A disciplina propõe estimular a análise crítica das fontes cartográficas, levando em conta a produção material e conceitual das imagens; visa, igualmente, reconstituir as formas de circulação e re-apropriação dos mapas em contextos socioculturais diversos e conjunturas históricas específicas. Não cabe definir a natureza das imagens a partir da sua intencionalidade; mas, ao contrário, busca-se identificar o jogo social presente nas representações cartográficas, assim como dimensionar a historicidade das convenções simbólicas e das formas mensuração do tempo e do espaço. Pretende-se ainda avaliar os procedimentos retóricos que deram existência material, sensorial, sentido e valor às representações gráficas do espaço geográfico.
A disciplina aborda diferentes vertentes da história da cartografia antiga e suas potencialidades para os estudos de natureza interdisciplinar. Cada tópico do curso abre uma perspectiva diferente de análise dos documentos cartográficos, abrangendo questões de natureza teóricas, mas também de natureza prática, tais como os usos da cartografia histórica nas pesquisas arqueológicas e ambientais. A disciplina também destinará 20 horas para o planejamento e desenvolvimento de práticas extensionistas, a serem computadas nas ACE constantes do Histórico Escolar do aluno. Essa atividade deverá ser voltada para o público externo à Universidade, previamente delimitado pelo aluno e com aval do professor, e deverá ter caráter historiográfico, que poderá assumir diferentes formas, tais como: formação historiográfica de público-externo à universidade, formação continuada de professores da rede básica, atividades e organização de eventos culturais com temas históricos, atividades de preservação patrimonial, organização documental e direito à memória, exposições, performances teatrais, intervenções urbanas, ações vinculadas a monumentos e contra monumentos, placas comemorativas, roteiros turísticos, dentre outros, podendo ser de caráter presencial ou remoto, de acordo com as definições institucionais e normas vigentes na Universidade. O desenvolvimento das atividades se fará sob a tutoria do docente-responsável pela disciplina, sendo avaliada conforme as regras vigentes para aprovação em disciplinas, mediante relatório final e sistematização da avaliação pelo grupo social envolvido, conforme indicadores previamente definidos pelo docente e pelos alunos envolvidos.
1. História e historiadores da cartografia 2. Métodos críticos de investigação cartográfica 3. Cartógrafos, instituições e arquivos 4. Linguagens e gêneros cartográficos 5. Os mapas como pintura do mundo. 6. Casas editoriais, comércio e consumo de mapas 7. Oceanos na cartografia da expansão europeia 8. O Novo Mundo na cartografia euroamericana 9. A cartografia do tráfico negreiro 10. Impérios, reinos e estado-nacional nos atlas antigos 11. Atlas históricos e atlas escolares 12. A etnocartografia brasileira e iberoamericana 13. Usos contemporâneos da cartografia: arqueologia e meio ambiente
Albuquerque, Luis. As navegações e suas projeções na ciência e na cultura. Lisboa, Gradiva, 1987, pp.9-36. > Alpers, Svetlana. A arte de descrever, SP, trad. Antonio Danesi, Edusp, 1999. > Anderson, Benedict. Comunidades Imaginadas, SP, Cia das Letras, 2008. > Barber, Peter (org.) El Gran libro de los Mapas, Barcelona, Paidos, 2007. > Besse, Jean-Marc. Ver a Terra: seis ensaios sobre a paisagem e a geografia, trad. V. Bartalini, SP. > Black, Jeremy. Mapas e história: construindo imagens do passado, trad. Cleide Rapucci, SP, Edusc, 2005. pp.97-142. >Bueno, Beatriz P.Siqueira. Desenho e desígnio, Edusp, 2012; Decifrando Mapas, Anais do Museu Paulista, vol. 10/11, USP, 2004. > Carvalho, Rómulo. A