O propósito central do curso é oferecer um panorama das diferentes técnicas e problemáticas discutidas na pesquisa comparada no âmbito da ciência política. Privilegia-se o aspecto metodológico, sendo as meras compararções entre países, regiões, políticas públicas, etc. apenas relevantes para fins exemplificativos. Nesse sentido, os temas abordados são os seguintes: qual a razão de comparar? O que comparar? Como comparar?
O propósito central do curso é oferecer um panorama das diferentes técnicas e problemáticas discutidas na pesquisa comparada no âmbito da ciência política. Privilegia-se o aspecto metodológico, sendo as meras comparações entre países, regiões, políticas públicas, etc. apenas relevantes para fins exemplificativos. Nesse sentido, os temas abordados são os seguintes: qual a razão de se comparar? o que comparar? como comparar? O aluno, portanto, deve entender que sua participação assim como sua avaliação estará mais relacionada a questões metodológicas do que a questões relativas ao próprio conhecimento dos casos discutidos.
O curso é dividido em duas partes. A primeira parte do curso discute alguns problemas de método. Aqui se pretendem focar alguns aspectos metodológicos relevantes para comparação quais: o problema da definição dos conceitos; a lógica causal; o estudo de caso. A segunda parte do curso tem um propósito mais analítico tentando levar em conta como os pesquisadores aplicam de fato as ferramentas metodológicas para a compreensão dos fenômenos políticos-sociais. Com vista nisso, foram selecionados três grandes temas amplamente debatidos na academia internacional e nacional: 1) as democracias (classificação e tipos); 2) os efeitos das instituições (com um foco sobre sistema eleitoral e a contraposição parlamentarismo/parlamentarismo); 3) as instituições como variáveis dependentes (estudando o aspecto da gênese, evolução e mudança institucional). O aluno tem uma notável carga bibliográfica. Importante frisar que, pelo fato do curso abordar problemáticas complexas, amplas e às vezes pouco discutidas na academia brasileira, parte das leituras serão oferecidas em língua inglesa ou, quando possível, em espanhol.
PARTE 1: QUESTOES METODOLOGICAS. AULA 2. O METODO COMPARADO EM CIENCIA POLITICA. Questão central: a comparação como método. Temas discutidos: 1) definição de método comparado; 2) visão alternativa de Laitin; 3) o método comparado na ciência política (método estatístico, formal, estudo de caso); 4) convergências e divergências. • Laitin David, (2002), “Comparative politics: the State of the Subdiscipline”, in Katznelson Ira e Milner Helen V., Political Science. State of Discipline, Norton, New York, pp. 630-651;AULA 3. CASOS, GENERALIZAÇÕES E TEORIAS. Questão central: a lógica da causalidade na ciência política (causalidade e inferência). Tema abordados: 1) escopos nomoteticos, generalizações, teorias; 2) definição de inferência causal; 3) dois modelos de inferência causal (para dados observados e como mecanismos causais); 4) debate entre estudos qualitativos e quantitativos. • Gerardo L. Munck (2007), Agendas y estrategiasde investigación en el estudio de la política latinoamericana, Revista de Ciencia Politica, a. 27, n. 1: 3-21 AULA 4. MENSURANDO CONCEITOS. Questão central: a operacionalização das variáveis e a mensuração dos conceitos. Exemplo utilizado: definição de parlamentarismo/presidencialismo• Lijphart (2003), Modelos de democracia, Civilização brasileira, pp. 141-151;• Shugart e Carey (1992), Presidentes and Assemblies, cap. 2• Amorin Neto O. (2006), Presidencialismo e governabilidade nas Américas, FGV, pp. 21-26;SEMINARIO 1AULA 5. ESTUDO DE CASO (ou N limitado). Questão central: o estudo de caso como estratégia de pesquisa na política comparada. Temas discutidos: 1) O que è um caso? 2) Como o pesquisador seleciona os casos para sua análise? 3) Quais métodos são utilizados para o estudo intensivo de um caso? 4) Os cânones de Mills; 5) O que o pesquisador pode concluir sobre o fenômeno investigado? • Skocpol Theda (1979) Estados e revoluções sociais analise comparativa da Franca, Rússia e China. (alguns capítulos)AULA 6. INFERÊNCIA CAUSAL. Questão central: a inferência causal apresentação das diferentes técnicas quando N for elevado. Temas discutidos: 1) Condições de necessidade e suficiência; 2) álgebra booleana e fuzzy analise; 3) inferência causal e método estatístico • O texto será escolhido durante o curso. SEMINARIO 2PARTE 2: TEMAS EM POLÍTICA COMPARADATEMA 1 ESTUDANDO A DEMOCRACIA. AULA 7. O QUE É A DEMOCRACIA. Aspecto metodológico discutido: estratégias classificatórias para o tratamento dos regimes políticos. Temas tratados: 1) definição de democracia (estratégia dicotômica; estratégia gradativa); 2) indicadores presentes na