A psicologia pode ser estudada como uma ciência de relações objetivas. Embora esta frase possa parecer um paradoxo, nesta disciplina discutimos as questões filosóficas que estão envolvidas na medida de eventos subjetivos, a qual teve sua origem na psicofísica de Gustav T. Fechner, explorando principalmente as relações funcionais entre mundo físico e subjetivo, material e mental e os problemas de causalidade presentes na teoria psicofísica. Discutiremos, também, o conceito de sensação, as expressões fisiológicas em psicologia (sob o olhar da psicolofisiologia sensorial) e a epistemologia da consciência. Como conclusão, apresentaremos criticamente os princípios teóricos e filosóficos da medida e porque não há paradoxo na expressão “quantificação subjetiva”. Esperamos que ao final da disciplina, o aluno seja capaz de reconhecer o estudo objetivo da mente humana como uma das principais tarefas da ciência psicológica e, com base na psicofísica, como uma ciência descritiva e explicativa da experiência primária.
1. Introdução à medida Psicofísica. Histórico e teorias. 2. Teoria e Método Científico 3. Uma epistemologia para o estudo da consciência 4. A Natureza Psicofísica 5. Monismo reflexivo 6. Definição de medida 7. Epistemologia da medida 8. Psicologia como ciência propedêutica 9. Psicologia como ciência de relações objetivas 10. Medidas psicológicas 11. Teoria de Escalas de Medida 12. A Medição de Valor
Como ciência, a Psicologia sempre buscou identificar relações objetivas nos estudo da Consciência. Esta disciplina se apresenta como um espaço de discussão que antecede questões práticas e estatísticas com relação à tensão entre medidas e avaliações qualitativas versus quantitativa, oferecendo suporte filosófico para se compreender a Psicologia como uma ciência de relações objetivas. Embora possa parecer paradoxal o estudo do objetivo da consciência, o entendimento dos fundamentos históricos e filosóficos do que é medida, sua evolução e da capacidade de estudos quantitativos da mente humana são hoje uma realidade cada vez mais crescente e é neste espírito que apresentados esta evolução filosófica e teórica continuada de maneira direta. A disciplina se inicia posicionando filosoficamente o aluno no que é medida, na epistemologia da consciência e sua natureza monista psicofísica. Avança-se para o conceito de monismo reflexivo que atualmente, explica de forma lógica a relação entre eventos mentais e origem física. A partir deste ponto, caminhamos mais objetivamente para a condição propedêutica da psicologia, sua atuação primária como ciência de relações objetivas e terminamos em estabelecer os princípios de media e escalas que, tendo origem na Psicologia, são as bases das compreensões da natureza das dimensões métricas, sejam elas mentais ou físicas. Terminamos a disciplina ampliando o aspecto de medida em psicologia desvinculando a necessidade de se ter elementos relacionais físicos. Esta disciplina tem não somente um aspecto básico ligado à psicologia como ciência, mas apresenta argumentos filosóficos e teóricos sobre medidas gerais em Psicologia e, assim, contribui para o entendimento das bases e conceitos por detrás dos testes e avaliações que a sustentam.
Leitura Obrigatória: 1. Bergmann, G. And Spence, K.W. The Logic Of Psychophysical Measurement. The Psychological Review. 51: 1-24, 1944. 2. Anderson, N.H. Functional Measurement And Psychophysical Judgment. The Psychological Review. 70: 153-170, 1970. 3. Finkelstein, L. And Leaning, M.S. A Review Of The Fundamental Concepts Of Measurement. Measurement. 2: 25-34, 1984. 4. Thurstone, L.L. Psychology As A Quantitative Rational Science. Science. 85: 227-231, 1937. 5. Velmans, M. (1990) Consciousness, brain, and the physical world. Philosophical Psychology, 3, 77-99. 6. Barry Kantowitz, Henry Roedinger & David G. Elmes (2009). Experimental Psychology. 9ª ed. Wadsworth, Cengage Learning, Belmont, CA, USA. Leitura Complementar: 1. Mari, L. Epistemology Of Measurement. Measurement 34: 17–30, 2003. 2. M.Velmans & S.Schneider (eds) (2007) The Blackwell Companion to Consciousness. New York: Blackwell, pp 711-725. 3. Jack, A and Roepstorff, A. (eds.) ( 2004) Trusting the Subject? Volume 2: The Use of Introspective Evidence in Cognitive Science, Exeter, UK: Imprint Academic. 4. Luce, R.D. and Suppes, A. Representational Measurement Theory. In Steven’s Handbook of Experimental Psychology. 3rd edition, Volume 4, Chap. 1, p-1-41. New York, Willey. 2001. 5. Velmans, M. (1991a) Is human information processing conscious? Behavioral and Brain Sciences, 14(4), 651-669. 6. Dennett, D. (2003) Who’s on first? Heterophenomenology explained. Journal of Consciousness Studies, 10(9-10), 10-30.