Levar o aluno a um conhecimento histórico-crítico das concepções psicológicas sobre o sofrimento humano, levando em consideração as construções genealógicas, conceituais e técnicas envolvendo o desenvolvimento do campo psi, das psicopatologias e das psicoterapias, sempre com uma localização espaço-temporal, social, cultural e políticas das mesmas.
A disciplina visa apresentar a história da psicologia clínica de modo histórico crítico e contextualizado, trazendo suas discussões para a área da psicologia, da saúde mental e das práticas que envolvem a subjetividade no Brasil. O programa apresenta textos, autores e pesquisas sobre as transformações das noções de normalidade a partir do desenvolvimento das práticas clínicas no ocidente, de seus correlatos antropológicas que implicam a alteridade de outras áreas culturais, chegando até problemáticas contemporâneas e críticas envolvendo as noções de sofrimento de sua relação com a cultura, as instituições e o político. Por fim, salienta-se os terrenos mais recentes de intervenção e a extensão das práticas clínicas em psicologia, voltadas à subjetividade, no tocante às questões sociais contemporâneas.
- A clínica enquanto espaço de olhar e inclinação ao outro. - Discursos sobre o normal, a normalidade e os anormais. - A emergência dos movimentos críticos à psiquiatrização; os processos de desinstitucionalização e a invenção do campo da saúde mental. - Pathos, sofrimento, sociedade e cultura. - O pacto de classe e a dimensão sociopolítica do sofrimento. - Cultura, concepções de sofrimento e vulnerabilidade social: questões étnico-raciais e de gênero. - Etnopsicologia e da etnopsicanálise: concepções de doença, cura e tratamento pela cultura e religião. - Catástrofes, desastres e situações extremas (pandemia, ecologia). - Fenômenos religiosos tradicionais e contemporâneos e o cuidado de si. - Sofrimento e saberes tradicionais. - Infância, família e trabalho clínico em rede. - Práticas em território, questões sobre diagnóstico, avaliação e modalidades de intervenção.
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