literatura (Polity; Vanhanhe, Alvarez et ali, Freedom House, Bollen); 3) críticas e propostas alternativas (abordagem mista); 4) as diferenças entre os indicadores quando se busca predizer um fenômeno. • Sartori (1994) A teoria revisitada da democracia, vol. 2,pp. 246-250. • Sartori (1970) Democracia o que é? Leituras para a prova. Tema: o conceito de democracia. • Elkin (2000) Gradations of Democracy? Empirical Tests of Alternative Conceptualizations, American Journal of Political Science, • Lijphart, (2003), Modelos de democracia, Civilização brasileira, pp. 51-54;• D Collier, R Adcock (1999), Democracy And Dichotomies: A Pragmatic Approach to Choices about Concepts, Annu. Rev. Polit. Sci,SEMINARIO 3AULA 8. MODELOS DE DEMOCRACIA. Aspecto metodológico discutido: estratégias classificatórias para o tratamento da democracia. (classificações, tipologias, estratégias polares, tipologias múltiplas). Tema discutido: a distinção clássica entre democracias consensuais e modelo Westminster à luz do caso brasileiro.• Lijphart (2003), Modelos de democracia, Civilização brasileira, pp. 17-23;• ANDEWEG, Rudy B. Consociational Democracy. Annual Review of Political Science, vol. 3, pp. 509-536, 2000.Leituras para a prova. Tema: o funcionamento das relações executivo-legislativo em democracias majoritárias e nas consensuais.• ARMIGEON, Klaus. The effects of negotiation democracy: A comparative analysis. European Journal of Political Research, vol. 41, no. 1, pp. 81-105, 2002.• BOGAARDS, Matthijs. The Uneasy Relationship Between Empirical and Normative Types in Consociational Theory. Journal of Theoretical Politics, vol. 12, no. 4, pp. 395-423, 2000.• COLAZINGARI, Silvia; ROSE-ACKERMAN, Susan. Corruption in a Paternalistic Democracy: Lesson from Italy to Latin America. Political Science Quarterly, vol. 113, no. 3, pp. 447-470, 1998.SEMINARIO 4TEMA 2: OS EFEITOS DAS INSTITUIÇÕES AULA 9. A INFLUÊNCIA DOS SISTEMAS ELEITORAIS. Aspecto metodológico discutido: a construção de uma teoria causal. Tema discutido: o que determina o número de partidos? • Cox, Gary (1997), Making votes count: strategic coordination in the world’s electoral systems (alguns capitulos)Leituras para a prova. Tema: sistemas eleitorais e número de partidos• Amorim Neto e Cox Gary (1997), Electoral institutions, cleavage structures, and the numbers of parties. Am. J. Polit. Sci. 41 (1): 149-74• AULA 10. TEORIA DAS COALIZÕES: ENTRE O PRESIDENCIALISMO E O PARLAMENTARISMO Aspecto metodológico discutido: veto players. estudo das dinâmicas de interação entre governo/executivo e parlamento (teoria das coalizões). A aula será voltada para o entendimento da formação, duração e crise dos governos. • TSEBELIS, Georg. (1995), "Decision making in political systems: veto player in presidentialism, parliamentarism, multicameralism and multiparlyism". Britisb Journal of Political Science, 25: 289-325 [publicado em Revista Brasileira de Ciências Sociais, 12, 34, sob o título de "Processo decisório em sistemas políticos: veto players no presidencialismo, parlamentarismo, multicameralismo e pluripartidarismo"]. Leitura para a prova. Tema: os poderes dos presidentes e dos primeiros ministros• Tsebelis (2001), Veto players, cap. 3 e 4TEMA NÚMERO 3: AS INSTITUIÇÕES COMO VARIÁVEIS DEPENDENTESAULA 11. ENTRE A GENESE E A EVOLUÇÃO INSTITUCIONAL. Aspecto metodológico discutido: as noções de path e process tracing. Tema tratado: foco sobre a teoria de Douglas North.• Gala Paulo (2003), “A teoria institucional de Douglass North”, Revista de Economia Política, vol.23, n. 2: 89-105;• Przeworski, Adam. “A última instância: as instituições são a causa primordial do desenvolvimento econômico?”. Novos estudos CEBRAP, Jul 2005, no.72, p.59-77.Leituras para a prova. Tema: a evolução institucional em D. North• North, (1990), Instituições, mudança institucional e performances econômicas (vários capítulos)AULA 12. A MUDANÇA INSTITUCIONAL. Questão metodológica discutida: teorias instrumentos para o estudo da mudança institucional. Temas tratados: 1) conceito de equilíbrio institucional (punctuated equilibrium; self-enforcing), 2) conceito de path e instrumentos analíticos para “observa-lo”, 3) o papel das idéias. Caso examinado na aula: a escolha dos sistemas eleitorais.• Benoit (2007), Electoral laws as political consequences: explaining the origins and change of electoral institutions, Ann. Rev. Pol. Sci., pp.363-390Leitura para a prova: a escolha dos sistemas eleitorais• Boix Charles (1999), “Setting the rules of the game: the choice of electoral systems in advanced democracies”. American Political Science Review, vol.96 (3): 481-493• Olavo Brasil de Lima Jr. (1999), “Reformas de sistemas eleitorais: mudança, contextos e conseqüências”, Dados, vol. 42, n. 1