Considerando que o sofrimento psíquico apresentado em nossa contemporaneidade convoca os psicanalistas à reflexão acerca de modalidades inéditas de escuta e de intervenção norteadas pela ética do cuidado no encontro intersubjetivo, a disciplina pretende indicar a importância crescente do conceito de intersubjetividade no entendimento da constituição do campo transferencial-contratransferencial, tanto por Sigmund Freud quanto por alguns dos seus principais interlocutores, com destaque para Sándor Ferenczi, D. W. Winnicott, Bion, Thomas Ogden, René Kaës e autores da psicanálise vincular argentina. Além disso pretende-se investigar a influência dos impasses encontrados pela prática clínica sobre a produção teórica em psicanálise, e o papel detido pelas concepções de intersubjetividade nas modificações dos estilos de psicanalisar encontrados no campo psicanalítico.
A disciplina objetiva apresentar uma compreensão intersubjetiva da psicanálise contemporânea, quanto a aspectos teóricos e clínicos; discutindo conceitos específicos da teoria da técnica, contribuindo para instrumentalizar o aluno para os atendimentos individuais, de casal, família e grupos.
- A virada de 1928: Ferenczi e os princípios para uma ética do cuidado em psicanálise - O problema da empatia - Regressão Thalássica, regressão à dependência e o brincar compartilhado - Trauma e perlaboração - Da lógica contratualista em Freud às alianças inconscientes em René Kaës - Pactos denegativos e contratos narcísicos no trabalho analítico com grupos - Quando analistas trabalham em equipe: a problemática da intertransferência - O conceito de transmissão psíquica e a clínica de casal e família - A noção de vínculo e os settings possíveis para o atendimento familiar - Alcances e limites na clínica familiar - O uso clínico da identificação projetiva - Identificação projetiva e contratransferência - A inveja na análise e a reação terapêutica negativa - O conceito de terceiro analítico e de campo analítico
Castanho, P. O conceito de alianças inconscientes como fundamento ao trabalho vincular em psicanálise. Estudos Interdisciplinares em Psicologia, v. 6, p. 92, 2015. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2236-64072015000200007 Castanho, P. Sobre o conceito de Intertransferência (ou a contribuição de René Kaës para a problemática da contratransferência no trabalho em equipe). Jornal de Psicanálise, v. 87, p. 111, 2015. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/jp/v48n88/v48n88a09.pdf Cintra, E.M.U.; Tamburrino, G. e Ribeiro, M.F.R. (2017) Para além da contratransferência. O analista implicado. São Paulo: Zagodoni Ferenczi, S. (1992). Psicanálise IV. São Paulo: Martins Fontes. Freud, S. (1980). Edição standard brasileira das obras completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago. Gomes, I. C. Psicanálise de Família e Casal: Novos constructos teóricos? IN: Gomes, I.C.; Fernandes, M.I.; Levisky, R.B. (Orgs.). Diálogos Psicanalíticos sobre Família e Casal. Vol. 1. São Paulo: Zagodoni Editora, p. 48- 56, 2012. Gomes, I. C.; Levy, L. Indicações para uma Terapia de Casal. Vínculo: São Paulo, v.1, p.13- 21, 2010. Gomes, I.C.; Levy, L. (cols.). Atendimento Psicanalítico de casal. São Paulo: Zagodoni Editora, 2013. Kupermann, D. (2017). Estilos do cuidado: a psicanálise e o traumático. São Paulo: Zagodoni. Kupermann, D. (2019). Por que Ferenczi?. São Paulo: Zagodoni. Ribeiro, M.F.R. (2018) Por que Klein? São Paulo: Zagodoni. Roussillon, R. (2008). La perlaboration et sés modèles. 2008. Revue française de psychanalyse, v.. 3. Winnicott, D. W. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1975.