Com o fim do Estado Novo, o Brasil ingressa na era da democracia de massas. Até então, além de as eleições não serem competitivas, os eleitores eram uma parte pouco expressiva da população nacional. Apenas cerca de 3% elegeu a Constituinte de 1934. A incorporação das mulheres ao voto, assim como a crescente escolaridade, aumenta o eleitorado, que passa, em 1945, de 13% da população a 23% em 1960. Para organizar esse eleitorado de massa, surgem partidos nacionais (com destaque para PSD, UDN e PTB), os quais são extintos pela ditadura militar em 1965, mas acabam encontrando guarida nas agremiações autorizadas pelo regime (ARENA e MDB). Tanto a experiência pluripartidária anterior quanto a bipartidária até 1979 serão influências decisivas sobre o sistema partidário atual (com destaque para PMDB, PT e PSDB), que nasce no período da transição democrática. Desde 1989 o país vive a sua mais extensa e inclusiva experiência democrática, tendo incorporado os analfabetos ao voto em 1985, chegando a mais de 50% de eleitores sobre a população. O curso tem por objetivo estudar as grandes transformações pelas quais passaram, entre 1945 e 2010, eleitores e partidos na que é hoje uma das maiores e mais complexas democracias do mundo.
O curso parte das análises clássicas sobre o período populista, buscando apreender a lógica que presidiu o comportamento de partidos e eleitores no período 1945-1964. Em seguida, faz uma análise da experiência autoritária com vistas a compreender o impacto da urbanização e a gênese do PMDB, um dos partidos relevantes no sistema contemporâneo. Por fim, há um esforço de interpretar o jogo partidário e eleitoral desde 1989, com vistas a esclarecer aspectos centrais da democracia brasileira atual.
Os partidos na democracia de 1946: origem e desenvolvimentos.Representação política e processo eleitoral: coronelismo e populismo.Partidos e eleições no modelo autoritário brasileiro pós-64. Clivagens partidárias e eleitorais na transição para a democracia.Ideologia, identificação e economia nas eleições presidenciais de 1989 a 1998.A base social dos partidos conservadores. A trajetória do PT: de partido inovador a partido de governo.A questão do centro no sistema partidário brasileiro.Mudanças e continuidades nas eleições presidenciais de 2002 e 2006. Eleições e representação política no Brasil contemporâneo.
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