A proposta desta disciplina optativa é acompanhar, de forma crítica e comentada, a evolução do pensamento nacional sobre o sistema econômico das sociedades coloniais no Brasil. Apesar de as aulas estarem pensadas em torno de esquemas interpretativos de autores nacionais, será sempre preciso recorrer ao contexto mais amplo da historiografia e das ciências sociais. As aulas estão organizadas em doze temas, cada um dedicado ao estudo de um ou mais autores, com aulas expositivas e seminários de textos.
Desde a década de 1530 até o início do século XIX, o processo de colonização do Brasil desdobrou-se em diversas territorialidades, em dimensões sociais complexas e conexas, em formas de subordinação aos interesses do capital comercial ou mesmo manifestações autônomas de produção e reprodução de mercadorias e de modos de vida. As múltiplas dimensões deste processo, foram organizadas, desde o século XIX, em torno da narrativa hegemônica de um “história do Brasil colonial", síntese de uma etapa primitiva da formação da sociedade brasileira e legitimadora do projeto político centralizador e profundamente comprometido com a escravidão e a exclusão das populações pobres dos espaços do poder. Nossa história colonial era compreendida como etapa da formação da nação e, em sua dimensão econômica, da emergência de um mercado interno. Desde o final do XIX, outras narrativas vem se estruturando, propondo leituras mais críticas de nosso passado, procurando compreender o processo de formação histórica como enigma para a proposição de novos rumos para o desenvolvimento do país, a para a criação de uma nova nação brasileira. Este engajamento do pensamento social resultará em distintas interpretações, particularmente fundamentadas no entendimento de como o Brasil se organizou social e economicamente no período da colonização. A inscrição do processo colonizador na evolução do capitalismo moderno permitiu a superação da ideologia nacional e apontou novos caminhos para o estudo das especificidades deste espaço sócio-econômico nos quadros do Império português. Desde os anos 60, tanto a influência do marxismo, mas sobretudo as novas orientações acadêmicas e profissionais do fazer historiográfico passaram a orientar o debate. Nas últimas décadas, o abandono das grandes narrativas, a tendência à desconceitualização e à pulverização dos temas tem se confrontado com a emergência de novos estruturalismos, fundados na análise do político, do institucional e do jurídico, e, por isso mesmo, em grande medida, rígidos e refratários ao estudo do econômico e das suas dimensões. A proposta desta disciplina optativa é acompanhar, de forma crítica e comentada, a evolução do pensamento nacional sobre o sistema econômico das sociedades coloniais no Brasil. Apesar de as aulas estarem pensadas em torno de esquemas interpretativos de autores nacionais, será sempre preciso recorrer ao contexto mais amplo da historiografia e das ciências sociais.
1-Brasil Colonial ou história da colonização: Capistrano de Abreu 2-Características gerais da colonização portuguesa: Gilberto Freyre e Sergio Buarque de Holanda 3-Elementos da economia colonial: Roberto Simonsen 4-Estamentos burocráticos o capitalismo no mundo colonial: Raimundo Faoro 5-Formação do Brasil e o sentido da colonização: Caio Prado Jr. 6-Uma economia escravista de agricultura tropical: Celso Furtado 7-O antigo sistema colonial: Fernando Novais 8-A sociedade escravista colonial: Florestan Fernandes 9-O modo de produção colonial e escravista: Jacob Gorender e Ciro Flamarion Cardoso 10-Colonização e trabalho: Luiz Felipe de Alencastro 11-Do "arcaísmo como um projeto" ao "antigo regime nos trópicos": o fim do Brasil colonial 12-Novas perspectivas para o estudo da colonização: o Brasil nos quadros do capitalismo moderno
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