astronomia em Portugal no século XVIII, Lisboa, 1985. pp.9- 35 > Cortesão, Jaime: O Tratado de Madrid, Brasília, Senado Federal, 2001 (1. ed. 1953) > Cortesão,Jaime. A política das cartas de marear, dos roteiros, do valor do grau, dos regimentos e coordenadas, Lisboa, Imprensa Nacional, 1924. > Dym, Jordana/Offen,Karl. Mapping Latin America : a cartographic reader, Chicago University Press, 2011. > Edney,Mattew. The irony of imperial map, in James Akerman, The Imperial Map, Chicago Press, 2009. pp. 11-45 > Eisenstein, Elizabeth. "La Invención de la Imprenta y la difusión del conocimiento científico", Javier Ordoñes y Alberto Helena (ed.) , Madrid, CSIC, 1990. pp.1-42. > Furtado, Junia F. Oráculo da Geografia Iluminista, UFMG, 2012. > Garcia, João Carlos. “Um castelo de cartas antigas. Construir e comemorar o império”, in Coelho,Maria Teresa e Darwin, John. As descobertas portuguesas no mundo de lingual inglesa, Lisboa, Colibri, 2005. pp. 167-187. >Gesteira,Heloisa. "Representações da Natureza: mapas e gravuras produzidos durante o domínio neerlandês no Brasil", Revista do Instituto de Estudos Brasileiro USP, n.46.2008. > Grataloup, Christian. Introduction à la géohistoire, Paris, 2015 > Guedes, Max Justo. "Três séculos de cartografia portuguesa do Brasil", La Cartografia Iberoamericana, Catalunya, ICC, 1998. > Harley, J. B. La nueva naturaleza de los mapas, trad. Cidade do México, Fondo de Cultura, 2005. pp.59-78 e 113-140. > Harley,J.B/Woodward, D. The History of Cartography, vols. I-III, Chicago, The Chicago University Press, 1987-2008. (on line) > Horch, Rosemarie Erika. Quais as fontes para os mapas da Novae Insulae de Sebastian Münster, VI Reunião Internacional da História da Náutica e Hidrografia (Actas), Lisboa, 1989. >Hollman, Veronica e Lois, Carla. Geo-grafias, Paidós, 2015 >Jacob,Christian. L'Empire des cartes. Approche théorique de la cartographie à travers l'histoire. Paris: Albin Michel, 1992. Martins (e outros), O imaginário e o poético nas ciências sociais, Edusc, 2005. pp.33- 56. > Kagan, Richard L. “Arcana Imperii: Mapas, ciencia y poder en la corte de Felipe IV, » in El Atlas del rey planeta: La ‘descripción de España y de las costas y puertos de sus reinos, » de Pedro Texeira (1634) ed. Felipe Pereda and Fernando Marías (Madrid : Editorial Nerea, 2002. > Krogt, Peter van der. The Atlas Maior of Joan Blaeu, in Atlas Maior (1665), Barnes & Noble/Tachen, NY, 2006. > Latour, Bruno. "Redes que a razão desconhece: laboratórios, bibliotecas, coleções", Jacob,Cristian. O poder das Bibliotecas, Editora da UFRJ, 2000, pp. 21-44. > Lois, Carla, Mapas para a Nação, Buenos Aires, 2014 > Moraes, Antonio Carlos Robert. "Território, região e formação colonial", Ciência & Ambiente, 33. > Moretti, Franco. A literatura vista de longe: gráficos, mapas e árvores, Porto Alegre, 2008. > Mundy, Barbara. Mapping of New Spain: Indigenous Cartography and the Maps of the Relaciones Geográficas., Chicago Press, 1996. > Padron, Ricardo. The Spacious Word: Cartography, Literature and Empire in early Modern Spain, University Chicago Press. 2004. > Pedley,Mary. O comércio de mapas na França e na Grã Bretanha durante o século XVIII", Varia História, n.37, UFMG, 2007. > Safier,Neil. Measuring the New World, Chicago Press, 2009. > Santos, Douglas. A reinvenção do espaço, Unesp, 2002. > Teixeira, Dante Martins Teixeira. “A ‘America’ de Jodocus Hondius (1563-1612): um estudo das fontes iconográficas, Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, n.46, 2008. > Woodward, David. "Techniques of map engraving, printing and coloring in the European Renaissance ", in J. Harley. Cartography in European Renaissance, The University Chicago Press, 2007. pp.591-610.