU, Pierre. Meditações pascalianas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001. BURKE, Peter. História e teoria social. São Paulo: Unesp, 2002. COHN, Gabriel (org.). Para ler os clássicos. Rio de Janeiro: Azougue Editorial, 2005. COLLLIOT-THÉLÈNE, Catherine. Max Weber e a história. São Paulo: Brasiliense, 1995. DESCOLA, Philippe. Outras naturezas, outras culturas. São Paulo: Ed. 34, 2016. DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. São Paulo: Martins Fontes, 2007. DURKHEIM, Émile. As formas elementares da vida religiosa. O sistema totêmico da Austrália. São Paulo: Paulus, 2001. DURKHEIM, Émile. Sociologia e Filosofia. São Paulo: Forense, 1970. ELIAS, Norbert. A Sociedade de Corte. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 2001. ELIAS, Norbert. Os Estabelecidos e os Outsiders. Sociologia das relações de poder a partir de uma pequena comunidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2000. ENCREVÉ, Pierre; LAGRAVE, Rose-Marie (orgs.). Trabalhar com Bourdieu. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005. GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC, 2008. GEERTZ, Clifford. Nova luz sobre a antropologia. Rio de Janeiro: Zahar, 2001. IEGELSKI, Francine. A astronomia das constelações humanas: reflexões sobre Claude Lévi-Strauss e a história. São Paulo: Humanitas, 2016. JONES, Gareth Stedman. Karl Marx: grandeza e ilusão. São Paulo: Cia das Letras, 2017. KECK, Fréderic. Introdução a Lévi-Strauss. Rio de Janeiro: Contraponto, 2013. KUPER, Adam. Antropólogos e antropologia. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1978. KUPER, Adam. Cultura: a visão dos antropólogos. Bauru (SP): Edusc, 2002. LATOUR, Bruno. Reagregando o social: uma introdução à teoria do ator-rede. Salvador / São Paulo: Edufba / Edusc, 2012. LEBNER, Ashley (org.). Redescribing Relations. Strathernian Conversations on Etnography, Knowledge and Politics. Nova York: Berghahn Books, 2017. LEPENIES, Wolf. As três culturas. São Paulo: Edusp, 1996. LÉVI-STRAUSS, Claude. Antropologia Estrutural. São Paulo: Ubu Editora, 2017. LÉVI STRAUSS, Claude. Antropologia estrutural dois . São Paulo: Ubu Editora, 2017. MARX, Karl. O 18 de brumário de Luís Bonaparte. São Paulo: Boitempo, 2011. MARX, Karl; ENGELS, Friederich. A ideologia alemã. São Paulo: Boitempo, 2009. MARX, Karl; ENGELS, Friederich. “Manifesto do Partido Comunista”. In: REIS FILHO, Daniel Aarão (org.). O Manifesto Comunista – 150 anos depois. Rio de Janeiro e São Paulo: Contraponto e Perseu Abramo, 1998, pp. 7-41. PASSERON, Jean-Claude. O raciocínio sociológico: o espaço não-popperiano do raciocínio natural. Petrópolis (RJ): Vozes, 1994. PEIRANO, Mariza. A favor da etnografia. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1995. PEIXOTO, Fernanda; PONTES, Heloísa; e SCHWARCZ, Lilia (orgs.). Antropologias, histórias, experiências. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2004. QUEIROZ, Ruben Caixeta de; NOBRE, Renarde Freire (orgs.). Lévi-Strauss: leituras brasileiras. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2008. RINGER, Fritz. A metodologia de Max Weber. São Paulo: Edusp, 2004. SAHLINS, Marshall. Metáforas históricas e realidades míticas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2008. SAHLINS, Marshall. Ilhas de História. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1990. SCHLUCHTER, Wolfgang. Paradoxos da modernidade: cultura e conduta na teoria de Max Weber. São Paulo: Ed. UNESP, 2012. STRATHERN, Marilyn. O efeito etnográfico. São Paulo: Cosav Naify, 2014. STRATHERN, Marilyn. O gênero da dádiva: problemas com as mulheres e problemas com a sociedade na Melanésia. Campinas (SP): Ed. Unicamp, 2006. TELLES, Sarah Silva; OLIVEIRA, Solange Luçan de (orgs). Os sociólogos: de Auguste Comte a Gilles Lipovetsky. Petrópolis (RJ): Vozes; Rio de Janeiro: Ed. PUC, 2018. VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. A inconstância da alma selvagem. São Paulo: Cosac Naif, 2002. WAIZBORT, Leopoldo (org.). Dossiê Norbert Elias. São Paulo: Edusp, 2001. WEBER, Max. Sociologia (col. organizada por Gabriel Cohn). São Paulo: Ática, 1982; WEBER, Max. Ciência e política: duas vocações. São Paulo: Martin Claret, 2007. WEBER, Max. Economia e Sociedade. Brasília: Ed. UnB, 2000 (vol. 1); Brasília: Ed. UnB / São Paulo: Ed. Imprensa Oficial, 1999 (vol. 2).