A disciplina tem por objetivo introduzir o aluno no estudo sociológico da violência, abordando seu conceito; imagens, representações e significados da violência; os fatos e acontecimentos contemporâneos; as correntes e hipóteses explicativas mais relevantes n domínio das ciências sociais. Com base em bibliografia especializada, a disciplina enfoca o modo sociológico de pensar a violência, enfatizando as relações entre saber e conhecimento, sociedade, Estado de Direito, democracia, direitos humanos, justiça e controle social, vivências e significações. A disciplina igualmente estará voltada para a discussão de casos e para tratamento de documentos de várias naturezas. Pretende-se, neste semestre, reavaliar a hipótese, formulada originalmente por Michel Wieviorka, para quem, no último quartel do século XX, surge um novo paradigma da violência associado a mudanças globais, em quatro níveis – sistema internacional, Estados nacionais, mutações societais, o individualismo contemporâneo – as quais alteram percepções e representações e inclusive as teorias explicativas no domínio das ciências sociais.
O conceito de violência e seus marcos históricos; cidadania, justiça social e direitos humanos. Perspectivas teórico-metodológicas: a vertente liberal, a vertente marxista, a vertente hermenêutica; por uma genealogia da violência na história. Perspectivas analíticas. A violência na pesquisa brasileira em ciências sociais
1. Fatos, acontecimentos e representações. 2. O conceito de violência: eixos teórico-metodológicos 3. O processo civilizatório moderno e o monopólio estatal da violência 4. Lei e ordem, controle social do crime e punição 5. Direitos Humanos, emancipação e liberdade 6. Guerra, revolução e desobediência civil 7. Terror, genocídio, tortura 8. Diferenças, desigualdades, hierarquias 9. Violência e linguagens contemporâneas
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